Marcas Mnêmicas,[1] o Primeiro Desafio dos Sete Princípios 
Os sete princípios e seus talentos são a base para a manifestação das memórias mnêmicas[2] que sustentam o sonho básico de vida e trazem todo o potencial de crescimento e evolução; são as cores do arco-íris como representações simbólicas das manifestações da essência da alma (unihipili, uhane e aumakua).
A parte consciente, são as palavras com seus significados; elas nos conduzem às ações que ditam nossos comportamentos traçados potencialmente pelos sete desafios dos princípios.
Nós no conjunto somos uma videira plantada num lócus da teia-aka que é o lócus terrestre..
Uma vez plantada sua semente, a videira vai desenvolver pela energia vital mana, a substância-aka que dá a estrutura do modelo da planta (parte do caule que sustenta a videira) e tudo dentro dela, graças ao lócus onde se introduziram as raízes que mantêm a planta com mana.
A mana circulante que inicia sua ação de coesão a partir da concepção, desenvolve essa planta e vai organizando este ser de acordo com o preparo de seu sonho básico na intervida. Este crescimento fetal, o desenvolvimento da semente do novo individuo, vai após o nascimento, pelas ações instintivas e posteriormente intelectuais, formando as memórias aprendidas; assim, são implantadas como manifestações todas as memórias genéticas programadas estruturando o modelo corporal em sua integridade.
Suponhamos que essa videira produza sete cachos, nos quais vão surgindo as uvas que têm a finalidade genética de cumprir suas funções naturais. No ser humano, seu sonho básico de vida. São sete cachos que poderíamos chamar de sete departamentos de memórias que vão pelas ações nos conduzindo durante toda esta vida.
A partir do Princípio Ike (o mundo é o que você pensa que ele é), tomamos conhecimento das necessidades da prática de nossas vivências; primeiramente instintivas e, através delas, aos poucos, se cresce fisicamente de acordo com o amuderecimento dos sistemas nervosos (autônomo, central e periférico); as ações promovem as vivências psicológicas que vão fazendo surgir as uvas em cada cacho, fazendo-as crescer de acordo com nosso desenvolvimento psicofísico, o que determina o crescimento intelectual graças aos espíritos unihipili e uhane, sob a guarda do aumakua que permanece em Po, mas ligado ao corpo físico, com a função de nos ajudar diretamente pela memórias genéticas programadas e indiretamente através dos sete princípios, que movimentam o nosso sonho básico de vida intelectualmente pela vivência dos desafios. Como orientador divino por ser imagem e semelhança de Tane, não interfere diretamente em nossas atitudes que ditam nossos comportamentos, pois nos deu a VONTADE para crescermos explorando cada uma das palavras dos sete desafios para entendermos primeiramente um dos princípios e com o crescimento espiritual e posterior evolução os princípios restantes.
A partir da concepção vão se criando as condições para as vivências do novo individuo. Ele traz em si, em potencial, tudo que necessita para seu crescimento; pertence inicialmente a uma  rede sociométrica que tem início em si mesmo, e vai crescendo de acordo com seu desenvolvimento anatomofisiológico, intelectual e psicológico. Para isso, tem que se locomover e para se locomover é guiado inicialmente pelas mãos das pessoas previamente preparadas em suas intervidas, que as ajuda nos primeiros períodos de sua existência corporal. Fazem-no movimentar de acordo com seu amadurecimento anatomofisiológico que o ajuda a formar novas memórias (aprendidas) oriundas de suas ações em sua matriz de identidade familiar;.a partir daí, por sua própria vontade vai desenvolvendo suas ações que ditam seu comportamento em seu ambiente; aos poucos estende pelos relacionamentos, sua rede sociométrica
Este relacionamento consigo mesmo é parte de sua projeção no ambiente; isso faz girar a roda de sua vida contida nos princípios, a partir do desafio pōuli (IGNORÂNCIA) do primeiro principio –IKE.
Voltando à parreira, a cada ação surge uma uva ou cresce uma já existente no cacho correspondente à ação ou atitude da pessoa.
A movimentação da roda dos princípios pelos desafios, inicialmente provoca a formação dos cachos restantes com uvas ainda muito verdes, pois ainda não têm um desenvolvimento suficiente para serem trabalhadas intelectualmente. No entanto, pelas ações corporais vão se aglutinando na videira (corpo físico), sob forma de mana formando memórias no unihipili. Essas memórias iniciais não estão ordenadas pelo uhane, de maneira que fogem da possibilidade de decisões do uhane, cuja percepção só permite atuar através do desafio ignorância, responsável pelos incontáveis Ikes (o mundo é o que você pensa que ele é) de maneira rudimentar, alimentando-se da energia dada pelos instintos que empurram a roda para formação das primeiras memórias aprendidas.
Quando começa a perceber e sentir intelectualmente a palavra IKE, começa também a descobrir nas uvas de sua parreira, nos diversos cachos, a ligação que as ações provocam e conduzem a um entendimento que dá uma pequena satisfação como a de um animal que começa a querer conduzir seus passos já ordenados numa marcha corporal que vai deixando marcas. Pela repetição, essas marcas vão formando memórias que movimentam pela energia gerada, novas ações e o ambiente vai sendo aos poucos percebido e acrescido por uma discreta clareza, mostrando que existe uma tênue visão que lhe permite agir e começar a ordenar as descobertas adquiridas. Aprendeu agora que existe uma situação que lhe dá uma condição de desenvolver o sentido visão e essa condição o conduz a intelectualmente perceber que visão é uma condição necessária para seu aprendizado de agora em diante. A descoberta da visão facilita seu desenvolvimento que aos poucos vai fazendo crescer ou surgir novas uvas em sua parreira.
É um novo ciclo em que as experiências conduzem a um conhecimento e as imagens vão surgindo e se fixando como formas-pensamentos, um meio de discernir e ordenar as memórias adquiridas.
Mana começa a fluir e se distribuir com mais facilidade entre os cachos de uvas e, as atitudes em seu ambiente vão tomando uma direção com capacidade de separar as coisas e verificar que sua visão clareia cada vez mais no sentido de começar a tomar decisões. É um trabalho lento e que demanda períodos diferentes de tempo para cada departamento de memórias ou cachos de uvas.
Fazendo uma analogia, seria como aprender a andar de bicicleta; os primeiros impulsos para girar a roda são dados por alguém ligado ao seu sonho básico de vida que acha importante você aprender a andar de bicicleta. Geralmente é uma pessoa que já sabe o que é andar de bicicleta e que com sua experiência e conhecimento é capaz de mostrar o que deve ser feito. É um protetor que agindo exteriormente influencía seu aprendizado e te faz perceber que o grande segredo é você impulsionar a roda com o pedalar, usando as forças de seu próprio corpo. Esse esforço que é fisiologicamente natural dá os primeiros prazeres ao unihipili que incorpora como memórias os atos praticados para novas experiências. A cada ato praticado ele reforça as memórias e, andar de bicicleta, passa a ser visto como uma ação prazerosa e não como um esforço para se locomover mais rapidamente. Assim, aos poucos, vai descobrindo que existem várias formas de se locomover e que é capaz de partir para novas vivências. Após acabar com a ignorância de tudo o que pode fazer com sua bicicleta e de tudo que observou e como agiu em suas caminhadas, começa a despertar intelectualmente para novas situações de percepção e de seu poder para novas ações. Nesse ciclo está a descoberta de que o mundo é o que ele pensa que é. Essa descoberta aos poucos vai lhe mostrando o que necessita, para cada vez mais clarear sua visão e diminuir sua ignorância, mexendo nas uvas de cada cacho. É por mexer nessas uvas que começa a ordenação e as decisões do uhane. Vai descobrindo que é por suas intenções que vai dando importância e tomando conhecimento de suas produções em todos os sentidos de atividade. É como o aprender a andar de bicicleta.
Os outros cachos também desenvolvem o potencial de suas uvas que estavam por seu crescimento, à espera de que a ignorância diminuísse a tal ponto que com uma visão intelectual mais clara, adquirisse a crença de que, se o mundo é o que você pensa que ele é, você é capaz de perceber e desenvolver novos movimentos que podem ser realizados em sua roda de princípios e, por uma graça do aumakua.vai transformando seu triângulo do desafio ignorância em passado (conserva cultural) e, agora, por uma nova percepção da palavra Ike e Visão começa a falar por uma nova linguagem, a linguagem das inspirações que inicialmente são comumente desacreditadas ou contestadas, mas que pela maior clareza da visão começa a mexer com uvas de determinados cachos que num novo arranjo impulsionam o individuo para o próximo desafio., o do segundo princípio Kala, quando pela primeira vez se depara com suas limitações que até agora eram fruto da ignorância e não da falta de esclarecimento do desafio limitação. Agora, já tem o conhecimento de que pode crescer e que a palavra Kala é para ele, o que foi a palavra Ike no princípio de suas experiências. Essa é uma situação que depende de experiências vivenciadas durante longos períodos de aprendizado, o que foge ao nosso imediatismo.
Esse é o ciclo da vida após se libertar das traves da ignorância.
É natural que tudo isso esteja dentro do sonho básico de vida que tem de ser desenvolvido e assim crescer formando no aqui/agora, cada ike de seu crescimento. Tudo isso é possível pelas ações praticadas de cujas experiências se formam as memórias aprendidas, as quais, fazem parte de cada cacho de uvas dinamizado que está dentro do saco preto de nossos desafios. O que nos leva à percepção da ignorância e ao clarear da visão é uma fé que desenvolvemos, até se formar uma crença que nos mostra nossas potencialidades de desenvolvimento e crescimento, que estão latentes em cada ser humano.
A cada desafio suplantado vamos percebendo pela visão que nos dá a nova linguagem da inspiração e intuição, a origem de todo esse ser aqui existente e à conclusão de que somos frutos das memórias mnêmicas que estão nas uvas da essência dos três eus em Po. Lá, eles nos esperam com a alegria de nossas vitórias sobre nós mesmos, com a descoberta de que pelas experiências transformamos cada um dos desafios em um aqui/agora do passado. Essas lembranças irão conosco ao dobrarmos o triângulo desse sonho básico de vida, com nossa passagem para Po e nos servirão como base para o preparo de um próximo, para uma nova vida.
Procuremos viver nosso sonho básico de vida de maneira que, ao chegarmos lá em Po, nossa videira não tenha sido arrancada, mas sim podada. Isso acontece quando conseguimos harmonizar unihipili e uhane para que flua mana livremente dando maior coesão aos três espíritos.  Essa situação favorece o crescimento dessa videira, nosso sonho básico de vida, de maneira natural e com um bom aproveitamento das oportunidades surgidas durante todo o desenrolar da vida atual, essa dádiva de nossas marcas mnêmicas.
Procuremos agir de maneira que essa mana seja energia suficiente para circular na videira e transformar as uvas em puro vinho, produto final de todas as vivências: “Esse é meu sangue; quem dele beber não perecerá”.

Santos, 05/05/05
Sebastião de Melo

  


[1] Marcas mnêmicas: São memórias latentes oriundas de fenômenos hereditários de gerações passadas, aqui/agora transformadas em memórias genéticas programadas para este sonho básico de vida.
[2] Mnêmico – Teoria que atribui os fenômenos hereditários às memórias latentes de passadas gerações.


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