Colesterol alto? A ordem é mudar os hábitos
Ações educativas e prevenção são as armas para cuidar desse mal desde cedo
LUCIANA MIRANDA
Bastou um pouco de informação para que os adolescentes Philipe, Thabata, José Renato,
Ariane e Larissa soubessem apontar o que cada um tem de mudar para se prevenir contra o colesterol alto.
Ontem, no Dia Nacional de Controle do Colesterol, crianças e adolescentes estavam na mira da
Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). A idéia é incentivar desde cedo a prática de hábitos saudáveis de vida.
As ações educativas que marcaram a data este ano se concentraram em escolas estaduais.
De sala em sala, na Escola Estadual Padre Manuel da Nóbrega, na Casa Verde,
a médica Eneide Pompiani de Moura tomava o lugar do professor por alguns minutos, para um bate-papo com os alunos.
O tema: colesterol, um tipo de gordura necessária
para o funcionamento do organismo, mas que em excesso pode prejudicar o coração.
"Desenvolver em crianças e adolescentes a importância de hábitos saudáveis tem impacto sobre a saúde pública",
afirma Celso Amodeo, presidente do Fundo de Amparo à Pesquisa em Cardiologia (Funcor) da SBC.
Eles funcionam como multiplicadores de informação, cobrando dos pais mudanças de hábito.
Hábitos e vícios - "Preciso me exercitar, vou voltar a caminhar", promete Thabata Campos, de 16 anos.
Em casa, a alimentação é equilibrada, resultado das preocupações da mãe.
Ariane Constantino, de 16 anos, também confessa ser sedentária. "Venho para a escola a pé.
Agora, vou começar a caminhar também na volta para casa."
A escolha dos alimentos é o ponto fraco de José Renato de Souza, de 16 anos.
"Adoro carne, fritura e ovo. Preciso mudar." Sua colega de classe Larissa Pinter, de 16 anos,
tem de mudar alguns hábitos na alimentação. "Meu problema são os queijos amarelos."
Carne bovina, fritura, ovo e queijos amarelos elevam o colesterol.
"É bom aprender logo como podemos ajudar a controlar o colesterol. Estamos nos preparando
para quando ficarmos mais velhos", diz o estudante Philipe Cardelli, de 16 anos. Apesar de
jogar bola todo domingo, ele já faz planos para incluir caminhadas diárias em sua rotina.
"Também vou diminuir o consumo de alimentos gordurosos."
Colesterol elevado (acima de 200 miligramas por decilitro de sangue) é fator de risco
para as doenças do coração. Em torno de 70% do colesterol é produzido pelo próprio
organismo. Os 30% restantes são resultado da ingestão de alimentos ricos em gorduras,
principalmente as de origem animal.
Há dois tipos de colesterol: LDL e HDL. O LDL é o mau colesterol, responsável por carregar
as partículas de gordura para dentro dos vasos sanguíneos, entupindo-os. São essas
obstruções que provocam enfartes e derrames. O HDL é conhecido como o colesterol bom
porque carrega a gordura para o fígado. Lá, ela é metabolizada e eliminada pelo intestino.
Só mesmo alimentação equilibrada e atividade física regular são capazes de combater o
colesterol alto. Na alimentação, os especialistas recomendam abusar dos vegetais e reduzir
o consumo de gordura saturada (presente em produtos de origem animal). As carnes
devem ser magras, como a de frango sem pele e a de peixe. Leite e iogurtes devem ser desnatados.
A Organização Mundial da Saúde recomenda 30 minutos de atividade física, todos os dias,
para prevenir doenças crônicas como as do coração.
Para os sedentários, a caminhada é o melhor exercício.
"O HDL aumenta com a prática de atividade física regular", lembra Eneide.
Mesmo quem toma remédios para baixar o colesterol precisa mudar de hábitos.
Os medicamentos são usados apenas para ajudar no controle dos casos mais graves.
Sozinhos não fazem milagre