IV Concurso UniABC de Poesia
Resultados – IV Concurso UniABC de Poesia (leia os 10 poemas premiados abaixo)
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Poema |
Autor – Curso |
1º |
Pedaços |
Crisley Ladeia (Letras) |
2º |
Urbanismo |
Eliel Carvalho Ferreira (História) |
3º |
Tributo à Rosa |
Laura Maria Figueiredo Bartoloni (Letras) |
4º |
A primavera do Século XXI |
Flavio Antunes Soares (Letras) |
4º |
Paranóia |
Ana Cláudia Siqueira Dias (Letras) |
5º |
Didática do Esmorecer |
Laura Lucy Dias (Letras) |
6º |
Dois pontos parágrafo |
Ademir da Silva (Ex-aluno – Letras) |
7º |
Partida |
José Carlos Basílio Júnior (Arquitetura e Urbanismo) |
7º |
Amor e ódio |
Rodrigo Marchezoni (Psicologia) |
8º |
Morte |
Angelica Fernades Navas (Ex–aluno – Letras) |
9º |
A questão do passado em minha geração |
Cristiano Alexandria de Oliveira (Letras) |
10º |
O dia em que nenhum poeta poetizou |
Mirella Costa Soares (ADM) |
MENÇÕES HONROSAS CONCEDIDAS PELA COMISSÃO ORGANIZADORA E PELOS JURADOS
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Amor e morte |
Cristiano Alexandria de Oliveira (Letras) |
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Letras |
Crisley Ladeia (Letras) |
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Ao poeta |
Flavio Antunes Soares (Letras) |
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Paisagem |
Sônia Cristina Santos Breyer (Ex- aluno – pedagogia) |
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Castigo |
Angelica Fernades Navas (Ex–aluno – Letras) |
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Paisagem Árcade |
Rita de Cássia Scocca Luckner (Letras) |
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Meu medo |
Carlos Vagner de Camargo (funcionário) |
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Simcumplicidade |
Luciane Uzelin da Silva (Letras) |
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Efêmera |
Maria Geane da Silva Bertolo (Pedagogia) |
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Reflexão |
Tania Aparecida da Cunha (Letras) |
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Dicotomia |
Cleonice Men da Silva Ramos (Ex–aluno – Letras) |
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Ser |
Susy Cristina Vieira (Pedagogia) |
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Diálogo |
Daniel Alves Marçal (Letras) |
1º Pedaços - Crisley Ladeia Restos de lembrança Resquícios de fantasia Roem as entranhas Ruminando as poesias Pedaços de amizade Poeira de estradas Panfletos de viagens Pantufas de pelúcia Saudades de uma canção Sinos da igreja antiga Silêncio no coração Sementes Secas Sem Vida Assim eu era Antes de tudo Agora - só quimera Amanhã? Nem isso 2º Urbanismo – Eliel Carvalho Ferreira Joguei no asfalto A lira dos vinte anos E esperando... Cansei Pela poesia urbana e alegre A espera de uma alma florida Entre as tristezas dos arranha-céus Há um diabo de sorriso colorido E o olhar que de tão incandescente Faz indecentes as palavras do poeta Como resposta o poema é triste Cheio de sexo, luzes e aspirações No sopro do suspiro algo se escreveu Falácias, embriaguez, luxúria, filosofia Pena não ser o gosto do doce desejo Nem a beleza da contemporânea expiação A mão pesada então segura o lenço Que de tão fino é frágil como teias Acalmam as frustrações do rude Boêmias, garrafas, palavras O sabor será sempre o mesmo Incontestável Amargo Insípido Inspiração nas presas do aracnídeo E no muro do fim da rua A única prosa é a pichação Lírica máxima dos ignóbeis Na semente do sêmen precoce O versículo foge da calçada da poesia 3º TRIBUTO
A ROSA
– Laura Maria Figueiredo Bartoloni Palavras...
palavras... palavras... Palavras
mágicas, enfáticas Faceiras,
trigueiras, desanexas, Complexas,
desconexas. Palavras
que comandam Significados
e significantes Numa
prosa fascinante Palavras
noviças Saídas
a todo instante De
um léxico constante, De
um mundo singular e inconstante Que
para entrar, Licença
tem que falar. Palavras
proseantes regidas Por
uma mente brilhante, Como
a uma Orquestra de som constante Que
bailam num ritmo inebriante, Como
transeuntes incessantes Passando
em um movimento alternante Do
complexo ao simples Do
concreto ao irreal Do
regional ao universal. Palavras
com cores, aromas e sabores. Cores
de Rosa, Aromas
de Rosa, Sabores de Rosa. 4º Paranóia - Ana Claudia Siqueira Dias Não, Saia da minha cabeça, Você não pertence a mim. Eu não sou assim! Quando penso que desistiu de habitar meus sonhos, minha vida, Logo aparece você, Para corroer minha mente, sufocar meus pensamentos. Eu me arranho, Me corto Fujo Luto. Luto em vão. Estou tornado. Queimo retratos, Misturo os fatos, Meu coração maltrato. Aperto meu corpo Fico louco, Fico frio, Cometendo mil desvarios. Mas depois que você se vai, Fico sem jeito, Sem chão. Retomo a consciência, E aplico-me penitências Daí, você, o ciúme, Esmorece e passa. Porém, sei que vai voltar, E terei novamente que Lutar, Lutar em vão. 4º A primavera do século XXI – Flavio Antunes Soares A primavera despiu-se Devido ao forte calor de sua beleza Uma falsa beleza O seu florido suor Banha a fatigada face da terra De semblante agonizante E dissimuladamente A primavera sorri. Uma flor nasce no asfalto Tão bonita e esquisita Mas instantaneamente tomba Em fatais espasmos de dor Cancerosa em suas pétalas. Chorem aqueles Que já foram tão belos um dia E que hoje encaram os espelhos de olhos vendados E rezem pela primavera Esse cadáver que recusou-se a ser enterrado E preferiu ser cremado Nos venenosos raios solares E ter suas cinzas espalhadas no ar Que os tufões sempre levam Pra passear na fumaça. 5º Didática do Esmorecer – Laura Lucy Dias A garganta seca, oca, pouca, Incessante, maçante, lancinante De tanta voz cuspida de forma louca Num vácuo de idéias flutuante. Nosso passo dado, parado, inacabado Numa desculpa discursiva, depressiva, Redundante em seu fundamento infundado, Uma mediocridade moderna e massiva. Meu sangue pouco na latrina seca... Meu gosto pouco na garganta intrínseca, Veiculada na mácula de lembrança alguma. Passar tempo, passa o eco tosco, Os dejetos de projetos ficam conosco E em nosso lugar tanto faz, nem peso e nem pluma. 6º Dois Pontos Parágrafo – Ademir da Silva Quantas vírgulas me pausam! Entre aspas, sou um só pensamento; Entre parêntesis, explico ao ponto final: Deixe-me ser reticências... 7º Amor e Ódio – Rodrigo Marchezoni Amor e Ódio é uma bela jovem De manhã seu nome é Amor Planta flores em seu jardim Rosas vermelhas te trazem calor Amor e Ódio é uma bela jovem Mas de noite seu nome é Ódio Embriagada pisa sobre o jardim Tomada pela vingança sem remorso Amor e Ódio é uma bela jovem Viva, bela e irradiante Livre para voar E surgir a qualquer instante Amor e Ódio é uma bela jovem Louca, vulgar e excitante Livre para voltar E partir a qualquer instante Amor e Ódio é assim A mesma adolescente de sempre Sente o mundo ao seu redor E sabe que o mundo lhe sente 7º PARTIDA – José Carlos Basílio Júnior Veste sua farda mais nova, Que pela mãe fora engomada. Amarra, então, as botas já engraxadas... Dispõe cuidadosamente a boina Em sua cabeça semi-raspada. Do guardo roupa, orgulhoso, retira a arma, E mala por ele arrumada. A mãe o acompanha até a estação, Tristes, aguardam a chegada do trem. Ela, com aperto no coração, Se segura para não chorar. Não querendo mostrar sua tristeza Nem a ele, nem a ninguém. Acenos pela janela do trem, E tudo que ficou na estação. A mãe, então, se derrama em lágrimas, Dizendo adeus com a mão. Do trem, olhando ao seu redor, Café e algodão é a paisagem.. A mãe acenando na estação E tudo o que ficou na imagem... Sabia que cumpria com seu dever de cidadão, Que havia alcançado a maioridade... E que trazia no peito, lá de sua terra, Uma imensurável saudade. 8º Morte – Angelica Fernandes Navas Dor que me consome a alma já cansada do meu ser. vida que já não é mais minha esquecida... terminada em poesia. 9º A questão do passado em minha geração – Cristiano Alexandria de Oliveira Aluga-se este espaço! 2809-2007 Eu realmente estou extenuado de tudo. Pego um poema romântico para ler. Saboreio alguma coisa de passado nos olhos. Efígies que não são minhas. E tudo se esvai. Habituei-me a ler o jornal. Tudo o que eu preciso está no jornal. O mundo como deve ser. O mundo visível. O mundo do jornal. Passo meus dias pensando e ruminando notícias de jornal. Para sentir-me leve... Chego a uma roda de amigos e faço explanações sobre fatos de jornal. Eu gostaria muito de estar falando sobre metafísica, Sobre questões amorosas, sobre qualquer outra coisa. Mas eu sou do tempo em que a não-notícia É nâo-diálogo. Sou do tempo em que se diz "não" para quase tudo. Um tempo controverso, Porque meus amigos pensam que isto é muito liberal. Estou esfalfado de ouvir como "aquele tempo era bom", Como as coisas pioraram, como as pessoas mudaram, E como elas eram melhores antes. Minha geração cresceu num mundo insólito. É provável que a tecnologia faça muito mudar ainda, Mudar para melhor, para mais rápido, para mais fácil. Porque o meu tempo é de mudança, Nem que seja para pior. E esses conceitos de pior ou melhor são relativos demais. Fiquem com a saudade, que a nova geração vem aí com a mudança. Queremos ser diferentes do passado. Só isso. Não importa se isto é pior ou melhor. Não importa se vamos perder valores - valores podem ser manipulados. Queremos ser novos, queremos ser outros. Podemos banir esta comparação fajuta com o passado Se nos tomarmos tão diferentes dele que nem possamos ser comparados. Isto não é vencer nem perder. É mudar. Minha geração quer insulamento total do passado, Não nos importa qualquer adjeíivo'para o passado. Se for belo, continuará belo. Se for triste, continuará triste. O passado não permite mudança. Mas os adjetivos são mutáveis. Queremos, apenas, auntenticidade. Pego um jornal. Estou cansado de tudo. Até do dia anterior. Tento memorizar os assuntos. Passo pela seção "há 150 anos atrás" com desdém. Leio sobre política, mas não tenho idoneidade para comentar. Memorizo os assuntos. Na seção de esportes, sou fálico. Deliro com as brigas entre torcidas. Sobre o caderno da cidade, crítica à pichação em muros. Mais à frente, aplausos para um novo corte de cabelo tingido por spray. Dizem que o autor é francês. Mudança. Esta palavra não me sai da cabeça. Amasso o jornal inteiro. Despejo-lhe álcool. Risco-lhe um fósforo e atiro-o pela janela. O jornal cai no salão de festas do prédio. Cai ainda em chamas, é só o segundo andar. Eu rio um pouco. erre-esse-erre-esse-erre-esse-erre-esse Mas ninguém ouviu. O jornal queima lá embaixo e, dentro de mim, uma força me acende. Fiz um ato que me diferenciasse. Não pelo jornal inflamando. Nem pelo poema que abandonei dentro dele. Muito menos por tê-lo carbonizado sem ter lido o horóscopo. Era domingo. E eu queimei o jornal sem ter Sido a seção de empregos! Então, sentei-me vagarosamente no chão... e chorei. Chorei soluçante e descompassadamente... Como um desabitado que se desprende da concepção principal da alma. 10º O dia em que nenhum poeta poetizou - Mirella Costa Soares Amanheceu triste Frio ninguém acendeu o sol as nuvens choravam uma deprimente garoa e o vento assobiava uma melancólica canção. Nas árvores os pássaros Não cantavam As flores se viram Sem beija-flor Nas praças Os Jovens não namoravam. Passou o dia veio a noite Adormeceram e ninguém sonhou No céu não tinha nenhuma estrela era uma penumbra sem luar e já passado da meia-noite em uma casa se acende uma lâmpada que reflete no céu como uma estrela Seria alguém a fazer poesia? Era um poeta procurando uma rima.
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OS AUTORES E POEMAS PREMIADOS PARTICIPARAM DO SARAU REALIZADO NA QUINTA-FEIRA DA SEMANA DE LETRAS (01/11) E RECEBERAM OS CERTIFICADOS DE PREMIAÇÃO. OS DEZ PRIMEIROS LUGARES TIVERAM SEUS POEMAS LIDOS PELOS PROFESSORES DO CURSO DE LETRAS DA UNIABC.
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