A OPINIÃO QUE FAZ A DIFERENÇA
   

São Paulo, segunda-feira, 18 de maio de 2009

Blog da Lio


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Nosso GG em Havana


Um delicioso e surpreendente livro de Pedro Juan Gutiérrez, escritor cubano que ainda mora em Havana, e que já fez de tudo, de vendedor de sorvetes e operário a jornalista, com livros publicados em vários países menos em Cuba. Ele afirma que tem horror a política mas pelo menos os dois outros livros que li dele, Trilogia suja de Havana e O Rei de Havana, são devastadores para o governo cubano no sentido de descrever a miséria, a carência de dinheiro, de alimentos e de tudo - com exceção do sexo - e a brutal realidade cotidiana da vida na ilha sempre de forma mordaz, ferina e contundente.

Embora com a marca registrada da sua escrita, Nosso GG em Havana é completamente diferente e muito leve e divertido. Enquanto Trilogia e O Rei são fortes com personagens do submundo lutando pela sobrevivência de todas as formas em meio a marginalidade, a miséria e o sexo, esse é um romance policial baseado em fatos reais com o único objetivo de divertir. O protagonista é nada menos do que Graham Greene, um dos mais importantes romancistas de língua inglesa e um mestre em contar histórias de espionagens principalmente da Guerra Fria. Uma sacada inteligente que possibilita, dentro da história, reflexões sobre o ofício de escritor.

Trechos do livro
"Não seria muito melhor se nunca tentássemos compreender, se aceitássemos o fato de que nenhum ser humano jamais compreenderá um outro, nenhuma mulher o seu marido, nenhum amante o seu amante, nenhum pai o seu filho? Talvez por isso os homens tenham inventado Deus, um ser capaz de compreender. Quem sabe, iria me atordoar a ponto de ter uma religião; mas sou um repórter, e Deus só existe para os que escrevem editoriais."

"Um romance é como um edifício. Não se podem botar portas e janelas em qualquer lugar. É preciso saber qual é o ponto exato em que devem ficar. E qual é o tamanho, o estilo, a cor que devem ter. Como acontece com os edifícios, alguns romances são singulares e perduram e são visitados por milhões de pessoas. Outros são anódinos e vulgares e não atraem ninguém, até que desmoronam com o passar do tempo."

PAIXÃO ÍNDIA
Eu não estava sabendo do sucesso do livro Paixão Índia e várias pessoas próximas começaram a comentar que estavam lendo, tinham lido, etc, uns achando médio, outros achando sensacional. Preferi não saber nada sobre a história antes de ler, de modo que, até quase a metade do livro eu achei que era tudo inventado. Mas não, é a história da vida de uma bailarina espanhola que casou com um rajá (príncipe) indiano e virou princesa na Índia no início do Século XX. O autor é um apaixonado pela Índia e pelos personagens, principalmente a princesa. Eu gostei bastante, mesmo dando o desconto da imaginação fértil do escritor em situações difíceis de acreditar. Gostei principalmente de saber sobre a história da Índia, finalmente entender como funciona o sistema de castas e saber o o iníico e o porque do conflito na Caxemira que se estende até hoje entre a Índia e o Paquistão. Ele fez um trabalho de pesquisa admirável da época e sobre a vida (boa, muito boa) dos marajás indianos. Todo mundo sabe o quanto a Índia desperta curiosidade e o quanto é fascinante e esse livro consegue saciar um pouco a curiosidade. O livro vale mais por esse aspecto do que pelo romance entre o príncipe a plebéia.

Sinopse: Com mais de 300 mil exemplares vendidos somente na Espanha, Paixão Índia encanta os leitores com a história de Anita Delgado, a jovem bailarina andaluza que se transformou em princesa na Índia. Anita era apenas uma bailarina quando um marajá indiano se apaixonou por ela, construiu um palácio e a transformou em princesa, mas não em sua única mulher. Na Índia colonial do início do século XX, Anita e o rajá de Kapurthala viveram uma história de amor que provocou um inevitável choque cultural entre oriente e ocidente, mundos, na época, com costumes completamente diferentes. As outras mulheres do marajá e seus súditos viam em Anita uma ameaça à tradição hindu, o conflito entre os dois lados era inevitável. Apesar de estar cercada de vassalos e luxo, a jovem vivia na mais completa solidão. Javier Moro realizou pesquisas detalhadas, tanto na Europa quanto na Índia, para construir uma narrativa minuciosa sobre a relação entre o casal, que terminou como um dos maiores escândalos da Índia inglesa. ?Se no fim acabei escrevendo um romance, não foi por desejo de inventar nada, mas para melhor refletir o sabor de uma época, assim como os odores e cores da Índia, as prodigiosas extravagâncias dos últimos marajás e a irresistível personalidade de Anita Delgado, fiel a seus sentimentos até conseguir conquistar sua própria liberdade?, conta. A chegada da jovem sobre um elefante luxuosamente adornado na cidade de Kapurthala, em 28 de janeiro de 1908, mostra como um conto de fadas pode tornar-se realidade. As fracas luzes que iluminavam a jovem bailarina nos palcos foram substituídas pelo brilho do ouro e dos diamantes que serviram de adorno para o palácio construído para ela.

Trechos
"As proporções dos corpos dos homens e mulheres representados nas esculturas dos templos correspondiam aos caracteres sexuais descritos no Kamasutra. Por exemplo, a "mulher- gazela", de seios firmes, ancas largas, nádegas redondas e yoni pequeno (não maios do que seis polegadas) é muito compatível no amor com o "homem- lebre", sensível as cócegas nas coxas, nas mãos, soba sola dos pés e no púbis. O "home -semental", que gosta de mulheress robustas e comida farta, entende-se muito bem com a "mulher -égua", de coxas fartas e fortes, cujo sexo cheira a gergelim e "cuja casa de Kama tem profundidade de nove dedos".

elianademorais@gmail.com 
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Eliana de Morais é produtora de eventos, baiana, ex publicitária, turismóloga, tem um curso de eventos, professora da Pós-Graduação em gestão e organização de eventos das Faculdades Olga Mettig e arrisca textos.
    



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