Havia um rei muito poderoso que tinha tudo na vida, mas sentia-se
confuso. Resolveu consultar os sábios do reino e disse-lhes:
- Não sei por que sinto-me estranho e preciso ter paz de espírito.
Preciso de algo que me faça alegre quando estiver triste e que me
faça triste quando estiver alegre.
Os sábios resolveram dar um anel ao rei, desde que o rei seguisse
certas condições:
- Debaixo do anel existe uma mensagem, mas o rei só deverá abrir o
anel quando ele estiver num momento intolerável. Se abrir só por
curiosidade, a mensagem perderá o seu significado. Quando TUDO
estiver perdido, a confusão for total, acontecer a agonia e nada
mais se puder fazer, aí o rei deve abrir o anel.
O rei seguiu o conselho. Um dia o país entrou em guerra e perdeu.
Houve vários momentos em que a situação ficou terrível, mas o rei
não abriu o anel porque ainda não era o fim. O reino estava perdido,
mas ainda podia recuperá-lo. Fugiu do reino para se salvar. O inimigo
o seguiu, mas o rei cavalgou até que perdeu os companheiros e o
cavalo. Seguiu a pé, sozinho, e os inimigos atrás; era possível ouvir
o ruído dos cavalos. Os pés sangravam, mas tinha que continuar a
correr. O inimigo se aproxima e o rei, quase desmaiado, chega à beira
de um precipício. Os inimigos estão cada vez mais perto e não há
saída, mas o rei ainda pensa:
- Estou vivo, talvez o inimigo mude de direção. Ainda não é o momento
de ler a mensagem..
Olha o abismo e vê leões lá embaixo, não tem mais jeito. Os inimigos
estão muito próximos, e aí o rei abre o anel e lê a mensagem: "Isto
também passará".
De súbito, o rei relaxa. Isto também passará e, naturalmente, o
inimigo mudou de direção. O rei volta e tempos depois reúne seus
exércitos e reconquista seu país. Há uma grande festa, o povo dança
nas ruas e o rei está felicíssimo, chora de tanta alegria e de repente
se lembra do anel, abre-o e lê a mensagem: "Isto também passará".
Novamente ele relaxa, e assim obtém a sabedoria e a paz de espírito.
Em qualquer situação, boa ou ruim, de prosperidade ou de dificuldades,
em que as emoções parecem dominar tudo o que fazemos, é importante que
nos lembremos de que tudo é efêmero, de que tudo passará, de que é
impossível perpetuarmos os momentos que vivemos, queiramos ou não,
sejam eles escolhidos ou não.
A ansiedade, freqüentemente, não nos deixa analisar o que nos ocorre
com objetividade. Nem sempre é possível, mesmo. Mas, em muitos
momentos, precipitamos atitudes que só pioram o que queríamos que
melhorasse, e é na esfera dos relacionamentos amorosos que isso ocorre
quase sempre.
A calma, conforme o ditado popular, pode ser o melhor remédio diante
daquilo que não depende de nós... Manter as emoções constantemente sob
controle é pura fantasia e qualquer um já viveu a sensação de pânico
ao perceber que o que mais se valoriza está escapando por entre os
dedos.
"Dar tempo ao tempo" não é sintoma de passividade, mas de sabedoria
na maior parte dos casos.
Célia Gozzi
Enviada por Cibele - Mensagem da Paz
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