ALAN MOORE ENCONTRA
JOHN CONSTANTINE


Basicamente, quando assumo o controle de algo como escritor, sempre tento trabalhar o mais próximo que puder com os artistas do título. Então imediatamente fiz o meu melhor para começar uma amizade com Steve Bissette e John Totleben. Eu lhes perguntei o que gostariam de fazer no Monstro do Pântano. Ambos me enviaram resmas de material. Coisas que eles sempre tiveram vontade de fazer no Monstro do Pântano, mas jamais pensaram que podiam realizar. Eu incorporei isso ao meu esquema de coisas, e tentei juntar tudo num contexto.

Um dessas breves notas era que ambos queriam fazer um personagem que se parecesse com o cantor Sting. Eu acho que a DC ficou com medo que Sting os processasse, embora ele já tivesse visto o personagem e comentado na Rolling Stone que tinha adorado a idéia. Ele ficou muito lisonjeado por haver um personagem de quadrinhos que se parecesse com ele, mas a DC ficou nervosa com tudo isso. Eles começaram a erradicar todos os rastros de referências nas introduções das primeiras revistas do Monstro do Pântano para que John Constantine só lembrá-se Sting. Assim, posso declarar categoricamente que o personagem só existiu porque o Steve e John quiseram fazer um personagem que se parecesse com Sting. Tendo determinado esse desafio, como eu poderia colocar Sting no Monstro do Pântano? Eu tenho uma idéia de que a maioria dos meus personagens de quadrinhos são pessoas geralmente mais velhas, muito austeras, muito formais e muito classe média sob muitos aspectos. Eles não são funcionais nas ruas. Ocorreu-me que poderia ser interessante, pelo menos uma vez, fazer um sujeito de terno azul que fosse um quase bruxo. Alguém que tivesse um conhecimento das ruas, da classe operária, e de uma natureza diferente da que se convencionou nos quadrinhos místicos. Constantine começou a se originar a partir disso.

Há uma caso interessante que eu deveria contar e aconteceu comigo um dia desses. Eu estava em Westminster, Londres - isto foi depois que nós introduzimos o personagem - e eu estava sentado dentro de uma lanchonete. De repente, dos degraus veio John Constantine. Ele estava usando um terno, de corte impecável - ele olhou - não, ele nem mesmo olhou exatamente como o Sting. Ele olhou exatamente como John Constantine. Ele me olhou, fitou-me diretamente nos olhos, sorriu, balançou a cabeça quase que conspiratoriamente, e então simplesmente andou para um canto do outro lado do bar. Eu estava lá sentado e pensando: eu deveria ir para aquele canto e vê se ele realmente estava lá, ou eu deveria apenas comer meu sanduíche e depois sair? Optei pela última alternativa; pensei que era o mais seguro. Não estou fazendo nenhuma reivindicação ou qualquer coisa assim. Apenas estou dizendo que isto aconteceu.

Uma pequena e estranha história.

- Alan Moore


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