Estudos Bíblicos

 

Israel e Igreja formam os ponteiros do relógio de Deus

 

Em tempos considerados escatológicos como o atual, preenchidos por guerras e seus rumores, a expressão relógio de Deus ganha sentido de urgência. Afinal, quem é o relógio de Deus, Israel ou a igreja?

Pensei nesta questão há cerca de dois anos, durante um congresso missionário em Ribeirão Preto, São Paulo. Ali, o palestrante, um cristão messiânico, chamado “judaizante” por alguns, afirmava que o relógio de Deus era Israel, o povo escolhido, e que os eventos naquele país desencadeariam o Armagedom e o retorno de Cristo. Enquanto o ouvia, lembrei-me que, na contramão do que ele dizia, já ouvira e lera várias interpretações e doutrinas que colocam a igreja como o relógio. Quando esta estiver restaurada, pronta e pura como noiva preparada e o evangelho do reino anunciado em poder por todas as nações, Jesus voltará para a maior das festas, a do seu casamento, reza esta cartilha.

Na dúvida, fiz então a pergunta silenciosa do primeiro parágrafo: Afinal, quem é o relógio de Deus, Israel ou a igreja? A resposta, ainda que também silenciosa, chegou a mim como uma pergunta, reverberou em meu coração e encheu-me de esperança.

- Quantos ponteiros um relógio tradicional possui, ouvi a pergunta em meu espírito.
- Dois, respondi

Naquele instante surgiu em minha mente o verso seis da parábola das dez virgens, descrita em Mateus 25 e que trata justamente da volta de Cristo, o noivo.

O texto diz:
- À meia noite, ouviu-se um grito: Eis o noivo! Saí ao seu encontro!
E ouvi outra pergunta, no meu espírito:
- Como os ponteiros do relógio chegam à meia noite?
- Juntos – respondi

Imaginei então um relógio chegando perto da meia noite e vi os dois ponteiros, o menor, das horas e o maior, dos minutos, muito próximos, em forma de V. Um relógio de dois ponteiros, que marca as horas da noite. Um deles marca os eventos relacionados à nação de Israel. Outro, simultaneamente marca os eventos no Israel espiritual de Deus, a igreja.

Então louvei a Deus, exultei mesmo. Minha meia-noite naquele assunto ficara clara como o meio-dia. Percebi que à meia-noite, ambos os ponteiros se juntam, como um. Não se reconhece um ou outro.

Percebi também que durante o percurso rumo à meia-noite, tampouco importa a altura ou a estatura dos ponteiros, quem é o maior e quem é o menor. O que importa é que ambos chegarão juntos ao seu destino, na hora certa de Deus, à abertura do cuco, ao toque da trombeta, ao grito que anuncia a chegada do noivo...

Também não importa o andar dos ponteiros, qual deles se movimenta rapidamente e qual circula devagar – isto revela tão somente que a maneira como Deus trabalha com Israel é uma e com a Igreja é outra, em dois movimentos diferenciados na forma, mas destinados a se tornar um único movimento. Não importa se um ponteiro marca as horas e o outro, os minutos, porque ambos são fundamentais para dar início às 24 badaladas. Ou seja, um sem o outro não é.

Alguém poderia perguntar por que Deus escolheu a expressão meia-noite e não meio-dia para anunciar em metáfora a sua vinda. Seria, quem sabe, porque aquele dia, como diz a profecia, será de trevas e escuridão, mas também de glória? Talvez.

Mas voltemos aos ponteiros. Os ponteiros significam, neste caso, que Deus está trabalhando simultaneamente em Israel e na igreja e que quando a igreja e Israel estiverem prontos, todo o Israel será salvo e Jesus voltará - não necessariamente nesta ordem. “Porque não quero, irmãos, que ignoreis este segredo - para que não presumais de vós mesmos: que o endurecimento veio em parte sobre Israel, até que a plenitude dos gentios haja entrado. E assim todo o Israel será salvo (Rm 11:25-26).

A figura do relógio demonstra, enfim, que Deus Pai é senhor da história e do tempo. E que o relógio está em suas mãos. A nós resta vigiar, como as cinco virgens prudentes. E como o guarda da madrugada, de Isaías 21: “Guarda, a que horas estamos da noite?”

 

Autor: Luiz Montanini
Fonte: http://www.jornalhoje.com.br

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