Associação
13 de Maio
A história da
organização social dos negros de Botucatu, que resultou na
busca de maior espaço na sociedade local, começou bem cedo,
ainda no início do século passado. Pode ser que tenha existido
uma experiência anterior a isso mas, aparentemente, reduziu-se
à velha Irmandade de São Benedito, ainda no século XIX e seus
fins estavam restritos à atividade religiosa.

(Da
esquerda para direita) Grupo
de
amigos da Comunidade nos anos
40:
Moisés, José dos Santos, Manoel, Marolo, Friaça,
Lulu, Mário Veiga e
Mozate
No
começo do século XX funcionou uma forte entidade
representativa chamada Associação 13 de maio. Sua finalidade
era dar voz à comunidade e isso fica muito claro nas
conclamações e convites para festas, publicados nos jornais da
época. Por exemplo, quando da comemoração do 13 de maio de
1924, essa entidade deliberou comemorar a data da extinção da
escravidão e organizou dois dias de atividades. No dia 12 de
maio, em lugar chamado "de
costume", houve um grande leilão de prendas e, no dia
seguinte, foi observado o programa: 8 horas da manhã a abertura
das comemorações com uma missa a ser rezada na Catedral, em
intenção aos mortos na escravidão. Depois, pelas 14 horas,
uma grande passeata cívica e, à noite, de novo no lugar de
costume, "diversos
divertimentos, tais como batuque, etc..."
Na convocação
de abril daquele ano a Associação 13 de maio incluiu também
uma programação de grande baile, na sede social, aos
associados. Essas informações são inequívocas: havia uma
sede, a comunidade tinha um corpo de associados, (que talvez
não incluísse toda ela) e era muito ativa. Essa Associação
13 de maio, que parece ter sido a primeira da comunidade negra
local, era dirigida pelos senhores Benedicto Fonseca, Chrispim
José Fortunato, Américo Celso de Oliveira e Antonio Fabiano.
Até aquele ano
as comemorações festivas eram realizadas no Largo do Rosário.
Ali existira, até o ano anterior, 1923, a Igreja do Rosário,
demolida para dar lugar à primeira Igreja São Benedito. Esta
igreja foi inaugurada no 13 de maio de 1924. Apesar da
demolição da Igreja do Rosário, o "lugar de
costume" continuou sendo chamado de Largo do Rosário.
Imenso, descia da atual Cardoso de Almeida até a Amando de
Barros. No centro dele, a Igreja S. Benedito e, ao redor dela,
um espaço que continuou a ser o sítio etno-histórico dos
negros botucatuenses, até que os anos fossem lhe subtraindo as
partes.
Em 1933, dez
anos ou quase isso, depois, a Associação 13 de maio havia
deixado de existir. Apenas uma "comissão organizadora
dos homens de cor desta cidade", estava atuante. Eram
seus membros os senhores Hugo Marques, o sargento Francisco
Ferraz, Alfredo Rodrigues, Luiz Maranhão do Lago, dona Gabriela
de Almeida, dona Benedita Coutinho, Amaro Amaral, Abílio de
Camargo e Fernando de Camargo.
Novamente as comemorações da
abolição empolgavam os membros da comunidade. Para o dia 13 de
maio daquele ano estavam programadas as seguintes atividades: 5
horas : Alvorada; 8 horas: Missa pelos escravos mortos; 15
horas: sessão solene no Teatro Espéria, com hinos, cantos e
recitativos e, finalmente, às 18 horas, Batuques, Sambas, e
leilões, defronte à Igreja S. Benedito.
««
voltar
|
|