Uma
das promessas mais preciosas em toda a Palavra de Deus para esta
era da Igreja está em João 14.16-17:
`E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que
esteja convosco para sempre, o Espírito da verdade, que o mundo não
pode receber, porque não o vê nem o conhece. Mas vós o
conheceis, pois habita convosco, e estará em vós.´
Aqui o Espírito Santo é apresentado como um outro Consolador que
vem para tomar o lugar do nosso Senhor Jesus. Até este momento,
Jesus sempre fora o amigo dos seus discípulos, sempre presente
para ajudá-los em cada emergência que surgisse.
Mas agora ele ia embora, e seus corações estavam cheios de
consternação e ele queria lhes dizer que enquanto estivesse
ausente, um outro tomaria seu lugar.
Enquanto Jesus estiver longe, até o dia glorioso em que há de
voltar, uma outra pessoa, tão divina quanto ele, tão amoroso e
carinhoso e forte para ajudar, estará ao meu lado sempre, sim,
habitando no meu coração em cada momento para comungar comigo e
ajudar-me em cada emergência que possa porventura surgir.
A palavra grega que foi traduzida `Consolador´ nesta passagem
significa muito mais que consolador. A palavra é `parakletos´,
que é uma palavra composta de `para´, que significa `ao lado de´,
e `kletos´, que significa `chamado´.
Assim a palavra completa significa `alguém chamado para estar ao
lado de´, alguém que foi chamado para tomar sua parte e ajudá-lo
em qualquer emergência que pudesse surgir.
A idéia é de um ajudante, sempre presente com seu conselho e sua
força e qualquer outra forma de ajuda que for necessária. Que idéia
preciosa e maravilhosa!
Neste pensamento do Espírito Santo ser um amigo pessoal, sempre
presente, está a cura para toda solidão. Se o pensamento do Espírito
Santo como um amigo sempre presente, sempre à disposição,
entrar no seu coração e ali permanecer, você nunca mais sentirá
solidão enquanto viver.
Companheiro na Solidão
Minha vida durante a maior parte dos últimos vinte e cinco anos
tem sido uma vida solitária.
Muitas vezes fui separado da minha família por meses seguidos, às
vezes não pude estar com minha esposa por períodos de dois ou três
meses, e uma vez não vi nenhum membro da minha família além da
minha esposa por dezoito meses.
Uma noite eu estava andando no convés de um navio no Mar da Tasmânia,
entre Nova Zelândia e Tasmânia. Era uma noite de tempestade.
A maioria dos passageiros estava embaixo, com enjôo, e nenhum dos
oficiais ou marinheiros podia ficar comigo, já que tinham tanto a
fazer para cuidar do navio.
Quatro dos cinco membros da minha família estavam do outro lado
do globo terrestre, a mais de vinte e sete mil quilômetros pela
rota mais curta que se pudesse traçar, e o outro membro que
estava mais próximo tampouco estava comigo naquela noite.
Enquanto fiquei ali andando no convés sozinho, comecei a pensar
nos meus quatro filhos àquela distância, e estava a ponto de
sentir muito solitário, quando me veio o pensamento de que o Espírito
Santo estava ao meu lado, e que enquanto andava para cima e para
baixo no convés ali de noite com aquela tempestade, ele estava
andando comigo, dando passo a passo junto comigo. Com isto minha
solidão foi embora.
Contei esta experiência alguns anos atrás na cidade de St. Paul,
EUA, e no final da pregação, um médico se aproximou para dizer:
`Eu queria agradecer-lhe muito pela lição.
Muitas vezes sou chamado para sair de noite sozinho, passando por
escuridão e tempestades nos campos, e me tenho sentido muito
sozinho.
Agora sei que nunca mais ficarei sozinho, pois vou saber que a
cada passo do caminho o Espírito Santo está comigo nos meus
atendimentos solitários.´
Esta verdade preciosa do Espírito Santo como amigo pessoal sempre
presente traz cura para o coração quebrantado. Oh, quantas
pessoas quebrantadas existem no mundo hoje!
Muitos perderam um familiar ou alguém querido, mas não
precisariam passar por um momento de dor se tão-somente
conhecessem a `comunhão do Espírito Santo´.
Quem sabe, seja uma mulher que há um ano, ou há apenas alguns
meses, semanas ou até dias, tinha ao seu lado um homem forte e sábio,
ao ponto de se sentir livre de qualquer senso de responsabilidade
ou preocupação, já que todos os fardos estavam sobre os ombros
dele.
Como foram brilhantes e felizes os dias do seu companheirismo!
Mas chegou o dia escuro em que aquele amado lhe foi tirado, e como
ficou solitária, vazia, infrutífera e sobrecarregada a sua vida
depois disso!
Ouça, mulher, há alguém que anda exatamente ao seu lado hoje,
que é muito mais sábio e forte, mais amoroso e mais capaz de
guiar e ajudar, do que o marido mais sábio, mais forte, e mais
amoroso que já viveu; e ele está pronto para carregar todos os
fardos e responsabilidades da vida para você, sim pronto para
entrar e habitar no seu coração, enchendo cada cantinho e espaço
vazio do seu coração partido, e assim banir a solidão e dor
para sempre.
Falei sobre isto certa tarde no salão St. Andrew, em Glasgow, Escócia.
No final da palestra, quando estava saindo, uma senhora veio
rapidamente atrás de mim, para falar comigo. Ela usava roupas de
viúva, e seu rosto trazia marcas de profunda tristeza, mas agora
havia uma expressão feliz no seu rosto.
`Dr. Torrey,´ ela me disse, `está fazendo um ano que meu querido
esposo faleceu (ele era um dos cristãos mais proeminentes em
Glasgow), e vim aqui hoje na esperança de que o senhor tivesse
algo para me ajudar. E realmente teve, pois a palavra era
exatamente o que eu precisava.
Nunca mais sentirei solidão, nunca mais meu coração ficará com
esta dor terrível. Vou deixar o Espírito Santo entrar e encher
cada canto dolorido do meu coração.´
Dezoito meses depois, enquanto estava novamente na Escócia, num
breve período de férias, encontrei novamente com esta senhora.
Quando ela me viu, veio correndo para me dizer:
`Oh, Dr. Torrey, a lição que o senhor ensinou naquela tarde
continua comigo até hoje, e não tive uma hora solitária ou
triste daquele dia até hoje.´
Apoio no Ministério
Mas é no nosso trabalho cristão que esta mesma lição vem com
mais poder e eficácia. Veja a minha própria experiência.
Tornei-me ministro do Evangelho porque senti que se não atendesse
o chamado, perderia minha vida. Não era uma questão de salvação,
pois isto é somente pelo sangue de Jesus, mas a minha própria
decisão de aceitar Jesus veio junto com a decisão de ser um
pregador.
Durante vários anos não quis assumir minha posição de cristão
porque não tinha disposição de pregar, e sentia que se me
tornasse cristão eu teria de pregar. Na noite que entreguei minha
vida a Deus, eu não disse: `Aceito Jesus´, nem `Estou deixando
meus pecados´, mas: `Serei um pregador´.
Ao mesmo tempo, se já houve alguém que pelo seu temperamento
natural estava totalmente desqualificado para pregar, esta pessoa
era eu. Como jovem, era anormalmente acanhado, e um estranho quase
não podia nem falar comigo sem que eu ficasse corado até as raízes
dos meus cabelos.
Quando saía de casa para visitar outros parentes, mal comia na
mesa, tamanha era minha vergonha de estar entre estranhos.
De todas as torturas que suportei na escola, nenhuma era pior que
a obrigação de recitar algo na frente.
Quase não conseguia suportar a tarefa de ficar na plataforma onde
todos ficavam olhando para mim; até mesmo quando meu próprio pai
ou mãe pediam que eu recitasse algo somente para eles antes de ir
para a escola, eu simplesmente não conseguia.
Imagine uma pessoa assim entrando no ministério! Mais tarde,
quando era estudante universitário e estava de férias em casa,
na hora de conhecer e conversar com as pessoas que vinham visitar
meus pais, nenhuma palavra saía da minha boca.
Eu tentava falar, mas as palavras paravam na garganta, e não
passavam dali.
Eu nunca havia falado, nem mesmo numa reunião de oração, até a
época que entrei no seminário teológico. Depois pensei que se
fosse tornar-me pregador, deveria pelo menos ser capaz de falar
numa reunião da minha própria igreja. Resolvi que falaria.
Peguei uma mensagem, decorei-a por inteiro (tanto que lembro-me de
partes dela até hoje), mas quando fui para entregar, acho que
pulei alguns pedaços, de tão nervoso que estava.
Na hora que eu tinha de começar, agarrei no encosto do outro
banco à minha frente, para me segurar em pé. Sentia como se
houvesse uma catarata de Niágara subindo do meu lado esquerdo, e
outra descendo do meu lado direito.
Repeti o quanto que consegui me lembrar da mensagem decorada, e
depois caí de volta para meu assento.
No final da reunião, uma amável senhora de idade veio e
agradeceu: `Oh, Sr. Torrey, quero agradecer-lhe pelo que você
transmitiu esta noite. Me fez tão bem, você falou com tanto
sentimento.´
Sentimento? O único sentimento que tive era de estar assustado
quase à morte! Imagine alguém assim entrando no ministério!
E realmente, os primeiros anos de ministério foram tortura.
Pregava três vezes aos domingos. Decorava os sermões, e depois
enquanto pregava, ficava torcendo o botão de cima do paletó, até
que tivesse terminado de pôr o sermão para fora.
Quando o terceiro e último sermão do dia tinha terminado, eu caía
na cadeira atrás do púlpito, com um grande senso de alívio de
que havia terminado mais um domingo. Mas logo vinha o pensamento
terrível que já teria de começar a me preparar para o próximo
domingo. Que vida angustiada eu tinha!
Mas finalmente veio o dia feliz em que este conceito que estamos
falando tomou posse da minha vida. Entendi que quando eu ficava em
pé para pregar, embora as pessoas vissem a mim, havia uma outra
pessoa a quem não viam, mas que estava ao meu lado, e sobre quem
estava toda a responsabilidade.
Tudo que eu tinha de fazer era me afastar o máximo possível, e
deixar que ele fizesse a pregação. Daquele dia em diante, pregar
tem sido a alegria da minha vida. Prefiro pregar a comer.
Algumas vezes, quando me levanto para pregar, antes de falar uma
palavra sequer, o pensamento dele em pé ao meu lado, capaz e
disposto a tomar conta da reunião inteira, e a fazer tudo que
precisa ser feito ali, tem enchido meu coração de alegria a tal
ponto que mal consigo me conter.
Peça Ajuda – E Confie!
É a mesma coisa com todas as áreas de serviço. Se você é
professor de Escola Dominical, e está sempre preocupado, achando
que irá dizer algo que não deveria, ou que deixará de dizer
algo importante, e o peso da responsabilidade está praticamente o
esmagando, escute o que estou dizendo:
Lembre-se sempre que estiver ensinando sua classe: existe alguém
bem ao seu lado que sabe exatamente o que deve ser dito, e o que
deve ser feito. Ao invés de carregar a responsabilidade da
classe, deixe-a para ele, deixe que ele ensine.
Um dia encontrei um dos cristãos leigos mais fiéis que tive a
oportunidade de conhecer, e que era também um mestre da Bíblia
muito talentoso. Neste dia, ele estava muito abatido sobre seu
fracasso, ou aquilo que sentia ser seu fracasso, em dar aula.
Ele abriu o coração para mim, e fiquei ali ouvindo. Quando
terminou, eu disse para ele:
`Sr. Dyer, você não pediu sabedoria de Deus antes de dar sua
aula?´
`Sim,´ ele respondeu.
`E você não creu que ele lhe daria?´
`Sim,´ ele afirmou novamente.
`Então, que direito você tem de duvidar que ele realmente lhe
deu?´ eu perguntei.
`Nunca pensei disto antes,´ ele respondeu. `Nunca mais vou ficar
preocupado sobre minha aula.´
É assim também no seu trabalho pessoal. Quando alguém lhe pede
no final de um culto para ir falar com alguém, quantas vezes você
deseja ir, mas não tem coragem. Você pensa: `Posso falar algo
errado. Posso fazer mais mal do que bem.´
Sim, você vai dizer algo errado, se for sozinho. Mas, confie no
Espírito Santo para falar, e ele falará a coisa certa através
de você.
Entregue-lhe seus lábios para que ele fale. Pode não parecer a
coisa certa na hora, mas um dia verá que foi exatamente aquilo
que precisava.
Uma noite na Tasmânia, quando a Sra. Torrey e eu estávamos
saindo da reunião, ela virou para mim e disse:
`Archie, perdi a noite inteira. Estive falando com a moça mais frívola
que você possa imaginar. Acho que ela não tinha um pensamento sério
na sua cabeça, e gastei a noite toda com ela.´
`Clara,´ respondi-lhe, `como você pode saber que desperdiçou a
noite? Você não pediu a Deus para guiá-la?´
`Sim.´
`E você não creu que ele o faria?´
`Sim.´
`Então, deixe o resto com ele.´
Na noite seguinte, no final da reunião, a mesma moça
aparentemente frívola e leviana aproximou-se da Sra. Torrey,
trazendo sua mãe junto com ela. `Sra. Torrey,´ ela falou, `por
favor fale com a minha mãe.
A senhora me conduziu a Cristo ontem à noite, e agora leve a
minha mãe a ele também.´
Em síntese, o Espírito Santo é uma pessoa. Na teoria, todos nós
já acreditamos nisto, mas no seu pensamento, na sua atitude prática
para com ele, você o trata como pessoa?
Você realmente considera o Espírito Santo como uma pessoa tão
real, tão amorosa, tão sábia, tão carinhosa, tão fiel, tão
forte, e tão digna de confiança, amor e entrega, quanto Jesus
Cristo?
Você pensa dele como uma pessoa divina sempre ao seu lado? O Espírito
Santo foi enviado pelo Pai para este mundo para ser para os discípulos
de Jesus nesta dispensação, até a volta dele, exatamente o que
Jesus foi para eles durante o tempo da sua comunhão pessoal com
eles na terra.
É isto que ele é para você? Você conhece a `comunhão do Espírito
Santo´, o companheirismo do Espírito Santo, a parceria do Espírito
Santo, a amizade do Espírito Santo? Este foi o meu objetivo neste
artigo: apresentar você ao meu amigo, o Espírito Santo.
R.A.
Torrey /
fonte:
www.jornalhoje.com.br
|