Bem aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus.

 

Esta é uma das passagens evangélicas que dá margem a discussões e interpretações as mais variadas possíveis e que geralmente parece fugir à lógica.

O que quis Ele dizer com pobre de espírito? Num pensamento mais superficial, diríamos que é o menos dotado de inteligência ou o ignorante, o que não condiz com a situação evangélica.

Foi na Filosofia e Psicologia Huna, que encontramos uma explicação satisfatória.

Max Freedom Long diz que o unihipili tende a se transformar em uhane e o uhane em Aumakua na evolução espiritual. Isso quer dizer que o unihipili transformado, agora uhane, recebe um novo unihipili que irá acompanhá-lo numa nova evolução.

Essa simbiose é a harmonização do ser que através dos tempos evolui para o Pai. O unihipili sendo o depositário das memórias traz em si todas as experiências passadas introjetadas nele através do uhane que é o pensante.

Poderíamos dizer que o unihipili é a sede do carma que vem para cada reencarnação programado geneticamente para cumprir suas funções, o que será feito de acordo com a vontade, que é o iniciador dos pensamentos, e, conseqüentemente, das ações do indivíduo em sua existência.

Se um possui as informações, o outro pensa e cria as crenças, que irão formar as verdades do indivíduo.

A finalidade das reencarnações é a eliminação do carma, isto é, uma ação incessante, até que se quebre o ciclo do nascer e morrer e não mais haja o renascer.

Isto se dá quando existe um reto pensar para um reto agir, num reto sentir. O uhane recebe informações diferentes de um unihipili que memorizou as transformações sofridas na reencarnação anterior, quando o uhane conseguiu formular num pensar novo, pensamentos novos, criando modificações nas crenças antigas, levando à mudança de padrões, aliviando assim, o unihipili de sua carga cármica.

Se chamarmos de espíritos essas duas entidades, vemos que a cada experiência reencarnatória eles vão se transformando, vão perdendo suas consistências, o que implica em ficarem cada vez mais pobres de espírito, aproximando-se do Aumakua; é o Cristo Interno que desperta e vive cada vez mais intensamente em nós. É o surgimento da imagem e semelhança de Tane, é o ser idealizado, o Filho do Homem.

Com a reformulação e o desaparecimento das memórias que prendem o ser humano no ciclo vida/morte/renascer, o ser humano vai se aproximando da linguagem intuitiva que o conduz à percepção e compreensão de seu estado divino, num sentir profundo da realidade ligada à presença e atuação constante de Aumakua, a essência da imagem e semelhança de Tane, na volta à casa do Pai de onde saímos como crianças do arco-íris e para onde voltamos como ser trino que se reintegrou na teia aka, perdendo a individualidade que o separou e que o fez percorrer os inúmeros caminhos das reencarnações, purificando-se pela perda da situação espiritual (uhane/unihipili) deixando as memórias nas lembranças das experiências que não mais atingem esse ser.

 

Sebastião de Melo

 

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