Relatório
de Observações
Passeio Arqueoastronômico
Ilha do Campeche
Sábado, 23 de maio de 2009
Assim que chegamos à Ilha o pesquisador Alexandre Amorim visitou o lado sul da praia onde há uma oficina lítica com uma grande quantidade de amoladores.
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Durante a tarde o grupo do IMMA percorreu a trilha do leste da Ilha, passando por 3 sítios de arte rupestre a saber:
a) amoladores nos fundos da alojamento n° 2
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b) Pedra Preta do Sul, onde existem cerca de 12 sinalações
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c) Pesqueiro do Letreiro, onde existem 13 sinalações apenas num paredão. O sítio por si só possui 37 sinalações. É neste sítio que se encontra uma enorme pedra apoiada permitindo a pessoa permanecer tranquilamente sob ela. E nesta habitação primitiva há 3 sinalações.
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d) Vista da Pedra Fincada
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Ao anoitecer Adnir Ramos apresentou sua palestra sobre Arqueoastronomia na Ilha de Santa Catarina. Enquanto isso Alexandre Amorim e Adair Cardoso iniciavam sua sessão de observações do céu na praia da Ilha.
Às 18:16 acompanhamos a passagem do telescópio espacial Hubble (HST) cruzando desde a constelação de Cão Maior até Balança. A foto abaixo foi obtida quando a espaçonave atravessava a constelação de Corvo às 18:19 e atingia seu máximo brilho (400ASA, 20 seg. de exp.)
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Depois às 20:07 foi a vez de acompanhar a passagem do ônibus espacial Atlantis (STS-125) cruzando ao norte de Sírius. (200ASA, 20 seg. de exp.)
As observações das constelações à oeste foram fortemente prejudicadas em virtude o enorme holofote situado na praia do Campeche. Parece mentira, mas este holofote chega a produzir sombras na praia da Ilha. Mesmo assim a magnitude limite no local era em torno de 5.5 . Abaixo temos uma imagem da região do Cruzeiro do Sul e Carina (400ASA, 30 seg. de exp. processada gama = 0.69)
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Às 22:00 o grupo subiu até a Pedra do Pulo para observação do lado leste da Ilha. A magnitude limite neste local facilmente chegava a 6 embora a poluição luminosa vindo do Campeche e dos holofotes da Praia da Joaquina impediam a visão do oeste e norte. A grande umidade atrapalhava o uso de instrumentos. Apesar destas dificuldades os visitantes poderam observar os seguintes objetos: Aglomerados abertos tais como Caixa de Jóias, Plêiades Austrais, região de eta Carinae, NGC 3293, NGC 2516 e M7; o aglomerado globular ômega Centauri e o planeta Saturno. Com a forte condensação nas lentes dos binóculos a opção foi fazer um tour pelas constelações disponíveis e breves histórias:
Cruzeiro do Sul e sua indicação no diário do Mestre João (da época da viagem de Pedro Álvares Cabral ao Brasil);
Centauro e o Lobo;
A Virgem e sua estrela Espiga, próximas ao Corvo;
A estrela Alkaid (eta UMa), na ponta da cauda da Ursa Maior;
O Boieiro e sua estrela Arcturus;
As Coroas Boreal e Austral;
As duas partes da Serpente: cabeça e cauda, atravessando o Serpentário (Ofiúco);
O reconhecível Escorpião;
A constelação do Sagitário e as nebulosas da Via-Láctea.
O Triangulo Austral e sua estrela Beta, que representa Santa Catarina na Bandeira Nacional.
A grande constelação da Ema, conforme informações etnoastronômicas tupi-guarani.
Uma estrela interessante foi a Sigma do Oitante. Apesar de brilhar na magnitude 5.5 esta estrela foi observada por meio de binóculo. A curiosidade desta estrela resido no fato de figurar na Bandeira Nacional e estar localizada a menos de 1 grau do Polo Celeste Sul. Em suma, a Sigma do Oitante é a nossa estrela polar.
Fotos com flash, NEM PENSAR! Abaixo temos composições de imagens de longa exposição e iluminação suficiente para fotos noturnas (400ASA, 10 seg. iluminação de lanterna).
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Às 23:20 todos observaram o nascer de Júpiter. Assim que o planeta ganhou altura foi possível discernir suas quatro luas principais, sendo que duas estavam à oeste e as outras duas à leste do planeta. Mais alguns graus acima do horizonte e alguns observadores conseguiram detectar o fraco brilho de Netuno (em comparação com a estrela Mu do Capricórnio e as luas de Júpiter).
À meia-noite e meia o grupo voltou aos alojamentos permanecendo no ponto de observação permanecendo no posto de observação apenas Alexandre Amorim, Adnir Ramos e Adair Cardoso. Às 3:00 da manhã retornava ao posto de observação Letícia Figueira. Aliás a Letícia em sua primeira sessão de observação resolveu re-inventar os nomes dos objetos astronômicos. Ao observar pelo binóculos o aglomerado aberto próximo à Zeta do Escorpião, não se sabe de onde ela tirou a figura de uma "lagartixa". Mas nada de anormal, pois a rigor já existe a constelação do Lagarto (em latim: Lacerta).
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(Escorpião, 400ASA, 25 seg. de exp. processada gama = 0.68)
Notou-se que durante toda a noite de observação alguns meteoros foram detectados, a maioria com magnitude 1 e 2 e provavelmente associados ao enxame dos Sagitarídeos. No final da madrugada Adair observou um meteoro no sentido leste-oeste a cerca de 30 graus no horizonte leste, provavelmente associado aos Arietídeos.
Às 3:25 o planeta Vênus nascia no horizonte e devido a bruma sua coloração era vermelha. Alguns minutos depois a coloração prata do planeta se destacava.
A partir das 4:30 era possível observar a luz zodiacal ao longo da constelação de Peixes.
Por fim observamos o nascer do Sol às 6:55
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Esta atividade não seria possível sem o apoio e organização de:
IMMA - Instituto Multidisciplinar de Meio Ambiente e Arqueoastronomia
Clínica Relluz - Terapias Integradas