A condição feminina nos primeiros séculos da colonização 

O tipo de colonização instalada no Brasil, que estimulava a monocultura e o latifúndio favoreceu o aparecimento e a manutenção da família patriarcal. O Senhor de Terras e escravos tinha poderes sobre todos,considerando tudo como sua propriedade, inclusive sua família. A esposa sobretudo era escrava dele e vivia para realizar-lhe os desejos. 

A preferência por filhos homens era marcante no Brasil colônia. As meninas eram criadas aprendendo a rendar, bordar e costurar. Ler, somente os rudimentos necessários a leitura do breviário. Sua existência passava-se entre o oratório e a esteira, e só saiam de casa para ir à missa. Por isso a Igreja era muito importante para as mulheres: tirava-as da monotonia da Casa Grande, e foi lá que elas desenvolveram suas relações sociais: era local de namoro, encontro e reuniões. Mas os casamentos eram feitos, na maioria da vezes, por conveniência econômica ou, em outros casos, para garantir a paz entre dois clãs. A virgindade das moças de classe era defendida a qualquer custo pelo patriarca e pelos irmãos, por representar a honra da família. O crime de desonra era a maior injúria que poderia se cometer: tornava os clãs inimigos de morte. Quando um casamento era indesejado (na maioria das vezes, interracial) a moça era mandada para um convento, que era local de refúgio de muitas mulheres: desde aquelas que entrassem em conflito com o esposo, até outras, que buscassem uma alternativa à vida na Casa Grande. 

Algumas fugiram a essa regra de submissão, como a guerrilheira Anita Garibaldi, a poetiza Narcisa Amália dos Santos, e outras tantas, desconhecidas ou não, que desempenharam funções exclusivamente masculinas numa época em que a mulher era considerada como incapaz de tudo. 

Com a vinda da família Real para o Brasil, a situação feminina melhorou sensivelmente. Os bailes, antes tidos como vergonhosos, tornaram-se comuns e a instrução feminina passou a ser de fundamental importância para a elite. Por instrução feminina entende-se: saber dançar, tocar piano, escrever e ler. Existiam, inclusive, livros especialmente escritos para o público feminino: romances água com a açúcar que não exigiam muita reflexão da parte do leitor. A instrução das jovens de posses era feita em casa, através de preceptoras européias. Aquelas menos privilegiadas mantinham-se na ignorância ou matriculavam-se nas quase inexistentes escolas normais que, além de tudo, eram de péssima qualidade. 

A primeira legislação relativa a educação feminina surgiu em 1827, e permitia apenas a criação de escolas elementares, somente de meninas, que deveria ter professoras. Criaram-se poucas escolas deste tipo, que tinham poucas alunas, visto que as aulas eram de baixa qualidade pois as professoras não tinham a instrução necessária e seus salários eram muito baixos. Havia uma gritante diferença entre o ensino ministrado aos meninos e às meninas, que era justificada pelas diferenças biológica: dizia-se que o cérebro feminino era atrofiado, e por isso elas eram menos inteligentes.

Portanto, se as mulheres do nosso passado não tivessem lutado pelos seus direitos, não acredito que estivéssemos exatamente como no período colonial, mas mais próximo disso do que da nossa liberdade e parcial emancipação atual. E é função da mulher de hoje continuar lutando para criar melhores condições às mulheres que virão. Assim com criaram para a nossa geração.  

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