Um lenhador que trabalhava à margem de um rio deixara seu machado cair dentro da
água.
Desconsolado, ele chorava, sentado na areia.
Ao saber de seu infortúnio, Hermes teve pena dele e mergulhou no rio. Trouxe-lhe
um machado de ouro.
- É o teu? - perguntou ao lenhador
- Não. - respondeu o homem.
Hermes mergulhou de novo e voltou com um machado de prata.
- Não, não é esse. - respondeu o homem.
Hermes mergulhou pela terceira vez e trouxe um machado de lenhador.
- Sim, é esse. - disse o homem.
Diante de tal honestidade, Hermes deu os três machados a ele.
O lenhador foi contar a história a seus amigos. Um deles quis ver se aquilo era
mesmo verdade. Foi até a beira do rio e jogou seu machado na água. Depois se
sentou e começou a se lamentar. Hermes lhe apareceu e, ao saber o porque de suas
lágrimas, mergulhou no rio. Mais uma vez, voltou com um machado de ouro e
perguntou se era aquele o que tinha perdido. E o homem, os olhos brilhando de
satisfação:
- Sim, é esse, sem dúvida.
Tal descaramento desagradou demais ao deus, que não só guardou o machado de ouro
mas também o outro.
O homem correto é protegido, sempre.
O desonesto não merece prêmios.
Fábulas de Esopo - Tradução de Antônio Carlos Vianna
<< O menino das meias vermelhas
Os viajantes e a ursa >>