DEVIRES
Paola Caumo

 

NÃO ME NEGO À LOUCURA

Oh, adorável loucura,
Leva-me para os teus braços!
E arranca-me desse lugar de dor
E penosa realidade!

Sim! Tu que és a salvação,
Dos soldados em retirada,
Dessa vida por demais massacrante,
Leva-me para os teus labirintos,
Aonde as esquinas sem nexo
São remédio para o insuportável caminho!

Mostra, a quem tenta entender-te,
Que somos de outro planeta
E que viajamos com os cometas,
Buscando a beleza sem fim no cosmos
Desta vida obsoleta!

E diga,
Que não queremos anestesia,
Que nos deixem à revelia,
Deste mundo que criamos!

Não queremos ser normais,
Não queremos ser iguais,
Deixem-nos ser diferentes,
Mesmo no ranger de dentes,
No mais forte dos pesadelos.

Sanidade dói demais,
Para quem não suporta o sentir
Que carrega dentro de si...

Deixem-nos, no mundo das artes,
Dos desajustados, dos desassociados,
Não queremos a hipocrisia,
Essa falsa alegria
(Sorriso cínico, viagem autorizada),
Não somos foras-da-lei,
Nascemos com DNA marcado,
De sentimento exacerbado!

Ó loucura,
Protege-nos do mundo!
Tu que nos aceitas vagabundos,
Com todas as mazelas que a
Sociedade condena e reproduz,
Com títulos e honrarias,
Deixa-nos ficar aqui!
No lugar dos sem-lugar,
Antes que o espelho da
Insanidade o atravesse
E com fúria crie um novo Aldol.


Paola Caumo
19/fevereiro/2004

 

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