Parte III
Ao poeta...
De noite, amada,
amarra teu coracão ao meu
e que eles
no sonho derrotem as trevas
como um duplo
tambor combatendo no bosque
contra o espesso
muro das folhas molhadas
Noturna travessia,
brasa negra do sonho
interceptando
o fio das uvas terrestres
com a pontualidade
de um trem descabelado
que sombra
e pedras frias sem cessar arrastasse
Por isso, amor,
amarra-me ao movimento puro,
a tenacidade
que em teu peito bate
com as asas
de um cisne submergido
para que as
perguntas estreladas do ceu
responda nosso
sonho com uma so chave,
com uma so
porta fechada pela sombra
Pablo Neruda
Pedacos da alma
120764983
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