Quarta-feira, Dezembro 06, 2006

Pensando no longo prazo? Invista em ações e tenha uma aposentadoria tranqüila

Por: Marcello de Almeida
05/12/06 - 19h55
InfoMoney

SÃO PAULO - A estabilização da economia e a queda da inflação têm facilitado o planejamento financeiro e ampliado o interesse por investimentos de longo prazo. Como uma das conseqüências, o mercado de previdência privada registrou forte crescimento nos últimos anos, movimento impulsionado ainda pela percepção de que a previdência pública passa por problemas e dificilmente irá proporcionar uma aposentadoria tranqüila para quem quer que seja.

O poupador conta com diversas opções para investir no longo prazo, com destaque para os fundos de previdência privada, que certamente respondem às necessidades e aos anseios de uma série de investidores.

Porém, o mercado de ações pode também aparecer como uma interessante viável para quem almeja uma aposentadoria tranqüila, enfatizando que as projeções dos analistas indicam um rendimento interessante para o mercado de renda variável nos próximos anos.

Compre blue chips e re-invista os proventos
Quem pensa no longo prazo, nos recursos que vão garantir a sua qualidade de vida após muitos anos de trabalho árduo, certamente deve buscar bons rendimentos. Entretanto, segurança também é fundamental.

Se a opção for pelo investimento em ações, a dica é investir regularmente e montar uma carteira diversificada, formada apenas por ações de companhias com boas perspectivas de crescimento, preocupadas com boas práticas de governança corporativa e consagradas em seu mercado de atuação, as chamadas blue chips.

Neste contexto, avalie a possibilidade de adquirir ações de companhias como Petrobras, Vale do Rio Doce, Bradesco, Itaú, Gerdau, Usiminas, Telesp, etc.

Empresas com políticas agressivas de distribuição de lucros também devem consideradas. Muitas vezes subestimado, o re-investimento dos proventos pode potencializar, e muito, a rentabilidade de uma aplicação, principalmente quando o foco é o longo prazo. Deixe a capitalização composta ("juros-sobre-juros") trabalhar a seu favor.

Alugue suas ações e gere renda adicional
Outra estratégia que pode ser adotada é o aluguel de ações. Da mesma forma de quando alugamos uma casa ou um automóvel, no mercado acionário também existe a possibilidade de repassar temporariamente a propriedade de suas ações para outros, mediante a contrapartida de uma remuneração, o chamado aluguel.

Alugar ações pode ser uma excelente oportunidade para alavancar ganhos de investidores com perspectivas de longo prazo. Afinal de contas, se você não pretende vendê-las no curto prazo, o aluguel de ações representa uma fonte adicional de receita. Nos últimos, a taxa de remuneração oscilou entre 3% e 7% ao ano, podendo superar ou não este intervalo.

Os riscos de se alugar ações são mínimos, uma vez que a CBLC (Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia) garante a operação. É importante reforçar que, ao alugar suas ações, o investidor repassa temporariamente a posse dos títulos, sem, no entanto, abrir mão de beneficios atribuídos aos papéis no período, como, por exemplo, os dividendos.

Isenção de Imposto de Renda
A possibilidade de se investir em ações e não pagar imposto de renda em nenhum momento eleva ainda mais a atratividade deste mercado como alternativa de investimento no longo prazo. Isso mesmo, você não leu errado: existem operações em bolsa que são completamente isentas de IR.

No mercado de ações, o investidor paga imposto de renda apenas quando vende as suas ações, mas pode ficar isento do pagamento caso suas vendas não superem R$ 20 mil em cada mês.

Por exemplo, vamos supor que você invista regularmente em ações e ao se aposentar tenha uma carteira de R$ 500 mil. De acordo com a legislação brasileira, se você limitar suas vendas a R$ 20 mil mensais, não pagará imposto de renda nenhum. Interessante, não?!

Planeje e minimize os riscos
Este conjunto de variáveis certamente coloca o mercado de ações como uma alternativa extremamente interessante para quem busca formas de garantir uma aposentadoria tranqüila.

No entanto, não podemos esquecer que investir em ações também embute uma série de riscos. Neste caso, um bom planejamento é fundamental. Busque o maior volume de informações possível e a ajuda de especialistas. Com uma boa estratégia, os riscos do mercado de ações podem ser mensurados e reduzidos de forma significativa.

Pesquisa sobre percepção de corrupção coloca Brasil na 42ª posição entre 101 países

Da Redação UOL
Em São Paulo

Uma pesquisa internacional sobre a percepção das populações locais em relação à corrupção em seu próprio país, promovida pela Organização Gallup, mostra o Brasil na 42ª posição do ranking entre 101 países pesquisados.

O levantamento da instituição foi feito por amostragem com cerca de mil adultos em cada um dos países pesquisados, aos quais foram apresentadas as seguintes perguntas:
— A corrupção está disseminada no governo de seu país?
— A corrupção está disseminada entre as empresas de seu país?

Em primeiro lugar no ranking ficou a Finlândia, com 12 pontos no índice de percepção de corrupção da pesquisa, seguida por Dinamarca (21 pontos), Nova Zelândia (21), Cingapura (22) e Arábia Saudita (25).

À frente do Brasil, que obteve 73 pontos segundo o índice, estão países como: Uruguai (na 13ª colocação do ranking; e 45 pontos); Chile (19ª; 59); Venezuela (31ª; 68); Espanha (37ª; 71); e Senegal (40ª; 72).

Na seqüência da lista, atrás do Brasil, destaque para países como: África do Sul (43ª posição; e 74 pontos); Alemanha (48ª; 75); México (idem à Alemanha); República Tcheca (69ª; 82 pontos); e, figurando em último lugar do ranking, Lituânia (101ª; 94 pontos).

A Organização Gallup informa que seu ranking de corrupção foi comparado a outros estudos de referência sobre o tema: da organização Transparência Internacional, e a resultados de três pesquisas incluídas no Índice de Competitividade Global do Fórum Econômico Mundial. Segundo a Gallup, em ambos os casos houve forte correlação de resultados.

Domingo, Dezembro 03, 2006

Aprenda como investir em ações e, sem burlar a lei, não pagar Imposto de Renda

Por: Marcello de Almeida
30/11/06 - 20h16
InfoMoney

SÃO PAULO - Muitas vezes ignorada pelos pequenos investidores, a incidência do Imposto de Renda sobre o ganho líquido obtido com os investimentos no mercado financeiro pode afetar de forma significativa a rentabilidade de uma aplicação, principalmente no longo prazo.

O que muita gente não sabe é que existem formas de contornar essa situação. Em vigor desde janeiro de 2005, a lei nº 11.033 promoveu significativas alterações no tratamento tributário das aplicações financeiras.

No caso específico da renda variável, as mudanças levaram a uma redução da alíquota de IR, que continua sendo única, mas baixou de 20% para 15%, e no fato de que agora se recolhe imposto na fonte a uma alíquota de 0,005%. Tais alterações não se aplicaram, porém, aos ganhos auferidos em operações de um dia, mais conhecidas como Day-Trade, que permanecem à alíquota de 20%.

Operações completamente isentas de IR
As informações anteriormente descritas não são novidade para a maioria das pessoas que aplica seus recursos no mercado de renda variável. No entanto, existe um ponto pouco considerado por parte dos investidores: existem operações em bolsa que são completamente isentas de IR.

Este é o caso, por exemplo, dos ganhos líquidos obtidos em vendas de ações com valor total inferior a R$ 20 mil em cada mês. Haverá ainda isenção do recolhimento do imposto de renda na fonte, caso o valor do imposto, somadas todas as operações realizadas em um mês, seja igual ou inferior a R$ 1,00.

"O fato gerador do Imposto de Renda é a venda de ações. Se um investidor comprar 100 ações por R$ 1.000,00 cada, terá uma carteira de R$ 100.000,00. Vamos supor que um ano depois as ações estejam valendo R$ 2.000,00 cada e a carteira R$ 200.000,00, o investidor vai declarar em seu imposto de renda o valor pago pelas ações, ou seja R$ 100.000,00", explica Rossano Oltramari, da XP Investimentos.

"Caso esse aplicador resolva vender todas as suas ações por R$ 200.000,00, pagará 15% de imposto de renda sobre o ganho líquido, que é de R$ 100.000,00. O imposto a ser pago é de R$ 15.000,00. No entanto, se o investidor optar por vender suas ações aos poucos, até o limite de R$ 20.000,00 por mês, não pagará nenhum imposto de renda sobre os ganhos líquidos", completa.

Investidores não dão a devida importância
Essas regras são de conhecimento público, mas muitos investidores não dão a devida importância. Por exemplo, um poupador que esteja pensando em ingressar em um fundo de investimento visando o longo prazo deveria avaliar a possibilidade de aplicar os seus recursos em ações.

É verdade que a nova legislação impõe uma tabela decrescente de alíquota de IR para os fundos de investimento, de acordo com tempo da aplicação e que os fundos de previdência privada também adotam tratamento fiscal diferenciado. No entanto, todas as opções anteriormente descritas sofrem em algum período com a "mordida do leão", situação superada por quem aplica em ações e adota os procedimentos anteriormente descritos.

Interessante alternativa de investimento de longo prazo
Lembrando que nos últimos anos a Bovespa proporcionou ganhos maiores do que proporcionados pelos títulos de renda fixa e que as premissas de juros em queda, liquidez internacional robusta e perspectivas satisfatórias para a economia indicam que o segmento de renda variável deverá continuar proporcionado interessantes ganhos, analistas ressaltam a atratividade de se investir em ações, principalmente quando se pensa no longo prazo.

A sugestão que fica é que quem estiver avaliando a possibilidade de aplicar seus recursos regularmente em um plano de previdência privada, ou fundo de investimento de logo prazo similar, poderia também avaliar seriamente as opções oferecidas pelo mercado de renda variável.

É verdade que investir em ações embute uma série de riscos. No entanto, um bom planejamento pode ajudar a mensurar e reduzir o impacto de qualquer contratempo. Busque o maior volume de informações possível e ajuda profissional, se achar necessário. Cautela e racionalidade são regras a serem seguidas por quem procura bons ganhos.

Sábado, Dezembro 02, 2006

Você sabe o que pode destruir seu patrimônio?

Depois de anos poupando dinheiro para não depender financeiramente de familiares, existem fatores que podem simplesmente colocar todo aquele valor investido por água abaixo.

No entanto, você sabe quais os riscos que podem destruir o seu patrimônio? Muitas vezes eles chegam sem que você perceba e, quando menos espera, tudo se foi. A empresa faliu, a inflação acabou com suas reservas ou a poupança teve de ser usada. Para que isso não aconteça, veja abaixo as armadilhas em que você não pode cair.

Aplicações erradas
É preciso saber que não existe a aplicação financeira ideal, aquela na qual, se qualquer pessoa investir, ganhará muito dinheiro. Se fosse assim, todas as pessoas investiriam e ninguém passaria por dificuldades.

No entanto, não precisa se desesperar. Mesmo que não exista a carteira de ativos ideal para todos, existe aquela que se encaixa em seus objetivos. Escolha-a, mas cuidado ao trocar de aplicação financeira. Nesta hora, não se baseie em dicas, mas tenha um planejamento.

Estudos acadêmicos confirmam que mais de 90% da rentabilidade de uma carteira é estabelecida pela forma como o dinheiro está alocado nos mercados diversos.

Negócios mal sucedidos
Quando participa da construção de um negócio é fácil saber se está indo bem ou não. No entanto, quando simplesmente entram num segmento do mercado sem acompanhar sua evolução, as coisas se tornam mais difíceis para o aplicador.

Ao escolher um novo negócio para investir, saiba quanto do patrimônio poderá ser direcionado, para que não o comprometa, e qual a taxa de retorno esperada. Não faça tudo sozinho, para que o negócio não se torne mal sucedido, e sempre busque avaliar a viabilidade.

Crises financeiras
Além de seu negócio estar indo bem ou de seu patrimônio já ter chegado à quantia esperada, pense que a economia interfere em tudo e, principalmente, que em países como o Brasil, ela pode ser oscilante. Movimentos de especulação fortes fazem com que as pessoas percam o autocontrole e acabem por destruir com o patrimônio.

Um dos fatores da economia que podem acabar com uma reserva de dinheiro é a inflação. Mesmo que haja um cenário de estabilidade monetária, ou seja, taxas baixas, o efeito da inflação pode ser devastador no longo prazo se você não tiver a proteção adequada.

Problemas de sucessão e societários
Em negócios de família, ainda existe um fator que pode acabar com a empresa. Existem casos de bilionários brasileiros que morrem sem deixar partilha de bens e, ao final, as brigas impedem que os negócios se desenvolvam e que uma boa administração seja feita.

Além dos problemas com a família, os sócios devem estar atentos. Problemas entre as pessoas que administram as empresas ou quando uma delas morre. Então voltamos ao risco que as sucessões e brigas familiares oferecem ao patrimônio.

Entre os problemas familiares, ainda existem os divórcios. Mesmo com relação aos negócios, aplicações financeiras ou outros investimentos, quando o rendimento de uma das partes sai, o patrimônio também tende a cair.

Terça-feira, Maio 30, 2006

Convite Expo Trader

Este é um convite para a Palestra - Entrada Franca:
“A previsão do IBOVESPA através de modelos de regressão multivariada” - Daniel Brandão de Castro
Que se realizará na Expo Trader Brasil:

Data: 08 de junho de 2006 às 16h00
Local: Centro FECOMERCIO de Eventos
Rua Dr. Plínio Barreto, 285
Bela Vista (em frente ao viaduto 14 bis)
São Paulo - SP
CEP: 01313-020


Domingo, Maio 28, 2006

Os blogs vão mudar seus negócios

Empresas de todo o mundo descobrem o poder dos blogs. Eles podem ser uma oportunidade ou uma grande ameaça

Por Camila Guimarães
EXAME

Ao ligar pela primeira vez seu novo computador, um laptop Dell, o jornalista americano Jeff Jarvis percebeu que a máquina estava com defeito. Acionou imediatamente o serviço de assistência e ouviu como resposta que de nada adiantaria a visita de um técnico. Após dezenas de conversas telefônicas, e ainda sem solução para seu problema, Jarvis concordou em enviar o computador para o conserto, mesmo tendo desembolsado uma quantia extra pela comodidade da assistência doméstica. O PC voltou com diversas peças trocadas -- mas ainda com defeito. Jarvis persistiu. Envolveu-se numa longa troca de e-mails, nos quais era chamado pelo nome errado, e que naturalmente não resolveu seu problema. Foi o limite de sua paciência.

Jarvis blogou

Em seu site pessoal, o blog BuzzMachine, ele começou um relato detalhado do seu calvário, sob o sugestivo nome de Dell Hell (inferno da Dell). Outros blogueiros leram, encheram os espaços de comentários com relatos semelhantes e começaram a espalhar a história do Dell Hell pelos quatro cantos da internet. O blog de Jarvis rapidamente se tornou uma parada obrigatória para consumidores insatisfeitos com a empresa, maior fabricante de computadores do mundo. O zunzunzum na blogosfera tornou-se tão intenso que o assunto virou notícia nas páginas de jornais como o New York Times, Washington Post e Wall Street Journal. Hoje, seis meses depois da primeira mensagem de Jarvis, quem procurar Dell Hell no Google vai encontrar mais de 7 milhões de resultados. O que começou como uma reclamação de um único consumidor se transformou em uma discussão nacional sobre a qualidade dos serviços da Dell. A transferência das centrais de atendimento para a Índia foi questionada e o fórum para consumidores que existia no site da Dell saiu do ar, tamanho o veneno das críticas. Coincidência ou não, as vendas da empresa caíram e a Apple -- de quem Jarvis tornou-se cliente -- superou a Dell em valor de mercado.

Bem-vindo ao mundo da empresa nua. Nunca os consumidores puderam se expressar com tanta liberdade e com tamanho alcance. Isso dá a eles um poder inédito, que representa, ao mesmo tempo, oportunidades e enormes ameaças aos negócios. Reclamações que antes se dissolviam no ar hoje ficam registradas na internet, ao alcance de uma pesquisa no Google. O cliente que iria a uma loja conhecer seu produto agora está online. Ele ainda entra no site da sua empresa em busca das informações oficiais. Mas não pára por aí. Visita fóruns de discussão, blogs e redes de relacionamento, como o Orkut, à procura de uma segunda, uma terceira, uma quarta opinião, provavelmente digitando a palavra "odeio" antes da sua marca. "As instituições, entre elas as empresas, perderam o privilégio da informação", diz Ronald Mincheff, presidente da filial brasileira da Edelman, uma das maiores agências de relações públicas do mundo. "A opinião de uma pessoa comum, sem os filtros dos meios de comunicação tradicionais, ganha cada vez mais credibilidade." Um estudo feito pela Edelman em setembro do ano passado mostra que mais da metade dos blogs mais influentes do planeta publica pelo menos um comentário semanal sobre empresas, seus funcionários ou produtos.

Mas o impacto dos blogs não se resume a isso. Eles abrem uma nova dimensão na comunicação com clientes, funcionários e parceiros. Em vez da rigidez das relações públicas ou dos exageros da publicidade, os blogs permitem que a companhia fale como um ser humano comum. "O mercado é uma grande conversa", como defende o Manifesto Cluetrain, lançado há cinco anos por gurus do Vale do Silício e hoje tido como a bíblia da era da transparência digital. Eis um trecho: "O mercado consiste de seres humanos, não recortes demográficos. Graças à web, ele está se tornando mais esperto, bem informado e exigente. Não existem segredos. O mercado conectado pela rede conhece mais do que as empresas sobre seus próprios produtos. E, sejam as notícias boas ou más, elas serão contadas a todo mundo".

Há inúmeras maneiras de falar na internet, mas nenhuma é tão poderosa e tão revolucionária como o blog. Em pouco mais de três anos, a tecnologia passou de um hábito adolescente para um fenômeno mundial. Em menos de 10 minutos e sem gastar nada, qualquer pessoa pode criar um blog e começar a falar para todo o planeta. É por isso que os números não param de crescer. Existem 34 milhões de blogs no mundo. Todos os dias, 70 000 novos diários online são criados e, a cada minuto, 500 deles são atualizados. Mães falam do bebê recém-nascido, estudantes reclamam dos professores, aspirantes a escritor publicam poesias, prostitutas relatam sua rotina e, por que não?, presidentes de empresas falam de negócios. Jonathan Schwartz, presidente da fabricante de computadores Sun, mantém um blog há um ano e meio. "Como o e-mail, o blog não vai ser uma questão de escolha. Todos os líderes serão obrigados a ter um", disse Schwartz a EXAME. "Acredito que em dez anos os presidentes vão se comunicar diretamente com clientes, funcionários e parceiros. Porque, se você não participar da conversa, outros falarão no seu lugar." Mincheff, da Edelman, concorda: "A percepção do consumidor é que a informação que vem do presidente ou do diretor de uma empresa é mais confiável do que a obtida num site ou pelo telemarketing", diz. "A empresa ganha um rosto."

A tendência é mais forte nos Estados Unidos, especialmente entre as empresas de tecnologia. No Brasil ainda não há casos conhecidos de executivos de grandes companhias que tenham adotado a internet para conversar com o público. Mas tenha certeza de que não vai demorar. Até mesmo a quase centenária General Motors já faz parte da blogosfera. Bob Lutz, vice-presidente da montadora, é um dos autores do blog Fastlane, no qual escrevem vários executivos. Numa de suas contribuições mais recentes, Lutz mencionou um protótipo do clássico Camaro, apresentado no Salão de Detroit. "Se eu ganhasse 10 centavos a cada vez que li o nome Camaro nos comentários feitos neste blog, teria desenhado esse modelo conceitual com o meu próprio dinheiro", escreve Lutz. "Estamos ouvindo os fanáticos pelo Camaro." O texto de Lutz gerou quase 500 respostas de entusiastas de carros. Não houve reuniões, convenções nem processos burocráticos para criar uma estratégia para o blog. Ele simplesmente nasceu. Eis a receita, descrita por Lutz numa entrevista recente: "Seja honesto e mantenha-se conectado. Entre de cabeça aberta e espere críticas".

Falar é fácil. Todos os comentários colocados no blog de Lutz são submetidos a uma aprovação prévia -- ou, em português claro, censura. Randy Baseler, vice-presidente de marketing da Boeing, mantém um blog no site da fabricante de aviões, no qual passa a maior parte do tempo alfinetando a concorrente Airbus. Só um detalhe: não há espaço para réplicas. Como se vê, as grandes empresas querem mostrar-se antenadas, mas continuam mais dispostas a falar do que a ouvir. Uma exceção, mais uma vez na indústria tecnológica, é a Microsoft. Bill Gates ainda não está blogando, mas um funcionário foi contratado para essa função, com o pomposo nome de "evangelista técnico". Robert Scoble, dono do blog Scobleizer, conseguiu a façanha de começar a mudar a imagem da maior empresa de software do mundo. Com um site franco, que inclui freqüentes críticas à Microsoft, ele ganhou credibilidade e deu à empresa uma voz humana na web. "Recentemente fui a Londres e recebi 120 convites para jantar. Por causa do blog, tornei-me uma espécie de embaixador da empresa", disse Scoble a EXAME. "Muitos programadores me procuram para ajudá-los em seus projetos de software e eu os coloco em contato com pessoas relevantes dentro da empresa." Para muitos especialistas, esse é o relações-públicas do futuro. O sucesso de Scoble é tamanho que ele acaba de lançar o livro Naked Conversations ("Conversas nuas", em português, sem previsão de lançamento no Brasil), um manual de blogs corporativos de sucesso.

O primeiro passo é freqüentar a blogosfera. É preciso entender a língua dos blogueiros. "Blogs são meios eficientes de passar uma mensagem, mas precisam ter a linguagem certa e o conteúdo adequado", diz Gustavo Fortes, um dos sócios da Espalhe. A agência de publicidade é especializada em marketing de guerrilha. Sua missão é gerar boca-a-boca na internet. Um dos clientes de Fortes é a Vivo. A operadora criou um site para que seus clientes tenham blogs, que são atualizados pelo celular. (Sim, além de digitar mensagens de texto no minúsculo teclado, há quem escreva um blog inteiro com o dedão.) Para dar autenticidade ao projeto, a Espalhe escolheu blogueiros reais. São 45 jovens, considerados formadores de opinião na internet. Eles criam todo o conteúdo dos blogs e estimulam outros clientes a usar o celular para blogar. Quem coordena o projeto é Wagner Martins, economista carioca de 27 anos conhecido nos subterrâneos da web como Mr. Manson. Martins é o criador do site Cocadaboa, um blog humorístico cuja marca registrada é inventar mentiras, fazê-las ganhar massa crítica pela rede e finalmente ser publicadas pela imprensa como verdade. "Blog é comunidade, e o ideal é ter a ajuda de alguém que faça parte desse mundo", diz Martins.

A Vivo conta hoje com a ajuda de blogueiros reais. Melhor assim do que fazer como a japonesa Mazda, que tentou mentir e se deu mal. Há um ano e meio, a montadora criou um blog para divulgar um novo modelo de carro. O site parecia ser obra de um rapaz de 22 anos, mas na realidade era mantido por uma agência de publicidade. Blogueiros de verdade suspeitaram, e em três dias o site estava fora do ar. A empresa chamou a experiência de aprendizado, mas, para os amantes de carros que estão na rede, foi um vexame histórico. "Mentir num blog gera reações enormes", disse, numa entrevista recente, Steve Hayden, vice-presidente da Ogilvy and Mather, uma das maiores agências de publicidade do mundo. "Você está lutando com forças muito poderosas: as opiniões de pessoas reais."

O risco de mentir no próprio blog é grande, mas não supera o de ignorar o que se fala na internet a respeito de sua empresa. A americana Kryptonite, fabricante de cadeados, aprendeu a lição. Um blogueiro descobriu que com qualquer caneta Bic era possível abrir uma popular trava para bicicletas. A notícia se espalhou como fogo em mato seco pela rede. Cinco dias depois, estava na grande imprensa. Quando a Kryptonite assumiu a falha, dez dias depois, o estrago já estava feito. O recall do produto defeituoso custou 10 milhões de dólares, soma considerável diante de uma receita de 25 milhões. Uma alternativa para manter-se informado é consultar sites especialistas em vasculhar esse tipo de conteúdo. O principal deles, chamado Technorati, acompanha 26 milhões de blogs e oferece resultados muito mais atualizados que os mecanismos de busca tradicionais.

Outra opção é contratar o serviço de terceiros. A brasileira e-Life criou um programa que monitora blogs e o Orkut, site de relacionamentos que virou febre no Brasil. "Os serviços de atendimento não poderão mais ser passivos", diz Alessandro Barbosa Lima, da e-Life. "Agora, terão de chegar a todos os recôncavos dos blogs e do Orkut." A e-Life tem entre seus clientes a operadora de cartões de crédito Visa e a imobiliária Tecnisa. Um dos passatempos favoritos dos cadastrados no Orkut é criar comunidades dos mais variados temas, incluindo as do estilo "eu amo" ou "eu odeio". Quem se dá ao trabalho de falar de sua empresa é um consumidor que provavelmente tem influência sobre dezenas de outros. Em alguns casos, a reputação é tamanha que os blogueiros se tornam celebridades. Nos Estados Unidos, são principalmente aqueles que escrevem sobre política e tecnologia. Aqui no Brasil, os humoristas saíram na frente. O melhor exemplo é o publicitário carioca Antonio Pedro Tabet, ou Kibe Loco. Seu blog recebe 100 000 visitas diárias. Graças ao blog, Tabet já recebeu três convites para candidatar-se a deputado federal na próxima eleição -- recusados -- e um para trabalhar no programa de Luciano Huck, na Rede Globo -- aceito. "A coisa ficou tão grande que eu preciso tomar muito cuidado com o que escrevo", diz Tabet. "O Kibe Loco virou formador de opinião."

Nem mesmo os ditadores ignoram os blogs. Com a ajuda da Microsoft, o governo chinês proíbe que os blogueiros utilizem palavras como "liberdade", "democracia" e "direitos humanos". No Irã, jornalistas são perseguidos por causa do conteúdo de seus sites pessoais. É claro que as empresas não têm a pretensão de controlar o que dizem seus consumidores. Mas são poucas as que admitem erros e lidam abertamente com as críticas. Apenas uma pequena parte das reclamações vai reverberar o suficiente para causar um problema sério de imagem. Mas trata-se de uma possibilidade nova -- e assustadoramente real. Bem ou mal, estão falando de sua empresa e de seus produtos. É hora de entrar nessa conversa.

Com reportagem de Eduardo Vieira

Blogs podem ser aliados -- ou inimigos
Algumas empresas têm experiências positivas com blogs. Outras nem tanto:

Lego A empresa dinamarquesa criou um blog para consumidores adultos do brinquedo. Considerados os maiores divulgadores da marca, eles trocam idéias sobre suas montagens gigantes.

Piaggio O conteúdo dos blogs da fabricante da Vespa é feito por usuários e admiradores da lambreta, que falam sobre estilo de vida e dão dicas de viagem.

Kryptonite Um vídeo mostrando como abrir o cadeado com uma caneta Bic se espalhou pela web e alcançou a grande imprensa. A empresa perdeu 10 milhões de dólares num recall.

Mazda Criou um blog falso, que seria de um consumidor, mas na verdade era feito por uma agência de publicidade. Foi desmascarada por outros blogueiros.

A voz do povo
Milhões de pessoas publicam diariamente suas idéias e opiniões em páginas pessoais. Veja o poder da rede:
- Existem 34 milhões de blogs em todo mundo
- A cada dia, 70 000 novos blogs são criados
- A cada minuto, 500 novas mensagens são publicadas
- A audiência já passa de 50 milhões de pessoas, ou 11% dos internautas do planeta
- No Brasil, 37% dos internautas lêem blogs regularmente
- Os brasileiros passam 20% do seu tempo de navegação visitando blogs e comunidades virtuais
Fontes: Technorati e Ibope/NetRatings

A opinião do consumidor
Empresas e produtos se tornaram assunto de comunidades e fóruns de discussão no Orkut. Confira alguns exemplos:

- Fiat "Seus carros são feios, caros, duros, sem falar que passam a maior parte do tempo na oficina."
(Comunidade Eu Odeio a Fiat, 4 285 membros)
"Eu amo meu Uno por ser econômico, não dar problemas e porque é pequeno, o que facilita na hora de estacionar."
(Comunidade Eu Amo Meu Fiat Uno, 169 membros)

- Claro "A porcaria da Claro foi condenada a me pagar 1 028 reais por causa de valores abusivos em conta e atrasos no envio das faturas."
(Comunidade Estou Processando a Claro, 626 membros)
"A propaganda ficou muito linda, amei a musiquinha de Natal que toca. A menininha, então, é perfeita!"
(Comunidade Amo a Menina do Chip da Claro, 199 membros)

- Tam "Dois comissários debocharam em voz alta de uma senhora que lhes havia feito um pedido. O comandante Rolim, que zelava tanto pelo bom atendimento, na certa não perdoaria."
(Comunidade Eu Odeio a TAM, 3 080 membros)
"Fui para Miami com a TAM. Show! Não quero mais saber de outra companhia aérea!"
(Comunidade Só Vôo de TAM, 309 membros)

Os mandamentos do blog corporativo
O que fazer e o que não fazer em um blog de empresa

Fale sempre a verdade
Um blog empresarial só tem força quando é autêntico. Mentiras são desmascaradas rapidamente, e a comunidade é implacável com quem falta com a verdade. Sua reputação é arruinada em instantes.

Mantenha o blog atualizado
O imediatismo desse tipo de site é um dos segredos de seu sucesso. Manter um blog com mensagens antigas é como vender o jornal do dia com notícias de ontem. Ninguém quer ler.

Abra espaço para comentários
A internet é uma grande conversa. O blog não é outro meio para você reforçar a mensagem oficial da companhia. É preciso permitir que parceiros e clientes também se manifestem -- e responder sempre que necessário.

Seja informal
O blog não é um comunicado de imprensa nem uma peça publicitária. É um canal direto com os clientes. Quanto mais diretas, curtas e compreensíveis, mais suas mensagens serão lidas e comentadas. A naturalidade dos textos e das suas respostas conta pontos.

Sábado, Maio 27, 2006

Vídeo muito engraçado !

O pessoal da Columbia Business School foi muito criativo !



http://www.youtube.com/watch?v=ipJTqCbETog

Columbia Business School Spring 2006 Follies spoof on The Police's "Every Breath You Take" featuring imitation Dean Glenn Hubbard and Fed Chairman Ben Bernanke

Inauguração do Blog

Aqui no Blog do Horus Strategy serão publicados impressões sobre o mercado, feelings, troca de idéias, curiosidades, assuntos amenos, enfim tudo aquilo que está no ar.

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