TUDO TEM SEU PREÇO
Certa tartaruga experiente e vivida, de repente, começou a se sentir inferiorizada por ser um dos animais menos ágeis e sobretudo pelo fato de precisar se arrastar para se locomover. Em pouco tempo, esse seu complexo foi se transformando numa inveja cada vez mais crescente.
Inicialmente ela se conformava em ser, ao menos, como a lagartixa ou a salamandra, que podem correr e fugir numa velocidade incrível... Todavia, depois de algum tempo ela estava convencida de que esses animais são insignificantes, comuns. Ninguém os vê e nem se interessam por eles. O que ela realmente gostaria é de ser um lobo ou um tigre. Estes, além do porte, são sagazes, vivos, inteligentes. Entretanto, após passados mais alguns dias, já a tartaruga começou a achar que, apesar das qualidades atribuídas ao tigre e ao lobo, eles não eram animais absolutamente elegantes! Era, então, preferível não ser tão esperta mas ser atraente e elegante, ao ponto de chamar a atenção até dos mais distraídos e indiferentes. Agora já não era apenas a inveja que tomava conta da infeliz tartaruga, mas também a vaidade.
Foi aí que ela desejou muito ser uma girafa. Imponente, elegante e com a vantagem de se sobressair no meio de qualquer grupo! Bem... Afinal, tudo isso não passava de castelos no ar. Na realidade, seria impossível essa transformação e ela teria mesmo é de continuar sendo uma tartaruga. Embora ciente disso, continuou fazendo planos.
Um dia avistou-se com uma águia que rondava uma presa e lhe rogou que a levantasse nos ares, o mais alto que pudesse. A águia, compadecendo-se dela, segurou-a firmemente com suas garras e a levantou acima das nuvens. Sentindo-se assim em nível tão superior, tão acima de qualquer outro animal, a tartaruga, cheia de vaidade, exclamou:
- Quão desprezíveis me parecem agora todos os animais da terra. Com quanta inveja estarão eles a me contemplarem tão acima deles!!!
Antipatizada por toda aquela arrogância e presunção mesquinha, a águia, num vôo mais rápido, desprendeu a tartaruga de suas garras, deixando que a arrogante se precipitasse sobre um penhasco, reduzindo a sua cobertura em cacos.
Todas as pessoas afortunadas que se envaidecem por se sentirem colocadas na mais alta posição, e especialmente quando olham com desprezo para os menos favorecidos, correm sempre o risco de caírem reduzidas à mais penosa miséria.
Autor não mencionado
Enviado por Paulo Barbosa - Novos Mensageiros
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