Não
digas nada!
Fernando Pessoa
Não digas nada!
Nem mesmo a verdade
Há tanta suavidade em nada se
dizer
E tudo se entender -
Tudo metade
De sentir e de ver...
Não digas nada
Deixa esquecer
Talvez que amanhã
Em outra paisagem
Digas que foi vã
Toda essa viagem
Até onde quis
Ser quem me agrada...
Mas ali fui feliz
Não digas nada.

Amigos Verdadeiros
Os verdadeiros
amigos
conquistamos na convivência
diária,
não nos encontros casuais.
No local de trabalho,
mais do que em qualquer lugar,
os encontros no dia-a-dia,
o debate de idéias - incluindo a
abertura para ouvi-las -
e a disposição para fazer e
receber críticas construtivas
podem ser vistos como embriões
de amizades profundas e perenes.
Não deixemos que os hábitos de
não ouvir e
de não dizer clara e
objetivamente as coisas
reduzam o local de trabalho a um
mero obstáculo que
diariamente temos de tentar
superar.
Não percamos as oportunidades de
nos relacionarmos e
saibamos aproveitar os momentos
de convívio
como se cada minuto fosse o que
realmente é: único.
Quantas vezes chegamos ao local
de trabalho,
sentamo-nos em nossas
"workstations" e, depois de
horas
sentados, levantamo-nos e
voltamos para casa
sem trocar sequer uma palavra
com o colega da "workstation" do
lado?
Quando fazemos isso,
agimos como se fôssemos apenas
máquinas:
frias, eficientes, impassíveis,
destituídas de graça,
robóticas, insensíveis,
grosseiras, desumanas.
Façamos deste Natal e a partir
dele
o que a data verdadeiramente
representa:
conciliação, compreensão,
perdão, entendimento,
confraternização, doação, amor
sem limite.
Tenhamos todos, as cabeças frias
e
os corações quentes, não o
contrário.
São os votos deste colega que
quer ser seu amigo,
com tudo que isto representa.
Obrigado a todos pelos dias de
convivência e de aprendizado.
Que a paz de Cristo invada
nossos corações e
que saibamos transmiti-la
aos nossos presentes e futuros
amigos.

Aconteceu
Vander
E logo a noite se fez dia
O frio não mais existia
Meu coração se alegrou
No dia em que você chegou
E no compasso das horas me vi
Encantado, sorrindo á toa
Contando o tempo a passar
Sonhando acordado te encontrar
E no amanhecer pude te ver
Em toda parte, onde olhasse
No céu um novo sol a brilhar
Em cada vez que eu te amar
E no meu coração fez morada
Entrou em mim como um raio
Colorindo minha vida de amor
Transformando em paz toda a dor
E na luz de seus olhos eu vi
Toda a recompensa da vida
No amor que tens por mim
E nesse encanto sem fim
E pela vida toda adentro
Seguirei com plena certeza
De que és a minha menina
Minha amada, minha sina...

As
Estrelas do Mar
Um escritor que morava numa
praia tranqüila,
junto a uma colônia de
pescadores.
Todas as manhãs passeava a
beira-mar
para se inspirar e de tarde
ficava em casa escrevendo.
Um dia, caminhando na praia,
ele viu uma pessoa que parecia
dançar.
Quando chegou perto viu que era
um jovem
pegando na areia as
estrelas-do-mar, uma por uma,
e jogando novamente de volta ao
oceano.
Chegou perto e disse: - Por que
você está fazendo isso?
- Você não vê !? Disse o jovem.
- A maré está baixa e o sol está
brilhando.
- Elas vão secar no sol e morrer
se ficarem aqui.
O escritor riu e disse ao jovem:
- Meu jovem, existem milhares de
quilômetros de praias
por este mundo afora
e centenas de milhares de
estrelas-do-mar
espalhadas pelas praias.
- Que diferença faz, você joga
umas
poucas de volta ao oceano
e a maioria vai perecer de
qualquer forma?
O jovem pegou mais uma estrela
na areia,
jogou de volta ao oceano, olhou
para o escritor e disse:
-Mas para a vida dessa
estrelinha eu fiz a diferença...
Naquela noite o escritor não
conseguiu dormir nem sequer
escrever.
De manhazinha foi para a praia,
reuniu-se ao jovem,
e juntos salvaram mais
estrelinhas jogando-as de volta
ao mar.
Podemos fazer deste universo um
lugar melhor para vivermos.
Fazendo cada um a sua parte.
Fazendo cada um a diferença

Pegadas na Areia
Uma noite eu tive um sonho...
Sonhei que estava andando na
praia com o Senhor.
E através do Céu, passavam cenas
de minha vida.
Para cada cena que passava,
percebi que eram deixados dois
pares
de pegadas na areia
Um era o meu e o outro era do
Senhor.
Quando a última cena de minha
vida passou
diante de nós, olhei para trás
e notei que muitas vezes no
caminho da minha vida
havia apenas um par de pegadas
na areia.
Notei também que isso aconteceu
nos momentos mais difíceis e
angustiantes
do meu viver.
Isso aborreceu-me deveras e
perguntei
- Senhor, Tu me disseste que uma
vez que eu resolvi Te seguir, Tu
andarias sempre comigo, todo o
caminho.
Mas notei que durante as maiores
dificuldades do meu viver havia
na areia dos caminhos da vida,
apenas um par de pegadas.
Não compreendo Senhor porque nas
horas que mais necessitava de
ti.
Tu me deixastes.
Tu me abandonastes.
- Minha preciosa filha.
Eu te amo e jamais te deixaria
nas horas da tua provação e do
teu sofrimento.
Quando vistes na areia apenas um
par de pegadas,
foi exatamente aí que:
EU TE CARREGUEI EM MEUS BRAÇOS
!!!

Nó
Conceição Albuquerque
Atrás de mim seguem coisas que
não fiz ,
Papéis guardados, marcados de
tempo e saudade.
À beira do cais espero .
Não há pés que me alcancem a
solidão.
Ao dobrar a esquina cortei laços
, me arrependi .
Os vestígios ficaram nas nódoas
do lenço
Nas dobras da dor .
Esse nó tão apertado rouba-me o
ar .
Quem terá a delicadeza de
desatá-lo ?

Verdes são os campos
Verdes são os campos,
De cor de limão:
Assim são os olhos
Do meu coração.
Campo, que te estendes
Com verdura bela;
Ovelhas, que nela
Vosso pasto tendes,
De ervas vos mantendes
Que traz o Verão,
E eu das lembranças
Do meu coração.
Gados que pasceis
Com contentamento,
Vosso mantimento
Não no entendereis;
Isso que comeis
Não são ervas, não:
São graças dos olhos
Do meu coração.
Luís de Camões

A moda de Salomão
Wanderlino Arruda
Mais linda que um alvorecer,
és formosa como Raquel,
num raro dia de paz
da aprazível Jerusalém.
Formosos são os teus passos,
e é verde o brilho debaixo do
véu,
sobre as faces de carmim.
Tua beleza nasce e renasce
entre renovos do vale,
onde brotam e florescem vides.
Imagino-me no carro de sonhos,
enquanto um beija-flor te
contempla,
oh! inimitável Sulamita,
mestra em dança de Maanaim.
Tuas sandálias,
Oh! filha do príncipe,
espelham os meneios de teus
quadris.
Teu umbigo, oh! menina-moça do
vale dourado,
é taça em que não falta bebida.
Sumo e cheiro de rosas em cio!

Os versos que te dou
Ouve estes versos que te dou, eu
os fiz hoje que sinto o coração
contente
enquanto teu amor for meu
somente,
eu farei versos...e serei
feliz...
E hei de fazê-los pela vida
afora,
versos de sonho e de amor, e hei
depois
relembrar o passado de nós
dois...
esse passado que começa agora...
Estes versos repletos de ternura
são
versos meus, mas que são teus,
também...
Sozinha, hás de escutá-los sem
ninguém que
possa perturbar vossa ventura...
Quando o tempo branquear os teus
cabelos
hás de um dia mais tarde,
revive-los nas
lembranças que a vida não
desfez...
E ao lê-los...com saudade em tua
dor...
hás de rever, chorando, o nosso
amor,
hás de lembrar, também, de quem
os fez...
Se nesse tempo eu já tiver
partido e
outros versos quiseres, teu
pedido deixa
ao lado da cruz para onde eu
vou...
Quando lá novamente, então tu
fores,
pode colher do chão todas as
flores, pois
são os versos de amor que ainda
te dou.
(Poema de JG de Araújo Jorge


