No grupo Òdé -
caçadores - sobressai Oxóssi , está ligado à terra virgem.Possui muita
importância em Kétu, torna-se Alákétu (Rei do Kétu). É àxèxè (princípio dos
princípios) dos descendentes de Kétu. Os Oge (chifres de touro) fazem a
comunicação entre o Aiyé e Orún, chamados de : Olugboohun - o senhor escuta a
minha voz.
Ìrùkèrè (Èrùkèrè) - espécie de cetro feitos com pelos do rabo de touro, presos
em um couro duro, constituindo um cabo, e revestido com um couro fino, ornado
com contas e cauris (búzios). É um dos principais instrumentos dos caçadores e
detém poderes sobrenaturais. Na África nem um caçador, se aventuraria, a ir à
floresta sem seu ìrùkèrè. É preparado com pós e remédios de diversos tipos,
assim como folhas e fragmentos triturados dos animais sacrificados. Antes de
serem presas, as raízes dos pelos devem durante algum tempo, ficar imerso num
pote com uma combinação de elementos que constituem um axé especial, que lhe
conferirá suas atribuições necessárias. Não é apenas mais um emblema, tem o
poder de manejar e controlar todo tipo de espíritos da floresta.
Os pelos do
rabo - parte posterior (poente) - representam os ancestrais, espíritos de
animais e de todo tipo de espírito da floresta. Deus da caça, ligado às matas,
irmão mais novo de Ogun, Odé é também parte dos orixás masculinos cujos
princípios também são feitos de ferro. Alegre, jovial, expansivo e irrequieto,
tem enorme popularidade na Bahia onde também é conhecido pelo nome de Oxóssi (Òxòósi).
Na África teria
sido o irmão caçula ou filho de Ogun, com importância, como protetor dos
caçadores; na medicina, pois os caçadores passam grande parte de tempo em
contato com Ossain na floresta, divindade das folhas terapêuticas e
litúrgicas, e, aprendem com ele parte do seu poder; na ordem social, pois em
suas caças e expedições, descobre lugar favorável à instalação de uma nova
roça ou de um vilarejo, tonando-se assim o primeiro ocupante do lugar e senhor
da terra onílè, com autoridade sobre os habitantes que venham a se instalar
posteriormente; de ordem administrativa e policial, pois antigamente os
caçadores odé, eram os únicos a possuir armas nos vilarejos, servindo também
de guardas-noturnos òxó.
O culto de
Oxóssi encontra-se quase extinto na África mas bastante difundido no Novo
mundo, tanto em Cuba como no Brasil, pois seus iniciados foram vendidos como
escravos para esses países; Eles trouxeram consigo o conhecimento do ritual.
Suas cores são azul esverdeado, seu símbolo, o ofá, um arco e flecha em ferro
forjado (hoje, outros metais) e o erukere , insígnia de dignidade dos reis da
África e que lembra ele ter sido rei de Kêtu.
São pessoas
espertas, ágeis e esbeltos, tem senso de responsabilidade, apaixonados,
românticos, carinhosos, volúveis e narcisistas. São festeiros, amáveis,
educados e muito estimados, podem a chegar a serem falsos e traiçoeiros. Tem
muitas qualidades artísticas, muita criatividade, iniciativa, são muito
curiosos, as vezes agressivos e franco a ponto de serem grosseiros, são
pessoas que não guardam segredos.
Quando Oxum e Oxóssi se conheceram, ele logo se
apaixonou e quis casar com ela. Oxum concordou, mas impôs a condição de que
ele fosse com ela para a mansão de seu pai disfarçado de mulher, para não ter
a entrada impedida. Oxóssi aceitou, sem perguntar se isso lhe traria
problemas. Então Oxum o transformou em mulher e eles foram juntos para o
palácio. Lá, Oxóssi foi muito bem recebido, pois foi apresentado como uma
amiga de Oxum; e assim os dois puderam viver juntos por muito tempo. Meses
depois, Oxum não pôde mais esconder a gravidez; Oxalá descobriu a verdade e
expulsou Oxóssi do palácio. Por ter se transformado em mulher, Oxóssi se
tornou bissexual; e seu filho, LOGUNEDÉ, também.
Oxóssi era ajudante do irmão Ogum e carregava suas flechas. Certo dia, numa
das caçadas, encontrou o irmão Ossâim, que vivia na floresta e era um mago.
Ossâim enfeitiçou-o e Oxóssi ficou servindo a ele por algum tempo. Quando o
efeito do feitiço passou, Oxóssi quis voltar para casa, mas a mãe Iemanjá não
o aceitou. Então, Oxóssi voltou para a mata e foi morar com Ossâim, que lhe
ensinou todos os mistério da floresta e de seus habitantes. Desde então,
Oxóssi se tornou um grande caçador, passando a garantir a alimentação da
família e defendendo animais e plantas de pessoas que matam sem necessidade.
Odé era um grande caçador. Certo dia, ele saiu para caçar sem antes consultar
o oráculo Ifá nem cumprir os ritos necessários. Depois de algum tempo andando
na floresta, encontrou uma serpente: era Oxumaré em sua forma terrestre. A
cobra falou que Odé não devia matá-la; mas ele não se importou, matou-a,
cortou-a em pedaços e levou para casa, onde a cozinhou e comeu; depois foi
dormir. No outro dia, sua esposa Oxum encontrou-o morto, com um rastro de
cobra saindo de seu corpo e indo para a mata. Oxum tanto se lamentou e chorou,
que Ifá o fez renascer como Orixá, com o nome de Oxóssi.
Certa vez, no reino de Ifá, surgiu um pássaro enorme que, voando bem no meio
da cidade, não deixava que o povo fizesse as festas do tempo da colheita. O
rei convocou todos os arqueiros do reino, que usaram todas as suas flechas sem
conseguir espantar o animal; e por isso foram executados. O último a
comparecer tinha somente uma flecha mas sua mãe, com medo de que ele fosse
condenado à morte, consultou Ifá e soube que o filho devia fazer uma oferenda
aos deuses antes de tentar a sorte. O rapaz obedeceu e, com sua única flecha,
matou o monstro. O rapaz foi muito aclamado pelo povo e passou a se chamar
Oxóssi, o grande caçador.
"Oxóssi, é filho de Iemanjá com Orunmilá.
Aprendeu a caçar com Ogum e os mistérios e poderes das plantas com Ossâim, que
certa vez o enfeitiçou, levando-o para o fundo da floresta a fim de ter
companhia.
Iemanjá, sua mãe, enfurecendo-se, mandou que Ogum fosse buscar seu irmão na
floresta e o arrancasse dos feitiços de Ossâim. Ogum assim o fez, mas como
Oxóssi relutasse em voltar ao lar, e ao voltar desfeiteasse sua mãe, esta o
proibiu de viver dentro da casa, deixando-o ao relento. Como havia prometido
ao irmão ser sempre seu companheiro, Ogum foi viver também do lado de fora de
casa, com ele. Oxóssi tornou-se o melhor dos caçadores e diz o mito que foi
ele quem livrou Araketu, sua cidade, de um grande feitiço das perigosíssimas
ajés (feiticeiras) Iyami Oshorongá, que se transformam em pássaros e atacam as
pessoas e cidades com doenças e miséria. Tendo uma destas feiticeiras pousado
sobre o palácio do rei de Ketu, e os demais caçadores gasto todas as suas
flechas tentando matá-la, Oxóssi, com apenas uma deu cabo do perigoso
pássaro, tendo sido conclamado o rei de Ketu. Oxóssi apaixonou-se depois por
Oxum, a deusa das águas doces e com ela teve um filho, Logun-Edé".