DESENCONTRO
É uma data especial. Maria quer algo de José. Para ela, isso significa que José a ama. Maria espera ansiosamente tal gesto de "amor".
José é um homem bom e trabalhador. Pensou no que agradaria à Maria e deu-lhe um ventilador.
Maria queria flores. Ganhou ventilador. Pendurou a "tromba".
José não a compreendeu. Esperava alegria e sorriso. Recebeu um desagradável mau humor.
É sempre assim, pensam ambos, e novamente não se conversam.
Maria, na sua carência de amor, espera que da próxima vez José satisfaça seus silenciosos desejos. Gosta de ganhar presentes de surpresa. Perde a chance de explicar o que deseja. É a obrigação de José perceber o que ela quer.
José não tem sensibilidade suficiente para perceber a frustração de Maria mas sofre as conseqüências. É orgulhoso demais para aprender agora com os outros o que nunca aprendeu: a linguagem dos sentimentos. Talvez nunca tivesse olhado no fundo dos olhos de Maria.
Ambos sofreram fundo cada um as suas carências.
Maria, por amor a José, continua esperando flores.
José, por amor a Maria, continua trazendo ventiladores.
Içami Tiba
Enviado por Charles Boller - Sábio
<< Pé grande, coração maior
Trem da vida >>