Numa repartição, um certo escriturário era evitado por todos.
Não que o quisessem mal, mas ninguém suportava suas perguntas, comentários e
opiniões. Achava sempre estar com a razão, e que os demais tinham de concordar
consigo.
Na dúvida, ele tinha a solução; quando precisavam de alguma idéia ele sempre
expunha a sua com convicção; e se todos estavam calados era ele o falastrão.
Sua verve apenas não superava a presunção do seu ego, o que aos poucos foram-no
deixando falar sozinho. Quando surgia no corredor, rapidamente via o caminho
limpar-se de pessoas - "certamente por respeito", era o que pensava.
Os anos passavam-se, a idade crescia, mas seu temperamento permanecia o mesmo.
E, para ele, por que mudar se os outros é que se enganavam?
Assim, foram-se findando os anos. E ele, sempre incansável, a querer se expressar.
Não que estivesse completamente errado, mas agora isso é difícil checar.
É um escriturário aposentado, falando o tempo todo consigo mesmo... no manicômio
do estado.
Autor não mencionado
Enviado por Meire - Mensagem da Paz
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