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Premiere, fevereiro 2005, versão em português
colaboração e tradução: Ale (being
keanu reeves)
Depoimentos--
Kathryn Bigelow, director, Point Break
(1991)
Sandra Bullock, costar, Speed (1994)
Glenn Close, costar, Dangerous Liaisons (1988)
Jan De Bont, director, Speed
Francis Ford Coppola, director, Bram Stokers Dracula (1992)
Tim Hunter, director, River's Edge (1986)
Shia LaBeouf, costar, Constantine (2005)
Francis Lawrence, director, Constantine
Richard Linklater, director, A Scanner Darkly (2005)
Nancy Meyers, director, Something's Gotta Give (2003)
Carrie-Anne Moss, costar, The Matrix (1999), The Matrix Reloaded (2O03), and
The Matrix Revolutions (2003)
Jada Pinkett Smith, costar, The Matrix Reloaded and The Matrix Revolutions
Joel Silver, producer, The Matrix, The Matrix Reloaded, and The Matrix
Revolutions
Ione Skye, costar, River's Edge
Erwin Stoff, manager
Charlize Theron, costar, Devil's Advocate (1997)
Gus Van Sant, director, My Own Private Idaho (1991)Alex Winter, costar, Bill &
Ted's Excellent Adventure (1989) and Bill & Ted's Bogus Journey (1991)
" Seu tempo com Mr Reeves começa agora!" Keanu Reeves brada em sua voz
poderosa. Alguns hóspedes bem penteados tomando cocktails no saguão do Hotel
Chateau Marmont em Los Angeles param no meio da conversação, inseguros se
deveriam abafar o riso ou olhar para trás. Teriam sido pegos olhando? Ele está
falando sério? Em meio ao silêncio que se seguiu todo mundo está
desconfortável, exceto Mr. Reeves, que balança sua cabeça e ri, um pouco
dementemente. Quando ele está de bom humor, Keanu Reeves é um exemplo infantil
do teatro do absurdo, revelado em “non sequiturs, impromptu personificações”
(ele faz um ótimo Pacino), e ocasionais impulsos inesperados, como "Bluuuuhhh!"
toda vez que Bram Stoker's Dracula é mencionado. Distante do tipo "engraçado
ha-ha," seu senso de humor é melhor descrito "engraçado hmmm . . ." e é as
vezes hilário e muito desconcertante.
Claro que chamar Reeves, 40, de enigma
não é novidade. Por quase duas décadas ele tem feito uma carreira estarrecendo
críticos e também a audiência. Mais que qualquer outro ator de sua geração ele
tem passado por especulações de todo tipo, que vão de sua inteligência ao seu
salário – que foi às nuvens após o sucesso de $1.6 bilhão de dólares da
Trilogia Matrix – de sua orientação sexual a talvez o que seja mais doloroso,
seu talento. Pesquise “Keanu Reeves” e “mau ator” no Google e você vai achar
mais de 7.000 citações. E ainda, é difícil encontrar um astro que tenha se
tornado tão indistinguível de seus personagens como ele conseguiu. Dezesseis
anos após o lançamento de As Aventuras de Bill e Ted ele continua sendo visto
como o aloprado de bom coração. (A ironia é que isso não passa despercebido
para ele, que ri e diz, “Eu realmente estava bem naquele papel”). No entanto é
igualmente tentador tachá-lo como um ícone de moralidade—vide Siddhartha (Little
Buddah), Neo (The Matrix)- e quanto mais velho ele fica, mais interessado ele
está em explorar as entranhas da natureza humana. No seu próximo filme, A
Scanner Darkly, ele fará um policial viciado que desenvolve uma dupla
personalidade. E nesse mês, em Constantine, ele estrela como um fumante
anti-herói. “E ele tem que ceder. Ele está cansado e é cínico, mas
esperançoso, sabe? Ele já viu de tudo.”
"INOCÊNCIA IMPOSSÍVEL "
Keanu Reeves: Meu primeiro comercial foi
da Coca-Cola. Eu tinha que estar todo suado e passar a garrafa na minha testa.
Antes disso eu participei de uma série chamada Going Great. Eu costumava sair
e encontrar garotos criadores de abelhas e uma menina que estava aprendendo a
lançar dardos. A história que eu conto é estar com quinze anos e ir até minha
mãe e dizer “tudo bem se eu me tornasse um ator?”. E ela disse “claro”. Pouco
depois eu estava tendo aulas a noite; a primeira aula foi baseada na obra de
Uta Hagen, Respeito pela Atuação.
Erwin Stoff: Eu o conheci por causa de
seu padrasto (diretor Paul Aaron) desde que ele tinha treze anos. De um lado
ele era obviamente um garoto indisciplinado e rebelde, mas com uma tremenda
sinceridade. Mas, você sabe, quando alguém se muda para Los Angeles para ser
um ator, você não pode ser assim alegremente.
Keanu Reeves: Eu consegui meu Green
Card; levou quase um ano para que eu saísse da cidade. Eu tinha um carro, um
Volvo inglês ano 1969 que eu comprei do cara que me ensinou a dirigir. Os
buracos no assoalho eram tampados com jornal. Foi uma máquina marcante em que
eu experimentei muitas aventuras. Amigos e eu dirigimos de Toronto para
Montreal, fumávamos erva na noite anterior. Você tem dezessete anos, está com
seu primeiro carro, não está indo para a escola, o que você pode fazer?
Erwin Stoff: Recebi um chamado dizendo
que ele estava vindo, será que eu poderia ajuda-lo. Eu comecei a envia-lo mais
como um favor do que por qualquer outra coisa.
Tim Hunter: Eu estava procurando por um
jovem que não parecesse um membro de nenhum “brat pack” . Keanu tinha essa
qualidade. Eu havia identificado isso quando eu dirigi Matt Dillon em Tex: não
muita experiência, nem maus hábitos e uma real necessidade de entender a fundo
o que estava fazendo, e saber que isso era honesto.
Glen Close: Eu ainda estava muito
cansada devido à viagem de avião quando Stephen Frears organizou a picnic em
Paris. Eles tinham um ônibus enorme para o elenco. Nós estávamos todos fora do
hotel e acabamos esperando por Keanu. Ele foi o último a chegar. Seu cabelo
estava cmprido, ele usava calças muito largas e uma jaqueta enorme, militar,
ou algo parecido. Ele era algo como um grande cão São Bernardo. Você poderia
pensar que se jogasse uma bola ele correria e pegaria. Eu me lembro pensando,
“Esse vai ser meu interesse romântico?”
Francis Lawrence: Eu e ele estávamos
sempre nos encontrando no Hotel Chateau Marmont. Estávamos nos preparando para
Constantine, mas ele estava filmando Alguém tem que Ceder. Minha mulher e eu
estávamos comendo na sala de jantar e ele chegou meio tropeçando com uma coisa
na mão, “O que você está fazendo”, perguntei, e ele “Oh, nada, eu acabei de
chegar do trabalho. Vou fazer um bife”. E lá foi ele para a cozinha.
Francis Ford Coppola: Winona Ryder
naquele tempo estava saindo Johnny Depp, e eu o queria para fazer o filme. O
estúdio achou que ele não era uma estrela o suficiente. Eu fiquei tão
embarassado. Então eu disse para Winona , “O que você acha? Que estrela você
acha que iria fazer isso?” E ela disse “Keanu”. Eu o achei muito simpático e
fiquei tocado com sua sinceridade
Keanu Reeves: Bertolucci disse que
gostaria que eu fizesse Siddhartha (in 1994's Little Buddha). Eu perguntei
para ele porquê, e ele me disse que era por que eu tinha uma “impossível
inocência”.
Francis Ford Coppola: Em um ponto das
filmagens de Drácula o elenco estava vivendo na minha casa em Napa Valley.
Eles estavam se comportando e vivendo como se todos fossem meus filhos, sabe.
Teve uma vez que eu fui à cozinha e lá estava Keanu, de camiseta, tinha
acabado de acordar. Ele estava comendo biscoito e tomando cerveja. Foi
engraçado por que meu próprio filho não estava mais conosco (havia falecido há
alguns anos) - Eu já havia visto ele fazer aquilo, sabe. É uma imagem que eu
vou sempre lembrar.
Keanu Reeves: Foi ótimo estar naquele
ambiente: sair para uma corrida de manhã, olhar para as estrelas a noite, ir
na biblioteca do Francis, passar um tempo com ele. Você sabe, assistir Tom
Waits cantarndo "Waltzing Matilda" para Winona ao piano, Winona chorando. Foi
uma vida linda. “Les enfants du paradis”.
"ELE NÃO É TED"
Keanu Reeves: Eu tenho uma alegria de
viver e eu penso que eu me concentrei nisso em Ted. Ele não julga. Ele quer
ver o melhor e é vivaz da melhor forma. Eu não sei, ele está em estado de
graça.
Alex Winter: Os testes eram como uma
versão assustadora e ácida de A Chorus Line. havia cerca de duzentos. Éramos
eu. Pauly Shore, Keanu e Kiefer Sutherland e alguém mais. Nos foram dadas
cenas para fazer: Circle K, encontrando nós mesmos. Eles estavam tentando ver
quem ficava melhor com quem. Quando eu soube que tinhamos conseguido o papel e
fomos até o escritório da Interscope para conversarmos com o produtor, Keanu
pensou que ele seria Bill e eu pensei que seria Ted. Então o assistente veio e
disse que era o oposto. Keanu ficou cinza, eu disse. "O que deu errado?" e ele
disse "Eu realmente queria fazer Bill".
Gus Vam Sant: Keanu ficou completamente
invisível naquele papel. Algumas vezes os atores se pegam fazendo uma coisa
que eles fazem de melhor. Para Keanu foi esse garoto bobão e engraçado. É um
tipo perigoso de personagem para se fazer tão bem por que as pessoas olham
para você no próximo filme e se lembram do personagem anterior. Acontece um
pouco disso em Idaho.
Alex Winter: Talvez ele tenha alguns
“Whoas” e “Dudes” nele ainda, mas ele não é Ted. Ele é um burguês, intelectual
tímido de Toronto. Ele não poderia estar mais removido do “So-Cal rat”.
Richard Linklater: Ele é um autodidata,
tipo de cara que aprendeu com a vida. É o meu tipo favorito. E quero dizer,
nunca terminei o colégio ou qualquer coisa. Eu meio que senti que estávamos
vindo do mesmo lugar. Você sabe, você tem suas falhas.
Glenn Close: No começo da carreira ele
meio que deixou transparecer essa coisa de ser meio que um bobalhão. Eu acho
que o oposto é verdade. Ele estava sempre lendo um livro interessante e ele
parecia interessado em outras coisas que não ser apenas um ator, o que me fez
pensar que ele iria sobreviver.
Erwin Stoff: Os papéis seminais para ele
foram em Dangereous Liaisons e Parenthood. Ele propositadamente não aceitou
papéis principais que conflitassem com esses filmes por que ele sentia que seu
futuro seria definido por diretores como Stephen Frears e Ron Howard, atores
como Michelle Pfeiffer, Swoosie Kurtz e John Malkovich. A idéia, naquele
ponto, era não continuar estrelando filmes adolescents. Eu queria que ele
tivesse uma carreira real.
Joel Silver: Eu amo que a falácia de que
Keanu é um bobo está espalhada pelo mundo.
Erwin Stoff: Essa é a verdade: Keanu
olhou para Bill e Ted como uma criação, da mesma forma como ele fez My Own
Private Idaho. Mas por que o primeiro foi ridiculamente bem sucedido, criou
toda essa idéia de ícone. E por que ele também não facilitava com a imprensa
tornou-se moda as pessoas dizerem, “Oh, é isso que ele é, ele é o Ted.”
Keanu Reeves: Alex e eu fomos para o
Arizona, e nós estávamos sentados em um McDonald’s, esperando. Nós voltamos
para o escritório da produção e ouvimos um cara dizendo, “Eu estava
atravessando a rua e vi Bill e Ted de verdade!” Nós entramos na sala e ele
disse: “Eram vocês!”. Isso não é ótimo? Eu amo isso. “Somos nós cara!”
"HE GETS WOMEN"
Keanu Reeves: Eu nunca me vi como um
ídolo adolescente.
Ione Skye: Eu o conheci durante um
teste, e estávamos com uma produtora de mais ou menos quarenta anos. Quando
ele saiu da sala ela disse, “Meu Deus! Ele não é maravilhoso?” Eu vi então que
mulheres de todas as idades iriam cair por ele.
Nancy Meyers: Ele estava incrivelmente
excitado para encontrar Diane Keaton. Eu acho que ele era, na vida real,
atraído por ela. Eu encontrei outros atores para o papel e eles diziam coisas
como “Você realmente acha crível que um cara da minha idade se apaixone por
uma mulher daquela idade?” Keanu não tinha esse comportamento.
Tim Hunter: Ione tinha apenas quinze
anos naquela época. Eu posso dizer que ela não tinha muita experiência com
garotos, então me encontrava, ocasionalmente, na incômoda situação de pedir
algo relacionado com sexo entre adolescentes para uma garota que provavelmente
nem tinha feito tudo aquilo ainda. Nós estávamos filmando a cena no parque e
estava um frio congelante. Eu apenas me lembro de estar em estado de miséria.
Foi maravilhoso para mim que Keanu e Ione puderam fazer aquela cena, que eles
fizeram sem reclamações -- e com muita calma -- cena após cena, bebendo
aquelas cervejas e deitando naqueles sacos de dormir.
Ione Skye: Nós estávamos totalmente
brincando em volta enquanto eles estavam mexendo na iluminação. Eu estava me
sentindo bem com ele, mas então as camêras começavam a rodar e o pobre Tim
estava como, "Você parece estar lendo um jornal. Você deve parecer que está se
divertindo". Ele era super sensual, com todo aquele cabelo esparramado. Depois
que fizemos a cena de amor nós fomos tomar café da manhã no IHOP.
Charlize Theron: Quando eu o encontrei
ele tinha tido um acidente de moto bem grave e a sua perna estava engessada.
Eu amei como ele, mesmo depois do acidente, não estava abalado por isso. Ele
estava esperando para tirar o gesso e pular na moto de novo. Eu disse,
brincando, “Deus, eu sempre quis aprender a andar de moto”, e ele disse, “Bem,
eu vou te ensinar”. Um ano se passou e ele não esqueceu. Nós terminamos o
filme e ele disse: “Bem, tem um estacionamento em Highland...” Foi ele quem me
ensinou a pilotar uma Harley.
Jan De Bont: Ele não é perigoso nem para
os homens ou para as mulheres. Ele é atraente para ambos. Essa é a chave.
Gus Van Sant: As pessoas acreditavam que
ele tinha se casado com David Geffen. Uma vez eu perguntei a Geffen sobre
isso, e ele disse: “Aquela foi uma boa história, quem quer que tenha
espalhado.” (ambas as partes negaram o boato)
Sandra Bullock: Ele sai com mulheres.
Ele as entende. As ama.
Nancy Meyers: A primeira vez que ele a
beija, eu queria que Diane estivesse curiosa, mas relutante. Mas ela estava,
meio que, loucamente beijando ele de volta. Eu tive que interferir e dizer,
“Não Diane, não aprecie tanto isso. Você está apaixonada pelo Jack (Nicholson).”
E ela disse, “Oh-oh, oh, okay.” Ele foi tão adorável. Ela esqueceu totalmente
o contexto da cena.
Keanu Reeves: Achar o balanço correto
para aquele personagem foi um agradável desafio, por que ele se coloca de
lado. Ele quer o melhor para ela. E pensei: ""He's a caregiver--he's a
caregiver of the heart."
"HOLDING THE MIRROR UP TO NATURE"
Keanu
Reeves: algo que faço é, se vc está interpretando um personagem q está ali
fora, vou procurá-lo. Para Dracula, fui a Londres. para o Dom da Premonição,
fui a Savana, fui a algumas reuniões de apoio a vítimas de maus tratos. Tive q
sair e procurar..
Nancy
Meyers: ele foi ao hospital do script, Southhampton Hospital. Foi a sala de
emergencia e observou O médico de plantão o apresentou como seu amigo Mr.
Reeves - de jaleco - de pé junto às camas. Keanu me chamou no dia
seguinte e me contou como foi. Ele disse "Bem, creio q devíamos ter ..." e eu
disse, "Colega, que quer dizer, nós?" Ele estava completamente envolvido..
Francis Lawrence: Eu e ele encontramos
um sacerdote. Nós aprendemos sobre os diferentes versos que podem ser usados
em um exorcismo. Nós conseguimos alguém que trabalhou com Mel Gibson em A
Paixão de Cristo, e ele veio ajudar Keanu com seu latin. Nós também visitamos
um oncologista para falar sobre câncer no pulmão -- como é a tosse, como a
pessoa aparenta. Nós tentamos filmar em ordem para então podermos ver sua
deteriorização. Havia dias em que Keanu estava meio verde por causa da
quantidade de cigarros que o fizemos fumar.
Jan De Bont: Quando nós o teste inicial
para o filme ele tinha os cabelos nos ombros. Duas semanas antes das filmagens
começarem ele cortou o cabelo muito curto. Isso foi correto por que tiras usam
cabelo curto. Ele queria ter certeza de que estaria parecendo um policial da
SWAT. Todo mundo ficou chocado.
Gus Van Sant: River Phoenix me pediu
para deixar a cena da fogueira para o final por que seria a mais difícil. No
roteiro não havia intimidade, e então o tempo passou e ele acrescentou
material: quando falando que ele amava o outro cara, ele acrescentou essas
palavras. "Eu realmente quero beijá-lo" é uma fala do River. Meu pensamento
era, "Tudo bem, cadê o Keanu? Ele sabe disso?" E River disse: "Keanu sabe de
tudo isso". Os dois criaram aquela cena. Eles vieram para o set sabendo falas
que eu não sabia. Eu os vi escrever algumas coisas, mas não congui
decifrá-las.
Shia LaBeouf: Ele tem uma pasta que ele
carrega na pré-produção quando ele está estudando o personagem. Ele fica
escrevendo um monte de anotações, sabe. E ele é discreto sobre isso. (...)
você se sente como um idiota que nem conhece seu personagem muito bem.
Gus Van
Sant: eu tinha a sensação de q ele havia vivido uma ida não muito diferente de
seu personagem shakespeareano. Quer dizer, obviamente, o principe Hal não se
prostituia.Era mais um modo de sobrevivencia. Havia uma espécie de forte
amargura contra a figura paterna. Te faz pensar nisso, neste tipo de coisa que
provavelmente podíamos ter falado quando estávamos preparando o papel.
Keanu Reeves: Eu sempre considerei que
há o personagem e há o ator. Essas duas entidades se encontram e no processo
eu aprendo sobre o personagem e o personagem aprende sobre mim. Então você
está segurando um espelho diante da natureza --mas essa natureza é você mesmo.
"I DIDN'T MESS WITH HIM WHEN HE WAS IN THE ICE"
Keanu Reeves: Eu levo o escritório para
casa.
Richard Linklater: O cara nunca pára.
Ele continua me desafiando, como, “Esse outro livro de Philip K. Dick, aqui
está o que ele diz sobre isso – eu traduzi os trechos em Alemão.” Eu acho que
ele senta no quarto de hotel e trabalha.
Shia La Beouf: Ele é tão duro consigo
mesmo ao ponto de depressão . Vai além da arte para ele. Se ele sente que não
está bem em uma cena, ele vai embora irritado, ele acorda irritado, volta para
o set irritado, e então tenta se concentrar. Tão logo a cena é feita, você vê
seu corpo todo relaxar.
Richard Linklater: Toda vez que ele faz
um take, “Oh isso não presta, vamos fazer de novo.” Ele está falando com ele
mesmo, mas soa como se ele estivesse gritando com outra pessoa.
Jan De
Bont: no meu set ele sempre recitava Shakespeare. De repente, ele vinha
caminahndo pela autopista recitando seções inteiras de diferentes obras - e o
fazia em voz alta, como se houvesse público ali. Algumas vezes se dirigia a
uma pessoas e continuava a recitar. Não era um capricho. Creio que fazia
sobretudo porque queria ser um ator melhor.
Joel
Silver: os irmãos Wachowski queriam ver os quatro atores principais dominando
as artes marciais.No principio eu dizia: "Vcs estão malucos, se quer\ alguem
para pintar sua casa contrate um pintor. Não contrate um ator para fazê-lo
crer q é um pintor. Vamos usar dublês". Olhe, tem q ver Keanu. Ele é um
fanatico. Encarou tudo como se fosse um atleta. Treinava e treinava. Penso q
foi seu perfeccionismo q levou os outros atores a fazerem o mesmo. Quando o
viram fazendo, todos o imitaram.
Jada
Pinkett Smith: estávamos em Oakland, e havia uma grande banheira cheia de
gelo. Perguntei, isto é para por bebifas ou o que? E me disseram: "é para o
Keanu".Não entendi, porém, qdo comecei a treinar, me doía o corpo inteiro. e
disse a mim mesma "você sabe, necessito de uma dessas"
Kathryn Bigelow: ele foi ao Hawai, q admite não ser necessariamente o melhor
lugar para aprender surf porque as ondas quebram muito longe, e tem uma
barreira de coral. Quer dizer, não é como a praia de Waikiki. Eram ondas muito
difíceis, mesmo para alguem mais experiente, Havia elementos q ele trouxe ao
personagem q eram estupendos.
Keanu Reeves: Eu acho que eu tive muito
treino acontecendo. Eu estava surfando, atirando, Rick Neuheisel tentou me
ensinar a jogar uma bola de futebol. É uma ótima coisa a se fazer, se você
aguentar isso.
"WELCOME TO SUPERSTARDOM, BABE"
Keanu Reeves: Eu saio muito pelo mundo,
e ninguém liga. De vez em quando alguém diz oi.
Jada Pinkett Smith: Eu não queria ir
para o Japão. Então ele disse, “Ouça, eu vou fazer com que você tenha uma
ótima estadia.” Ele me levou para passear em lindos templos e em uma popular
área de compras. Nós estávamos andando e ele diz, “Eu preciso comprar um
presente de casamento para o Laurence (Fishburne) e sua esposa, talvez alguma
antiguidade”. Então nós fomos a uma loja. Em questão de segundos, centenas de
pessoas nos abordaram. Olha, meu marido é Will Smith. Vamos deixar claro, ele
é um dos maiores artistas do mundo, e eu nunca vi tamanha loucura. Em todo
lugar que íamos eu começava a ver a agitação. No Japão, ele é Deus.
Shia LaBeouf: Nós estávamos em um beco
bem isolado, chegamos às seis da manhã, e não tinha ninguém lá. Onze horas,
ninguém por lá. Três, quatro, cinco horas -- um cara olha pela janela e diz:
"Meu Deus". Em questão de meia hora já havia mais de sessenta pessoas no beco.
Isso foi na periferia de Los Angelas, um lugar bem abandonado, de casas
velhas, e lá estava ele assinando autógrafos para todo mundo naquele prédio.
Nós tivemos que parar as filmagens até que ele terminasse. Eu sei por que ele
continua trabalhando. Ele respeita seus fãs imensamente.
Joel Silver: Nós estávamos voltando do
Japão em um dia e ele queria ler cada crítica de Matrix. Alguns realmente
falavam mal dele e eu disse: " Não deixe que isso o perturbe. Você chegou em
um ponto onde você está ganhando o quanto você está ganhando e eles vão acabar
com você. Benvindo so estrelato, babe."
Keanu Reeves: Eu estava passeando pela
Champs Elysees e ouvi "Maman, maman! C'est Neo!! Neeeeoooo!!" Era um garotinho
e sua mãe e eu tinha acabado de passar por eles. Eu estava todo encapotado e
parei, olhei para trás e disse, “Oi”. Ele ficou parado me encarando. Aquilo
foi muito cool.
"THE HERO'S JOURNEY“
Keanu Reeves: Neo apenas quer ficar com
Trinity, fazer amor, ter filhos. Viver uma vida, sabe. Eu sempre disse isso
aos irmãos Washowski. Por que ele deixa de lado sua vida, e esse ato faz parte
da jornada do herói: a descoberta de si mesmo, o sacrifício para a restituição
da comunidade. É um tipo de definição clássica do herói.
Joel Silver: Nós começamos a filmar em
1998, e durante o curso daquele período ele passou por muitas tragédias.
(Depois da filmagem do primeiro filme a filha de Reeves com sua namorada na
época, Jennifer Syme, nasceu morta; em 2001, após o casal ter rompido, Syme
morreu em um acidente de carro). O personagem aconteceu antes da tragédia mas
ele passou por isso.
Carrie Anne Moss: Eu acho que isso deu a
ele muito consolo ter aquele grupo de pessoas que o amavam, e que nós
estávamos todos fazendo juntos algo que amávamos. Era como uma família unida.
Joel Silver: Para mim Keanu É Neo. Tem
um momento no primeiro Matrix, na luta do metrô com o agente Smith, onde Keanu
levanta e diz “Tudo bem, venha aqui.” Eu amo aquela imagem de auto-confiança,
a força, a fé em si mesmo de que ele poderia vencer aquela luta.
Keanu Reeves: Eu me lembro sentado à
beira do rio Ganges, e eles tinham templos, e nos outro lado acontecia um
funeral onde eles reverenciam os mortos. Eles tinham também uma coisa chamada
"Circulo da Vida": turistas na ponte, pessoas queimando seus parentes,
apartamentos construídos na pedra, crianças brincando, macacos correndo atrás
de cachorros, cachorros correndo atrás de macacos, videntes, sacerdotes hindus
(...) Eles falam sempre em compaixão e encontrando o momento de ver a vida e a
morte, a permanência. Eu me lembro sentado lá e aproveitando o momento, vendo
a beleza da vida.
Ione Skye: Eu tenho uma imagem dele
sentado na sarjeta de uma rua. A sua moto tinha quebrado e nós paramos para
dizer, “hey, Keanu, quer uma carona?”. Ele não estava bravo, nem nada, somente
tranquilo, completamente independente. Você definitivamente não ficaria
preocupada, apenas como, “posso ajudar?”. Apesar de ele ter tido algumas
tragédias, você acredita que ele tem sorte. Ele é até mesmo abençoado e
mágico.
Carrie Anne Moss: Quando Neo, no
primeiro Matrix, é alvejado e as balas vão em sua direção, ele coloca suas
mãos à sua frente e tem aquele olhar que é tão Keanu, como, “Chega”. Se há
algo acontecendo no mundo e não está certo, você vê que isso o fere. Mesmo uma
simples injustiça, como alguém não estar sendo tratado de forma correta. Você
sabe, você pode entender por que ele tem interpretado esses tipos de
personagens que ele interpreta.
Richard Linklater: O mundo do cinema
atrai pessoas que estão procurando por um universo alternativo, algo
transcedental para si mesmas. Você tem que ser capaz de rir da vida e das mais
profundas ironias – tem aquele ligeiro fatalístico, “Oh, nós estamos
ferrados”, humor nisso—e Keanu certamente tem.
Keanu Reeves: Sim. Mr Reeves não é mais
um inocente.