Aprendizado Prático
Os ensinamentos trazidos oralmente através dos séculos e milênios, ligados à subjetividade do ser humano e transmitidos por várias escolas que marcaram o pensamento humano, não se preocupam com as provas que supostamente dariam o caráter de veracidade às teorias que marcam suas presenças na história da humanidade.
Os pensamentos, que sustentam e desenvolvem as idéias, são transmitidos àqueles que são capazes de perceber a essência, na sutileza que trazem, quando desenvolvidas por mestres, que não se preocupam com os resultados daquilo que pregam, por estarem conscientes dos próprios conhecimentos e da sabedoria que encerram suas tradições. Por isso, é a filosofia a mãe de todos os conhecimentos, e, só ela, conserva-se pura, não deixando que as influências da intelectualização modifiquem o âmago de qualquer questão abordada.
Os grandes filósofos e místicos que revolucionaram o pensamento humano antigo, nada escreveram e nem por isso, seus ensinamentos se perderam no tempo.
A formação de um corpo doutrinário, que aos poucos vai envolvendo os ensinamentos transcendentais, possui a marca do desenvolvimento histórico de uma época, quando, atingindo um grande poder, passa a solucionar os problemas vigentes, mas sempre se esquecendo de que aquilo que lhe deu origem foi aos poucos, perdendo-se no emaranhado das teorias. Os ensinamentos verdadeiros são mantidos por aqueles que lhe conservam a pureza, não se preocupando com os resultados imediatos, por saberem que a interligação de tudo é uma realidade (teia-aka) e que tudo faz parte de um conteúdo que está nas memórias e não se perde, quando vem da essência, por mais que o homem complique as coisas.
Essa necessidade de se comprovarem fatos, faz parte da análise crítica científica, responsável pelo progresso tecnológico, mas nunca dos ensinamentos esotéricos, místicos ou religiosos. Estes, estão ligados a fatores outros que fogem das pesquisas que são comprovadas pelos fatos e procuram na percepção sensorial consciente e na intuição, que é uma percepção inconsciente, o sentido da busca com a aquisição de uma fé que sustente o nível de energia (mana) necessário para o equilíbrio do cosmos (teia-aka), por mais confusão que as teorias em geral provoquem na promoção do desenvolvimento da humanidade, com a necessidade cientifica da comprovação dos fatos; é o sentido intelectual do desenvolvimento.
Em nosso meio, ensina-nos a filosofia Huna, que a crítica é o mais severo de todos os julgamentos, por mais lógica e racional que pareça; não perde seu sentido analítico de percepção, o que impede de atingir o âmago das questões propostas. Faz com que a focalização se desvie com a intenção de mostrar os erros e as mentiras, que as idéias novas ou reformuladas encerram, querendo dar aos fatos e às pessoas que as produzem, um valor que de relativo, pode tornar-se prioritário, afastando-nos da essência que o ensinamento encerra. Assim, perdemos a oportunidade da reflexão global que recebe a contribuição da intuição em relação ao assunto abordado, desviando a verdadeira focalização, lançando dúvidas e nada trazendo que contribua para o progresso espiritual e mental, na direção do Eu Superior (Aumakua), o produtor das relações que conduzem à real percepção de que tudo está interligado, e, assim, nosso poder é ilimitado e abrangente. Com esse novo modo de pensar, cria-se uma onda de amor, que será compartilhada de acordo com a perda dos julgamentos, por ter desaparecido o medo e suas conseqüências, surgindo a convicção de que nosso poder é aqui e agora. Mas, para que isso aconteça, é necessário que um pensamento único dirija a situação, rumo a uma fé assumida sem dúvidas, (paulele). Somos então, capazes de formular novos sonhos, com um sonhar diferente, quebrando velhos e atuais padrões, que nos prendem às necessidades da posse, impedindo-nos de nos transformarmos em verdadeiros transeuntes dessa viagem programada num sonho básico, realizado num tempo em que havia a liberdade de formular sonhos, trazidos pelas memórias adquiridas através dos milênios de experiências, em reencarnações sucessivas.
Desenvolvemos pelos ensinamentos reais, ações que vão demonstrar a veracidade, independente de quem os traz ou prega, por serem manifestações de leis. Não é o que diz ou faz o pregador, o que interessa, mas sim, o que caracteriza a essência do que traz. Os arquétipos permanecem intocáveis, imutáveis e misteriosos, até que sejamos capazes de entendê-los, percebendo por seus símbolos, a verdade que encerram.
A Huna de hoje não
pode ser a mesma de milênios atrás, mas sua essência
é intocável para os que
realmente descobrem seus mistérios ocultos. Não nos
interessa saber se o que
ensina Max Freedom Long, Serge King, Leinani Melville e outros,
são ensinamentos deixados por
antigos kāhuna[1],
mas sim, perceber a grandeza da magia que essa nova descoberta transmite propiciando mudanças interiores
profundas,
sem nos iludirmos que somente os conhecimentos intelectuais, que
enriquecem
nossas memórias, prendendo-nos ao ciclo do nascer, morrer e
renascer são verdadeiros.
Deixemos de lado tantos pensamentos e teorias; procuremos transformar
em ações,
tudo que conduz às modificações necessárias
para maior compreensão de nós
mesmos, em cada aqui/agora e agora/aqui, buscando a perda do
individualismo, em
prol da integração com a teia-aka, o que acontecerá com o surgimento de Aloha, na nossa natural
transformação em tecelões de sonhos.
A linha mestra dos mistérios ocultos nos ensinamentos da tradição Huna foi apanágio dos descendentes de Mu, e, o que hoje recebemos, nada mais é do que a possibilidade de transformarmos o nosso conhecimento adquirido no dia a dia pela observação e absorção que surge com a prática da magia que conduz à intuição, maneira de percebermos a realidade de modo diferente e dentro de novos sonhares. Assim, temos a oportunidade das mudanças reais, sabendo o que procuramos e não fugindo da responsabilidade que se adquire, quando desenvolvemos situações internas que nos dão maior compreensão de nós como futuros seres trinos, e da interligação com o todo, na percepção de que tudo é uma só e mesma coisa.
Sebastião de Melo