Ética

Hiukala (Clarear e Purificar Moralmente)

Definições

 

Ética

“Estudo dos juízos de apreciação que se referem à conduta humana suscetível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente a determinada sociedade, seja de modo absoluto”[1].

Moral:

1. Conjunto de regras de conduta consideradas como válidas, quer de modo absoluto para qualquer tempo ou lugar, quer para grupo ou pessoa determinada.

2. O conjunto de nossas faculdades morais.

3. O que há de moralidade em qualquer coisa.

4. Relativo ao domínio espiritual (em oposição a físico e material).

 

Ética[2]Os costumes, sinônimo de Moral

Moral: (ou Ética).

Moral: Há oposição entre o físico e o Moral. A Moral é o conjunto dos achados psicológicos, das faculdades, das inclinações e das tendências; o físico é o organismo com suas funções. As ciências morais se fundamentam no elemento moral do homem: a lingüística, a história, a política, a economia política, a jurisprudência, em uma palavra, toda a sociologia; logo, a psicologia, a lógica e a moral.

O que se atêm aos costumes.

O que tem o caráter da moralidade.

 

Os diversos sistemas de Moral são, sobretudo diferentes pela maneira como encaram o problema moral; é difícil dizer de uma forma geral e que convença a todas as doutrinas, qual é o objeto da moral. As diversas maneiras de encarar o problema podem reduzir-se a duas:

1ª - Moral do Dever (Kant).

Os preceitos da moral, ou melhor, o preceito fundamental de que se deduzem todos os demais, tem uma forma própria, que não é a de nenhum outro preceito: é o imperativo categórico ou Dever. O bem e o mal não são as noções fundamentais; ambos são determinados segundo o princípio do Dever. Mal é tudo que não pode ser objeto de um imperativo categórico; bem é tudo o que é necessariamente ordenado por tal imperativo. A matéria da lei moral se deduz de sua forma.

2ª - Moral do Bem.

Todas as demais doutrinas se propõem, ao contrário, a determinar qual é o Bem ou o fim do homem; isto é, quais são os meios de realizá-lo. A conduta, quer dizer, a atividade voluntária e reflexiva, tende naturalmente para o bem, quando o conhece, juntamente com os meios. O Bem pode ser o prazer (Hedonismo[3]), o interesse (Utilitarismo), ou outro fim que o prazer, a ciência, a liberdade, a perfeição, a integração, etc., mas que acompanha o prazer ou o dita (Eudemonismo).

3ª - Moral Sociológica.

O dever é um constrangimento exercido pelo meio social sobre o individuo. Entendida assim, a moral não é em sim uma ciência normativa que dita ao homem o que deve fazer ou deixar de fazer, reduzindo-se a investigar o porque que certos atos em uma dada sociedade pareçam obrigatórios e outros proibidos, ainda que à margem de toda sanção legal; também, porque certos atos, sem serem obrigatórios ou proibidos, sejam objeto de aprovação ou de censura.

Distingue-se comumente uma moral teórica e uma prática, expressões impróprias, pois sendo a moral a teoria da ação, torna-se sempre teórica e prática. Diz-se então no mesmo sentido e com maior exatidão, Moral Geral ou investigação dos princípios gerais e Moral Especial, aplicação desses princípios gerais à solução de determinados casos.

 A Moral Especial se divide geralmente em

 Moral Individual (deveres para consigo mesmo).

 Moral Social (deveres para com o próximo).

 Moral Religiosa (deveres para com Deus).

 Tudo isso é discutível, pois essas três classes de deveres são geralmente consideradas como subordinadas umas às outras.

Dá-se o nome de Moralismo a uma moral que reduz todos os deveres ao dever para consigo mesmo, e, uma moral racional reduz todos os deveres a deveres para com o próximo.

Moralidade - Reside unicamente na intenção, não se entendendo por intenção o simples projeto e muito menos, o pretexto.

Moralismo - É a doutrina moral que consiste em que o bem ou o fim do homem está na perfeição moral, quaisquer que sejam os efeitos exteriores dos atos morais. É a moralidade pela moralidade.

(Trechos do livro “Vocabulário Filosófico” – Edmond Globot)

 

Ética Huna:

Ethics[4]  – Kū i nā  lula maika‘i – Com boas maneiras, formal, ético.

Kū – prefixo qualitativo e de estado; Erguer-se, mudar, amparar, legislar, reinar; pedestal, adequado; antigo deus havaiano da agricultura e da guerra.

I – Sufixo transitivo; enfatiza a natureza transitiva da base precedente.

Nā – Prefixo indicando uma qualidade ou status.

Lula - Regras, regulamentos, maneiras, é;tica.

Maika’i – bom, belo, boa sorte, bondade, retidão, boa saúde, moralidade.

Ka’i – direcionar, erguer, transportar.

Moral – Pono, molala.

Moralidade – Pono, maika´i

Pono – Bondade, moralidade, qualidade moral, bem, procedimento correto, prosperidade, justo, virtuoso, completamente, exatamente, cuidadosamente, etc..

Molala – Moral.

Hiukala – Clarear e purificar moralmente.

Desenvolvimento:

Como vimos, a Ética ou Moral (Kant) trata filosoficamente de duas situações ligadas entre si, sendo uma a Moral do Dever e a outra a Moral do Bem.

Na Moral do Dever, o dever é um imperativo categórico que determina e dita as normas do ser humano consigo mesmo, com a sociedade e com Deus. Não tem o bem e o mal como noções fundamentais, mas são determinados de acordo com o dever. Assim, bem é tudo que é necessariamente ordenado por tal imperativo e o mal é tudo que não pode ser objeto de um imperativo categórico.

Na Moral do Bem, quando a conduta - atividade voluntária e reflexiva - tende para o bem e o conhece, juntamente com os meios usados, o bem pode ser o prazer (Hedonismo), o interesse (Utilitarismo) ou outro fim em que o prazer a ciência, a liberdade a perfeição, a integração, etc., acompanha o prazer ou o dita (Eudemonismo).

Na Moral Sociológica, o dever é um constrangimento exercido pelo meio social sobre o individuo. Entendida assim, a moral não é em si uma ciência normativa que leva o homem a fazer ou deixar de fazer, reduzindo-se a investigar o que certos dados em uma dada sociedade sejam obrigatórios ou proibidos, assim como certos atos sem obrigatórios ou proibidos, sejam objeto de aprovação ou de censura.

Sendo a moral a teoria da ação, é sempre teórico/prática. Temos assim, a Moral Geral ou investigação dos princípios gerais e a Moral Especial que é a aplicação desses princípios gerais na solução de determinados casos. A Moral Especial divide-se em Moral Individual (deveres para consigo mesmo), em Moral Social (deveres para com o próximo) e em moral religiosa (deveres para com Deus); estão sempre subordinadas umas ás outras.

Correlação entre Ética ou Moral de Kant com a Ética Huna

Os kāhuna sabiam dar um sentido ético aos seus ensinamentos. Eram transmitidos através de sua Língua. Esses ensinamentos são as bases para a interpretação do Xamanismo Havaiano sob o enfoque Huna. Neles estão contidos os sete princípios básicos do xamanismo.

Pesquisamos nas palavras e em suas raízes, sob a ótica da Ética, o significado da frase  Kū i nā lula maika‘i. O significado ético nos dá pela análise de cada uma das palavras e suas raízes, o sentido do que podemos chamar de ação ética ou moral.

A Moral em havaiano tem o significado de Pono, que também se enquadra na definição de moralidade, assim como maika´i.

Pono como princípio (a eficácia é a medida da verdade) tendo como seu talento (o tecelão de sonho), nos conduz dentro do imperativo categórico (dever) à possibilidade de mudança (Kū), quando usamos regras ou regulamentos éticos (Lula) para direcionarmos (Ka’i) nossas ações (conduta, - atividade voluntária e reflexiva) para o bem, a bondade, a retidão, a moralidade (Maika’i); estamos atingindo a Moral Especial como fator de crescimento e evolução beneficiando a nós mesmos, ao próximo e nos aproximando do Pai (Tane), atingindo uma crença sem dúvida (paulele) e formando um novo Ike (o mundo é o que penso que ele é), através de uma nova Visão (talento deste princípio), transportando-nos (Ka’i) a um segundo nível onde a atuação subjetiva transformada em esclarecimento (talento de kala – Não há limites - ), nos torna verdadeiros tecelões de sonhos capazes de levar áqueles em quem estamos focalizados (Focalização, talento de Makia – A energia segue o fluxo do pensamento) de maneira (lula) tal que todo objetivo é alcançado como uma boa saúde (maika´i) que ofertamos ao deus da colheita (Kū), senhor do Tribunal Divino. Para isso é necessário que a bondade (maika´i) nos dê fé suficiente para compreendermos que Manawa (seu momento de poder é agora) transmita um sentimento de presença (talento de Manawa) no aqui/agora fazendo-nos perceber que estamos recebendo uma bênção (talento de Aloha – Amar é compartilhar com...) que nos torna seres felizes que permitem (Permissão – talento- de Mana – Todo poder vem de dentro) viver eticamente dentro da moralidade onde reside unicamente a intenção do bem dado pelo dever cumprido.

Agora, estamos nas condições de seres que, cumprindo seu sonho básico com todas as modificações possíveis feitas em todo o trajeto dessa existência, possa usar o termo hiukala (clarear e purificar moralmente).

Concluindo, podemos dizer que o princípio fundamental da Huna e de seu xamanismo havaiano é o Dever, simbolizado no xamanismo havaiano pela expressão havaiana Hiukala: Clarear e purificar moralmente, situação criada para não ferir.

 

Sebastião de Melo

 

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[1] Definição segundo “Novo Dicionário da Língua Portuguesa” - Aurélio Buarque de Holanda.

[2] Segundo trecho do livro “Vocabulário Filosófico” – Edmond Goblot.

[3] Hedonismo é uma doutrina moral que tem como princípio que todo prazer é um bem como tal e que não há outro bem, senão o prazer; que toda dor é um mal e que não há outro mal, senão a dor.

[4] Segundo dados do livro “Hawaiian Dictionary” – Mary K. Pukui e Samuel H. Elbert.