Fernando Pessoa

 

Não quero rosas, desde que haja rosas.
Quero-as só quando não as possa haver.
Que hei-de fazer das coisas
Que qualquer mão pode colher?

Não quero a noite senão quando a aurora
A fez em ouro e azul se diluir.
O que a minha alma ignora
É isso que quero possuir.

Para quê?... Se o soubesse, não faria
Versos para dizer que inda o não sei.
Tenho a alma pobre e fria...
Ah, com que esmola a aquecerei?...


Fernando Pessoa
7-1-1935


 

 

 

Fernando Pessoa

 


Copyright © 2004 O POETA II de Jorge Humberto - Todos direitos reservados | Web Designer Paola Caumo

setstats 1