Numa cidadezinha do interior havia uma escola com uma única classe e uma única professora.
Ela lecionava para todas as crianças da cidade. Ela amava as crianças e as crianças também a amavam muito.
No dia do mestre, as crianças estavam agitadíssimas, cada uma querendo entregar primeiro o seu presente à professorinha: os filhos do dono da chácara trouxeram uma cesta de frutos, cada um mais bonito e cheiroso que o outro; os dois ruivinhos, filhos
do dono da granja, trouxeram uma boa quantidade de ovos; a menina gorduchinha, filha do cozinheira, trouxe um belo de um bolo; os três pequerruchos da Fazenda União trouxeram um cabrito e o menino-índio, único índio na escola, lhe deu uma concha.
A professorinha ficou encantada com o nacarado da concha e colocou-a logo no ouvido para escutar o barulho do mar que a concha reproduzia.
Ela estava embevecida quando reparou que o menino índio tinha os pés e as pernas muito empoeirados, a unha do dedão quebrada, o short, além de gasto estava sujo, a camisa molhada de suor revelava braços e mãos imundos e o rostinho - Ah! nem se fala!
- naquele rosto encardido, os olhos faiscavam de alegria.
Só no confronto com esses olhos a professora se deu conta de que a praia mais próxima estava a três horas de caminhada. Considerando a volta, isso significava seis horas de caminhada ininterrupta e perguntou ao menino:
- Mas você foi buscar essa concha para mim?
E ele respondeu:
- A caminhada faz parte do presente!
Autor não mencionado
Enviado por Angela M Crespo
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