FUTURO PERFEITO
 
Era uma vez uma máquina chamada Futuro Perfeito. Algo espantoso, último grito da 
tecnologia moderna. Um artefato que realizava verdadeiros milagres.

Colocando, por exemplo, uma xícara de café no dispositivo apropriado, saía outra 
xícara de café, exatamente igual à original, com um detalhe: não tinha sabor. Ao 
colocar nela uma jarra de água cristalina, com cubos de gelo, saía cópia igual. 
Mas a água não matava a sede.

Entusiasmados com o prodigioso invento, seus criadores multiplicaram as 
experiências, conseguindo fotocopiar pessoas. A perfeição obtida era tão grande 
que se tornava impossível distinguir o original da cópia. Cedo perceberam, no 
entanto, que aquelas figuras eram desumanas, não tinham sentimentos, não sabiam 
amar nem refletir...

Um grupo de banqueiros e industriais milionários apresentou-se para comprar, a 
qualquer preço, a máquina Futuro Perfeito. Traziam bilhões e bilhões de dólares 
para fechar o negócio espetacular, que terminou não acontecendo. 

Desiludidos com sua máquina semi-milagrosa, os cientistas destruíram-na  na 
calada da noite. Tristes, frustrados, haviam chegado a melancólica constatação 
de que tudo era perfeito na fotocopiadora revolucionária, mas faltava o 
essencial: suas cópias eram desprovidas de alma, sopro existencial, sentimento, 
calor humano. A centelha de Deus.             


Roque Schneider
Enviado por Regina Suppi (Concórdia SC)
Visitante de Fonte Para Reflexão


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