OXÓSSI

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Dia da Semana: quinta-feira
Símbolo: ofá (arco e flecha)
Cor: azul e verde (azul pela relação com o ar - no lançamento das flechas - e verde pelas matas)>
Elemento: ar e terra
Número: 3
Comida: milho e coco.
Saudação: Okê Arô, Oxóssi!

 

Descrição
No grupo Òdé - caçadores - sobressai Oxóssi , está ligado à terra virgem.Possui muita importância em Kétu, torna-se Alákétu (Rei do Kétu). É àxèxè (princípio dos princípios) dos descendentes de Kétu. Os Oge (chifres de touro) fazem a comunicação entre o Aiyé e Orún, chamados de : Olugboohun - o senhor escuta a minha voz.
            Ìrùkèrè (Èrùkèrè) - espécie de cetro feitos com pelos do rabo de touro, presos em um couro duro, constituindo um cabo, e revestido com um couro fino, ornado com contas e cauris (búzios). É um dos principais instrumentos dos caçadores e detém poderes sobrenaturais. Na África nem um caçador, se aventuraria, a ir à floresta sem seu ìrùkèrè. É preparado com pós e remédios de diversos tipos, assim como folhas e fragmentos triturados dos animais sacrificados. Antes de serem presas, as raízes dos pelos devem durante algum tempo, ficar imerso num pote com uma combinação de elementos que constituem um axé especial, que lhe conferirá suas atribuições necessárias. Não é apenas mais um emblema, tem o poder de manejar e controlar todo tipo de espíritos da floresta.
Os pelos do rabo - parte posterior (poente) - representam os ancestrais, espíritos de animais e de todo tipo de espírito da floresta. Deus da caça, ligado às matas, irmão mais novo de Ogun, Odé é também parte dos orixás masculinos cujos princípios também são feitos de ferro. Alegre, jovial, expansivo e irrequieto, tem enorme popularidade na Bahia onde também é conhecido pelo nome de Oxóssi (Òxòósi).
Na África teria sido o irmão caçula ou filho de Ogun, com importância, como protetor dos caçadores; na medicina, pois os caçadores passam grande parte de tempo em contato com Ossain na floresta, divindade das folhas terapêuticas e litúrgicas, e, aprendem com ele parte do seu poder; na ordem social, pois em suas caças e expedições, descobre lugar favorável à instalação de uma nova roça ou de um vilarejo, tonando-se assim o primeiro ocupante do lugar e senhor da terra onílè, com autoridade sobre os habitantes que venham a se instalar posteriormente; de ordem administrativa e policial, pois antigamente os caçadores odé, eram os únicos a possuir armas nos vilarejos, servindo também de guardas-noturnos òxó.
O culto de Oxóssi encontra-se quase extinto na África mas bastante difundido no Novo mundo, tanto em Cuba como no Brasil, pois seus iniciados foram vendidos como escravos para esses países; Eles trouxeram consigo o conhecimento do ritual. Suas cores são azul esverdeado, seu símbolo, o ofá, um arco e flecha em ferro forjado (hoje, outros metais) e o erukere , insígnia de dignidade dos reis da África e que lembra ele ter sido rei de Kêtu.

 

Qualidades

Orè ou Orèlúéré
Inlé ou Erinlè, ou ainda Age
Ibùalámo
Fayemi
Ondun
Asunara
Apala
Agbandada
Owala
Kusi
Ibuanun
Olumeye
Akanbi
Alapade
Mutalambo

 

Arquétipos

São pessoas espertas, ágeis e esbeltos, tem senso de responsabilidade, apaixonados, românticos, carinhosos, volúveis e narcisistas. São festeiros, amáveis, educados e muito estimados, podem a chegar a serem falsos e traiçoeiros. Tem muitas qualidades artísticas, muita criatividade, iniciativa, são muito curiosos, as vezes agressivos e franco a ponto de serem grosseiros, são pessoas que não guardam segredos.

 

Ervas

 Teté = Bredo sem espinhos
Orin-rin = Alfavaquinha
Odun-dun = Folha-da-costa
Jacomijé = Jarrinha
Irekê-omin = Dandá do brejo
Piperégún= Nativo
Junçá =Espada de Ògún
Ìróko= Folha de loko
Mariwô =Folha de dendezêiro
Irum-perlêmin = Capim cabeludo
Akoko
Fitiba = Cana-fita
Monam =Parietária

 

Oferenda

Frutas para Oxóssi

Ingredientes:
7 tipos de frutas
Modo de preparo:
Em um alguidar ou cesta coloque 7 tipos de frutas bem bonitas (exceto abacaxi, mimosa, limão) enfeite com folhas de goiaba e côco cortado em tirinhas.

 

Lendas

Quando Oxum e Oxóssi se conheceram, ele logo se apaixonou e quis casar com ela. Oxum concordou, mas impôs a condição de que ele fosse com ela para a mansão de seu pai disfarçado de mulher, para não ter a entrada impedida. Oxóssi aceitou, sem perguntar se isso lhe traria problemas. Então Oxum o transformou em mulher e eles foram juntos para o palácio. Lá, Oxóssi foi muito bem recebido, pois foi apresentado como uma amiga de Oxum; e assim os dois puderam viver juntos por muito tempo. Meses depois, Oxum não pôde mais esconder a gravidez; Oxalá descobriu a verdade e expulsou Oxóssi do palácio. Por ter se transformado em mulher, Oxóssi se tornou bissexual; e seu filho, LOGUNEDÉ, também.
Oxóssi era ajudante do irmão Ogum e carregava suas flechas. Certo dia, numa das caçadas, encontrou o irmão Ossâim, que vivia na floresta e era um mago. Ossâim enfeitiçou-o e Oxóssi ficou servindo a ele por algum tempo. Quando o efeito do feitiço passou, Oxóssi quis voltar para casa, mas a mãe Iemanjá não o aceitou. Então, Oxóssi voltou para a mata e foi morar com Ossâim, que lhe ensinou todos os mistério da floresta e de seus habitantes. Desde então, Oxóssi se tornou um grande caçador, passando a garantir a alimentação da família e defendendo animais e plantas de pessoas que matam sem necessidade.
Odé era um grande caçador. Certo dia, ele saiu para caçar sem antes consultar o oráculo Ifá nem cumprir os ritos necessários. Depois de algum tempo andando na floresta, encontrou uma serpente: era Oxumaré em sua forma terrestre. A cobra falou que Odé não devia matá-la; mas ele não se importou, matou-a, cortou-a em pedaços e levou para casa, onde a cozinhou e comeu; depois foi dormir. No outro dia, sua esposa Oxum encontrou-o morto, com um rastro de cobra saindo de seu corpo e indo para a mata. Oxum tanto se lamentou e chorou, que Ifá o fez renascer como Orixá, com o nome de Oxóssi.
Certa vez, no reino de Ifá, surgiu um pássaro enorme que, voando bem no meio da cidade, não deixava que o povo fizesse as festas do tempo da colheita. O rei convocou todos os arqueiros do reino, que usaram todas as suas flechas sem conseguir espantar o animal; e por isso foram executados. O último a comparecer tinha somente uma flecha mas sua mãe, com medo de que ele fosse condenado à morte, consultou Ifá e soube que o filho devia fazer uma oferenda aos deuses antes de tentar a sorte. O rapaz obedeceu e, com sua única flecha, matou o monstro. O rapaz foi muito aclamado pelo povo e passou a se chamar Oxóssi, o grande caçador.
"Oxóssi, é filho de Iemanjá com Orunmilá. Aprendeu a caçar com Ogum e os mistérios e poderes das plantas com Ossâim, que certa vez o enfeitiçou, levando-o para o fundo da floresta a fim de ter companhia.
Iemanjá, sua mãe, enfurecendo-se, mandou que Ogum fosse buscar seu irmão na floresta e o arrancasse dos feitiços de Ossâim. Ogum assim o fez, mas como Oxóssi relutasse em voltar ao lar, e ao voltar desfeiteasse sua mãe, esta o proibiu de viver dentro da casa, deixando-o ao relento. Como havia prometido ao irmão ser sempre seu companheiro, Ogum foi viver também do lado de fora de casa, com ele. Oxóssi tornou-se o melhor dos caçadores e diz o mito que foi ele quem livrou Araketu, sua cidade, de um grande feitiço das perigosíssimas ajés (feiticeiras) Iyami Oshorongá, que se transformam em pássaros e atacam as pessoas e cidades com doenças e miséria. Tendo uma destas feiticeiras pousado sobre o palácio do rei de Ketu, e  os demais caçadores gasto todas as suas flechas tentando matá-la, Oxóssi, com apenas uma  deu cabo do perigoso pássaro, tendo sido conclamado o rei de Ketu. Oxóssi apaixonou-se depois por Oxum, a deusa das águas doces e com ela teve um filho, Logun-Edé".