O CARTÃO POSTAL
Parecia que a emboscada vinha de parte nenhuma e vinha de todos os lugares. Meus parceiros de pelotão e eu fomos pegos nos movendo pelos arbustos, perto de Hiep Douc no Que San Vale - Vietnã do Sul. Era 20 de agosto de 1969 e, como sempre, estava quentee úmido.
De repente, os sons dos rifles de assalto AK47 dos inimigos encheram o ar. Estava misturado com um som diferente, o de uma metralhadora mais pesada. Acrescentando-se ao estrondo estavam os gritos do sargento do pelotão para devolvermos o fogo. CompanhiaC da 196ª Brigada de Infantaria estava em dificuldades.
De repente, senti como se alguém tivesse me dado uma pancada com um taco de beisebol na coxa esquerda. Depois eu ouvi o estrondo de uma explosão de granada, e o taco de beisebol bateu novamente e mais forte, desta vez triturando me pé e minha perna direita.
Minhas lembranças depois disso é de rastejar e rastejar - por um tempo que me pareceu uma eternidade. Eu calculei depois que a jornada durou seis horas.
Depois de socorrido, por causa de minhas feridas me levaram para Tóquio onde os médicos me contaram que eu tinha quase perdido meu pé direito e que eu nunca mais jogaria futebol americano. Eles me informaram e eu fui dispensado com 40 por cento de inaptidão.
Não eram boas notícias. Futebol americano sempre fora a minha vida e meu sonho.
Era um tempo difícil para mim. Ferido e deprimido, eu tentei contemplar um futuro sem o futebol americano. Então eu recebi um cartão postal de Art Rooney, o dono do Steelers (time de futebol maericano). E ele apenas escreveu: "Nós o veremos quando você voltar".
Palavras tão simples, mas o impacto delas foi forte e imediato. Eu resolvi que estaria de volta - eu lutaria com todas as minhas forças. A primeira coisa era aprender a caminhar novamente com o que sobrou de meu pé direito.
Com muita paciência e resolução que eu nem sabia que tinha, eu tive sucesso. Em 1970, voltei ao Steelers e fui colocado no departamento médico. Antes do ano seguinte, eu estava no time. Em 1973, eu fiz alguns jogos especiais. Aquele ano, eu recomecei a correr. Em 1974, estava correndo ainda, mas agora usava a camisa número 20 do Steelers.
Nós ganhamos a Super Taça daquele ano. Ganhamos novamente em 1975, 1978 e 1979.
Em 1980, eu me retirei do futebol americano, tendo - contra todas as probabilidades - vivido meu sonho. Eu tentei agradecer a Deus por minha excepcional segunda chance servindo como voluntário em uma fundação de assistência aos veteranos do Vietnã e me envolvendo com atividades para crianças com deficiência física. Eu também fiz palestras esperando inspirar outras pessoas a superarem qualquer obstáculo que pudesse impedir o caminho delas.
Em minhas conversas, eu falo sempre para as pessoas sobre Art Rooney cuja fé em mim foi contagiosa. Contanto que eu viva, não acredito que encontre fórmula mais inspiradora do que a frase simples escrita no verso daquele cartão postal: "Nós o veremos quando você voltar".
Tradução e adaptação de SergioBarros sobre texto de Rocky Bleier/David Eberhart
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