Era uma vez um Rei muito vaidoso. Esquecia seus súditos, gastando fortunas
para satisfazer caprichos pessoais. Um dia anunciou que doaria generoso
prêmio a quem trouxesse, na palma da mão, alguma coisa que representasse o
seu poder.
No tempo marcado, apareceram os candidatos.
O primeiro colocando-se diante do Rei abriu a mão e - oh! - nela estava
bela miniatura de uma coroa de ouro, toda cravejada de pedras preciosas.
O Rei fez um muxoxo.
Outro, tomando-lhe a vez, espalmou na destra um trono, esculpido em delicado
marfim e terminado em artísticos entalhes.
O Rei sorriu lisonjeado.
Seguiram-se outros candidatos: traziam imponentes corcéis; arcas de tesouro
com jóias miniaturizadas; mantos esplendorosos. A todos, o Rei após arregalar
os olhos, determinava que passassem para o lado.
O último era um jovem.
Modestas roupas no escondiam o seu belo porte. Adiantou-se calmamente abriu
diante do Rei a sua palma.
Estava limpa e... vazia!
- como?! - indignou-se o Rei, ao ver que nada havia na mão do jovem - o que
significa isto, afinal?!
O jovem sorriu.
- Majestade - disse, fazendo ligeira reverência e continuando a mostrar a
mão vazia - toda a autoridade na Terra é uma delegação do Pai celestial e
todo poder será sempre retomado um dia. Que poderia melhor representá-lo,
perante Deus que é o seu doador? Nada melhor do que a palma da mão imaculada
como o era no dia do nascimento.
O Rei ruborizou e baixou a cabeça.
Conta-se que, a partir daquela data, o Rei entrou em meditação e passou a
ser menos generoso consigo próprio e mais devotado ao povo que lhe fora
confiado no Reino.
Retirado do livro "O peixinho azul"
Retirado do livro "O peixinho azul"
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