Entrevista 20
Sobre a Comissão Nacional de Aids

Comissão Nacional de Aids, Ministério da SAÚDE

1. Há quanto tempo é membro da CNAIDS?
Mott - Acho que entrei na CNAIDS em 1987 (ou 1989, favor conferir)

2. Que instituição representa?
Mott - Nos primeiros anos representava o Movimento Homossexual na qualidade de Presidente do Grupo Gay da Bahia, depois passei a representar a Comunidade Científica na qualidade de Professor de Antropologia da Universidade Federal da Bahia

3. Como foi nomeado membro da CNAIDS:?
Mott - Em 1987 tomei conhecimento que havia sido instituída a Comissão Nacional de Luta contra a Aids. Entre seus titulares, personalidades de destaque no cenário nacional - se não me engano, D.Paulo Evaristo Arns, Pelé - e representando as ONGs, Paulo César Bonfim, fundador do GAPA/SP. Considerei que atingindo na época a Aids sobretudos aos gays, era fundamental a presença de um representante da comunidade homossexual nesta comissão. Escrevi carta ao então ministro Borges da Silveira cobrando a nomeação de um representante gay para compor a comissão, tendo sido nomeado alguns meses depois.

4. Qual é a contribuição da CNAIDS na luta contra a aids?
Mott - Considero que a contribuição da CNAIDS foi vital na luta contra a aids, na medida em que assessorou de forma competente o Programa Nacional em diversas decisões importantes quanto à prevenção e ao apoio aos soropositovos e pessoas com aids. Também contribuiu significativamente a CNAIDS na luta contra a aids ao opinar sobre decisões funcionais ou mesmo pontuais, como nas campanhas de 1o de dezembro, carnaval, na aquisição de preservativos, na defesa dos direitos humanos dos soropositivos e minorias sexuais, etc.

5. Como vê a sua participação nesta Comissão?
Mott - Após mais de uma década participando da CNAIDS, considero que minha participação foi significativa sobretudo por ser o representante oficial do principal "grupo de risco" da epidemia dentro da comissão. Na qualidade de homossexual assumido e militante incansável pelos direitos humanos e cidadania de gays, transgêneros e lésbicas, procurei sempre chamar a atenção da CNAIDS para a urgência em se propor campanhas e ações voltadas diretamente para estas populações e demais minorias sexuais. Coordenei alguns subgrupos de trabalho e realizei algumas exposições, tratando de questões como a distribuição de preservativos em unidades de menores infratores, a prevenção de HIV/aids junto a profissionais do sexo, os riscos de transmissão do HIV em práticas de sado-masoquismo, etc.

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