DUAS PALAVRAS

- Se vamos à igreja, é melhor você começar a retirar a neve da entrada da garagem! Minha esposa disse enquanto eu estava tentando descobrir porque o computador parou de funcionar.

- Já vou! Respondi, reiniciando o micro pela nona vez.

- Você disse que queria ir hoje à noite. É noite de natal. Se deixarmos para amanhã nós teremos que levantar mais cedo. Você prefere isso? Ela perguntou, sabendo que sair da cama cedo quando não há nenhuma obrigação do trabalho não era uma de minhas coisas favoritas.

- Estou indo. Eu disse vestindo minha capa e as luvas, arrastando meus pés para fora. Quanto levantei a porta fui surpreendido; não bastando a temperatura cair para baixo de zero, havia um vento mais que gelado.

Eu peguei a primeira pá que encontrei e joguei-a sobre meu ombro. Com minhas narinas se congelando, eu comecei. A segunda carga levantada com a pá parecia pesar duas vezes mais que a primeira mas eu a joguei ao ar como um homem possuído. O vento bateu forte nesse momento e trouxe de volta, direto em minha cara. Eu olhei para minha esposa que, no quarto, dava uma grande gargalhada.

Quando estava quase acabando, o punho de madeira da pá agarrou em minha luva direita, soltou do cabo e voou até o jardim dos vizinhos.
- Perfeito! Eu gritei.

Por alguma razão, eu estava me sentindo pra baixo naquele feriado. Eu não sabia o que era mas eu apenas queria que acabasse logo. Eu me sentia triste e aborrecido.

- Olha a hora! Acho que você tem 20 minutos para tomar banho e barbear-se. Ah! E não se esqueça de limpar a neve atrás das orelhas. Ela disse, me lembrando do banho de neve. Eu corri para o chuveiro e comecei a praguejar todas as pessoas que vão à igreja no natal, forçando-nos a chegar 45 minutos mais cedo para conseguir um lugar para sentar.

Estávamos no carro aproximadamente cinco minutos após o fim do nosso prazo mas eu achei que conseguiria. Em minha pressa, virei o volante mais do que devia e bati a traseira na montanha de neve que eu tinha construído com minha pá quebrada.
- Maravilhoso! Eu gritei, adicionando algumas expressões que não eram certamente apropriados para alguém à caminho da igreja.

Superando todos os obstáculos, chegamos à igreja e me senti afortunado por encontrar uma vaga na extremidade final do estacionamento. Tinha dado apenas três passos quando pisei em um pedaço de gelo e fui ao chão como uma torre de cartas. Minha esposa ofereceu-me algumas palavras de conforto,
- Levanta! Lá dentro vai estar quentinho!

Finalmente conseguimos entrar. Sentamos na penúltima fileira, em uns bancos de ferro que foram colocados para aproveitar a capacidade máxima do lugar.

Definitivamente era daqueles dias em que quanto pior você fica mais coisas parecem acontecer para te derrubar. Uma senhora atrás de mim cantou tão desafinada e tão alto quanto poderia e eu comecei a sentir claustrofobia quando colocaram mais gente para dentro. O padre decidiu fazer o sermão mais longo da historia.

Veio então o sinal da paz. É o momento em que você se vira para aqueles à sua volta, cumprimenta-os e lhes diz,
- Que a paz esteja contigo.

Um senhor que estava um tanto quanto afastado, veio até mim, olhou-me nos olhos e disse,
- Seja feliz.

Ele poderia ter dito "Feliz Natal" como todos os outros ou o padrão "Que a paz esteja contigo", mas disse apenas as duas palavras: "seja feliz".

Ele não poderia saber como eu estava me sentindo pra baixo mas pareceu saber que estas eram exatamente as palavras que eu mais precisava ouvir.

"Seja feliz", fiquei pensando... Quanta sabedoria naquelas duas palavras. Não é o que Deus quer para nós? Naturalmente as coisas dão errado de vez em quando mas é somente um lado da moeda. Uma moeda que está sempre virando entre os bons e maus momentos.

Se nós tomarmos a decisão conscienciosa de colocar um sorriso no rosto e colocar o firme pensamento de sermos felizes em nossas cabeças, isto fará com que as coisas ruins sejam um pouco mais fáceis de se aceitar e as coisas boas muito mais agradáveis.

Tradução de SergioBarros
do texto de John Fern

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