Imigração
Italiana
Cozinha
Italiana em Botucatu
Comidinhas
da Casa da Nona
Parte
da memória sobre a influência italiana nos hábitos e
costumes de Botucatu encontra-se perdida. Uma péssima mania
de jogar fora toda a lembrança guardada (fotos, impressos e
outras coisas), aliada à constante dificuldade que temos em
tornar perene a organização de nossos museus (apesar, também,
das constantes tentativas), fez por dar fim a muita coisa que
poderia contribuir para
que
não perdêssemos as linhas básicas de nossa formação‚ étnica.
Mesmo
assim, ainda bem, muita coisa restou. Por exemplo, alguns
membros da segunda ou até‚ da primeira geração no Brasil
continuam a fazer as mesmas comidinhas que seus pais ou avós,
oriundi, trouxeram da Itália, quando da grande imigração.
Escondidas
ou guardadas nas gavetas mais recônditas da memória, essas
receitas sobrevivem em Botucatu há, pelo menos, 100 anos...ou
mais. Algumas até já ganharam forma em papel, rascunhados
durante ou pouco depois da vida dos primeiros imigrantes.
Outros, reescritos há pouco tempo, depois de muito vasculhar
seus próprios costumes, pelos filhos mais velhos ou netos
daqueles. Mas elas, as receitas, estão aí, vivas e vez ou
outra reaparecem nas mesas, nos dias de festas, para espanto
ou prazer da terceira ou quarta geração no Brasil.
-0-0-
--Que
é isto mama? perguntam os bisnetos dos primeiros imigrantes.
Ao que responde a avó, antes dela. --Coma! Essa comida era a
que meus pais trouxeram quando vieram para o Brasil! Coma,
filho, ela é simples, mas saudável e muito gostosa... quem
sabe, vocês, vão sentir, também, o doce gosto da saudade...
-0-0-
Eis
aqui algumas dessas receitas. Quem sabe, retomemos o salutar hábito
de colocar no papel
essa receitas todas, que se encontram a¡, nos fundos da memória
de cada descendente.
1.
STRUFOLI
Strufoli
‚ é uma massa, doce, para ser servida durante a festa de
Natal.
Era assim que era usada pelo casal Grazziela Lanzaro e Vicente
Lanzaro. Este, funcionário das Indústrias Blasi, desde que
aqui chegou para implantar o setor de Fundição da empresa,
vindos da região de Salerno-Napoles.
O
docinho é servido até hoje, pela família e foi repassado ao
jornal pela professora Regina Paganini, filha de Rosa Lanzaro
e Ricieri Paganini, neta de Vicente e Grazziela. A segunda
receita, salgada, também foi fornecida por ela.
Ingredientes
: 3
ovos
; 1/2
copo de uma mistura de bebida (martini, licor de cacau, vinho
branco,
pinga, etc); Farinha de trigo, até ficar no ponto de uma
massa macia
Modo
de fazer
: Depois
de pronta a massa, abrir com o rolo, deixando a massa fina.
Cortar
em tiras e fazer rosas enrolando nos dedos. Formam roscas
parecidas com rosas. Fritar em óleo quente, escorrer em papel
absorvente ou pano.
Montar
o prato polvilhando com açucar, regar com mel e salpicar com
confeitos coloridos.
2.
MOLHO PARA O MACARRÃO (também‚ uma receita para o Natal)
Ingredientes
: 1
xícara de óleo de oliva
, 6
dentes de alho (grandes, picados bem miúdo)
, 100
gramas de nozes picadas
, 100
gramas de azeitonas pretas
, 100
gramas de aliche, manjericão à vontade
Modo
de fazer
: Esquentar
o óleo,
colocar
o alho dourar e,
imediatamente,
colocar os outros ingredientes. Deixar fritar apenas 1 minuto
. Temperar
o macarrão com este molho.
3.
TORDILOS
Tordilos
são doces. Esta comida, também para ser servida por ocasião
de Natal, foi trazida pela imigrante Michelina Laurindo Blasi,
casada com Seraphino Blasi. Ela, vinda da Calábria e ele de
Napoles. Hoje, a receita ‚ mantida pela segunda geração no
Brasil é servida na ocasião adequada por Mercedes
Monteferrante
Zacharias,
neta de Michelina e Seraphino. A quarta receita, salgada, também
foi fornecida por ela.
Ingredientes:
250
mil de vinho tinto seco
, 1/2
xícara de (chá) de açucar
, 1/2
xícara (chá) de mel, 2
ovos inteiros, 1
colher (sopa) de canela em pó
, 1
colher (sopa) de margarina, 1
colher (sopa) rasa de pó royal
Modo
de fazer: Levar os dois primeiros ingredientes (vinho e açucar),
numa panela e deixar ferver até reduzir a 1/2 xícara (chá)
. Colocar,
então, numa bacia
. Juntar
farinha de trigo, aos poucos, até desgrudar das mãos, mais
ou menos 1/2 quilo. Amassar bem. Tomar uma pequena porção,
fazer um cordão como para "nhoc", cortar pedaços
pequenos e passar com o dedo no fundo de um ralo.
Fritar
aos poucos.
Passar
por mel quente
4.
PICHICHELA - Torta de Linguiça
Ingredientes
- (massa)
: 1/2
xícara de chá de leite morno
; 1
ovo
; 1
colher (sopa) de margarina; 1 colher (chá) de pó royal
; 1
colher (café) açucar
; 1
colher (chá) rasa de sal
; Farinha
o suficiente para amassar, massa macia, pouco mais de 2
xícaras.
Sovar bem e descansar 1/2 hora
Ingrediente
(recheio): 300
gramas de linguiça de porco, desmanchar bem.
; 300
gramas de queijo mineiro ralado; 7 ovos inteiros
; 2
colheres de sopa de salsa picada e
misturar
tudo
Modo
de fazer: Dividir
a massa em 2 pedaços. Abrir a massa com o rolo e forrar uma
forma de 25 centímetros de diâmetro
. Colocar
todo o recheio na forma
. Abrir
o resto da massa e cobrir, apertando a beirada com um garfo.
Pincelar gema de ovo e levar para assar.
5.
CASATELLI
Também
‚ um doce, do sul da Itália (Calábria), para ser servido
nas
festas Natalinas. Foi conservado por Cecília Meluso Tillio,
filha Peppino Melluso, nascido em S. Lúcido Marino, Calábria
e vindo ao Brasil em 1925. Depois, em Botucatu, casou-se com
Elisa Colino. Sua irmã Maria Melluso, em Botucatu, casou-se
com dr. Michelle Losso, médico e Agente Consular Italiano, um
dos fundadores da Casa de Saúde Sul Paulista.
Ingredientes
(massa)
: 1
quilo de farinha de trigo
; 1
dúzia de ovos
; 1
colher bem cheia de margarina; 1
colher de fermento em pó.
Ingredientes
(recheio)
: 1
quilo de nozes
; 1/2
quilo de uvas passas sem semente
mel
até consistência boa para firmar; canela em pó, uma colher
rasa
Modo
de fazer
: Amassar
a farinha, com os ovos, a margarina e o fermento, até
formar
bolhas.
Moer
as nozes descascadas, com as passas,
depois
colocar o mel e a canela.
Abrir
a massa como para pastéis.
Rechear
: fazer
os pasteizinhos apertando bem as bordas, com um garfo
. Fritar
em óleo bem quente. Em uma panela à parte, passar os pasteis
em mel fervente.
obs:
deixar a massa em descanso uns 15 minutos, antes de abrir
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