Freqüentemente,
quando prego em conferências de oração em favor de cidades ou
regiões específicas, as pessoas me pedem para desmascarar o
`poder espiritual´ que está se opondo ao corpo de Cristo naquela
região.
Já chegaram ao ponto de pedir que eu revele o `nome´ do espírito
ou príncipe que resiste ao crescimento e ao reavivamento das
igrejas naquela área geográfica.
“Vocês realmente querem saber o nome do espírito mais poderoso
que resiste à maioria dos cristãos?” eu pergunto. Aí vejo os
rostos dos presentes se iluminarem com expectativa. `É Yaveh.´
(Jeová)
A audiência, que de repente parece mais uma árvore cheia de
corujas, sempre fica perplexa com minha resposta. As pessoas têm
certeza que não entendi a pergunta delas até eu explicar que, de
acordo com as Escrituras, é o próprio Deus quem `resiste aos
soberbos´ (Tiago 4.6).
Desta forma, se estivermos divididos nos nossos corações e
outras igrejas, ou se estivermos de alguma forma nos
autopromovendo na nossa atitude, estamos andando em orgulho.
Conseqüentemente, o Espírito que se levanta para se opor aos
nossos esforços não é demoníaco; é Deus.
Deus não tolera orgulho, especialmente o orgulho religioso. E é
essa característica religiosa do orgulho – através da qual nos
ufanamos dos nossos feitos, ficamos inchados com o nosso
conhecimento ou julgamos as outras pessoas – que faz com que o
Deus vivo se posicione contra muitos dos nossos esforços para
ganhar as nossas cidades para Cristo.
O Senhor não desculpará nosso orgulho simplesmente porque
cantamos três hinos aos domingos, e nos consideramos `salvos´.
Deus resistiu ao orgulho de Lúcifer no céu, e se oporá ao nosso
orgulho na terra.
O mais triste de tudo é que o orgulho religioso foi tão
misturado à nossa experiência cristã que nem mesmo conseguimos
perceber que há algo de errado. Entretanto, sem dúvida é o
pecado mais ofensivo manifesto na igreja.
O Senhor não quer que os perdidos sejam enxertados em igrejas
onde vão assimilar o veneno do orgulho na mesma mesa onde recebem
a salvação.
Quem Busca e Julga
De fato, o orgulho religioso é o pior tipo de idolatria, porque
coloca o homem no lugar de Deus. Jesus disse o seguinte a respeito
de si: `Eu não busco a minha glória; há quem a busque, e julgue´
(João 8.50).
Quantas das nossas ações traduzem exatamente o contrário da
natureza de Cristo! Nossa escolha de roupas e carros, casas e vocações
na vida, tão freqüentemente é baseada fundamentalmente na
exaltação de si mesmo.
Prestemos atenção cuidadosa às palavras de Jesus. Toda vez que
procuramos nos exaltar, entramos em confronto direto com Deus. Uma
dimensão do coração do Pai é que ele procura e julga os que
pelo orgulho se autopromovem.
De fato, meu querido, precisamos considerar com temor santo nossa
tradição ocidental de autopromoção. Ainda que seja altamente
valorizada entre os homens, `perante Deus é abominação´ (Lucas
16.15).
O Velho Testamento está repleto de ilustrações que demonstram a
oposição de Deus ao orgulho do homem. Vez após vez, não eram
os inimigos de Israel que impediam a prosperidade da nação –
era o próprio Deus.
O Senhor permitia que os adversários de Israel humilhassem a seu
povo, impelindo-o ao desespero, à humildade, e finalmente ao
arrependimento. Lá em quebrantamento e honestidade, Deus podia
tratar com seus pecados e conduzi-los a um avivamento nacional.
O clamor de Deus a Israel é o mesmo para nós hoje: `Oxalá me
escutasse o meu povo! Oxalá Israel andasse nos meus caminhos! Em
breve eu abateria os seus inimigos, e voltaria a minha mão contra
os seus adversários´ (Salmos 81.13-14).
Assim é conosco. Precisamos que o poder de Deus seja liberado
contra nossos inimigos. Sim, potestades terríveis das trevas têm
invadido a nossa nação.
O adversário anda pelas nossas ruas procurando a quem possa
devorar (1 Pedro 5.8). Entretanto, a nossa esperança não está
em confrontarmos o inimigo e sim em nos entregarmos totalmente a
Deus. Nossa vitória sobre o inimigo está ligado diretamente à
nossa entrega total a Deus.
Se verdadeiramente `aprendêssemos dele´, então nós, como
Jesus, seríamos `mansos e humildes de coração´ (Mateus 11.29).
E Deus, que dá graça aos humildes, nos resgataria dos inimigos
espirituais do nosso país (Tiago 4.6).
Sarar Nossa Terra
A promessa do Senhor é muito conhecida. Ele diz: `Se o meu povo,
que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha
face, e se desviar dos meus maus caminhos, então eu ouvirei do céu,
e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra´ (2 Crônicas
7.14).
Talvez alguns de nós diríamos: `Mas eu estou me humilhando e
orando´. Entretanto, a nossa humildade diante de Deus não é
completa, até que aprendamos a nos humilhar não somente diante
de Deus mas também diante dos outros.
De fato, devido ao orgulho, ainda temos que aceitar o que o Senhor
quer dizer quando diz: `Se o meu povo´. Nós ainda interpretamos
`Meu povo´ como sendo nosso povo – nosso círculo limitado de
amigos, parentes e cristãos cuja cultura e sistema de culto são
semelhantes aos nossos.
Porém, quando o Senhor pensa sobre o seu povo, ele vê um grupo
muito mais abrangente. Ele vê todos na cidade `que são chamados
pelo seu nome´.
Aos olhos de Deus, seu povo constitui um grupo diversificado de
muitas procedências denominacionais e étnicas, sendo que cada
uma tem recebido dons e capacidades distintas para beneficiar todo
o corpo de Cristo naquela cidade.
Nós, evangélicos, comercializamos as nossas diferenças e ao
mesmo tempo sentimo-nos ameaçados pelos dons e capacidades dos
outros. Aproveitando os nossos temores, Satanás não somente tem
causado divisão entre nós, como também tem nos tornado
orgulhosos pelo fato de estarmos separados.
Achamos que separar-nos dos outros é uma virtude. E é por causa
dessa ruptura dos nossos relacionamentos que as feridas da nossa
sociedade ficam sem cura.
Considere o seguinte: somente um grupo de pessoas foi
continuamente confrontado e resistido pelo Senhor no Novo
Testamento: os fariseus.
De todos os grupos religiosos no primeiro século, aquele com o
qual a igreja mais se assemelha hoje não é o dos cristãos, mas
o dos fariseus, cujo nome significa `os separados´.
Queremos que Deus sare a nossa terra. Mas a terra que ele pretende
sarar é aquela que está debaixo dos pés dos humildes. A cura só
irá fluir quando nos tornarmos `seu povo´ nas nossas cidades –
à medida que nos humilharmos e reconhecermos as áreas específicas
onde cada um de nós tem falhado em revelar Jesus em nossos
relacionamentos com os outros.
O remédio de Deus para a sociedade exige que os cristãos
irreconciliados uns com os outros `se humilhem e orem´. A chave
está nos nossos relacionamentos diários.
Estamos sempre tão conscientes daquilo que outros fizeram para nós,
mas onde temos falhado com eles? O que podemos fazer para curar a
terra que existe entre nós e as pessoas que ferimos? Quando
igrejas com expressões diferentes se humilham e buscam a face de
Deus juntas, uma fonte de vida começa a jorrar a partir daquele
novo começo.
Se Deus resiste aos soberbos, lembre-se que dá graça aos
humildes. Graça é mais do que ser coberto; é ser purificado e
transformado pelo poder de Deus. Graça é o poder transformador
de Deus fazendo em nós o que não podemos fazer por nós mesmos.
O perdão lava a nossa cultura do entulho de ontem. É quando os
nossos joelhos se dobram em humildade pedindo perdão pela nossa
participação na ferida que existe entre nós e os outros, que
Deus ouve do céu – e sara a terra debaixo dos nossos pés. |
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