JÁ PASSAMOS DO
LIMITE
Que diferença há entre um
encontro de uma cadela e um cachorro, nas esquinas sociais da vida, e um
encontro entre uma jovem e um jovem, nas telas anti-sociais das cenas que,
diariamente, invadem a vida de todos os que estão buscando algo na Vida?
Quem responder, seria capaz de ver alguma diferença?
Fiz esta pergunta a muitas pessoas e todas disseram
não haver nenhuma diferença, já que em ambas as cenas há uma ausência
gritante de princípios e de respeito.
Foi então que, depois de escutar estas respostas,
me senti na obrigação, como pessoa, como ser social, como educador, de
pensar estradas para este assunto.
Há uma tremenda diferença que, observada, será traduzida em muitas
diferenças.
Quem ousaria
afirmar que quando se encontram, a cadela e o cachorro, não estão apenas
cumprindo os princípios da natureza que os impulsionam na direção de seus
instintos? Assim o é! Sensatamente, não há quem possa
negar.
Quando uma jovem e um
jovem, em horários acessíveis e vazios de opções dignas, se submetem aos
desmandos e desrespeitos de interesses comerciais e desequilibradores e se
encontram, praticando cenas tão semelhantes aos atos do cachorro e sua
cadela, estão sim com toda ausência de princípios e respeito. E então,
ninguém poderá afirmar que estão sendo comandados pela natureza. Talvez
pela natureza de seus desequilibrados instintos, jamais a natureza
equilibrada da Natureza.
Por que
entrei neste tema? Porque uma grande parte das pessoas que são
observadoras e absorvedoras destas cenas são indefesas. São pessoas que
não têm ferramentas, não têm armas com as quais possam se livrar de
tão terríveis ataques. Quem? Nossas crianças! Nossos
jovens!
Quando um adulto presencia as duas situação que
citei no início desta conversa, ele gosta de uma, repele, abomina a outra.
Se interessa por uma, ignora a outra. Grava e depois repete uma e,
provavelmente, por tantos ataques sofridos, sequer se lembrará da
outra.
E quando uma criança
presencia cenas do nível das que citei? Um grande tumulto se inicia em seu
mundo. Como o mundo da criança é um mundo puro, em formação, um tumulto em
seus passos é algo terrível. Tão terrível que pode e, muito
frequentemente, abre crateras profundas. Essas crateras trarão muitos
desvios aos rumos futuros desta criança.
A criança, em sua pureza, em sua formação mágica,
sublime e lúdica, é muito sensível e funciona como uma
esponja.
Vamos
experimentar? Pegue uma esponja limpa. Mergulhe-a num balde de leite.
Sairá cheia de leite. Num balde de mel, sairá cheia de mel. Num balde de
lama, sairá cheia de lama.
Para uma criança, por mistérios simples da própria Vida, é muito difícil,
se não impossível, filtrar cenas como as comentadas antes e tirar destas o
que é útil e o que não é importante. Então, a criança vai se envolvendo,
sendo contaminada, sendo lambuzada e, ... viram no que deu? Olhe onde
estamos chegando!
Não precisa
ser um gênio, tampouco um profeta para perceber que as cenas grotescas às
quais os olhos e os sentidos humanos estão sendo submetidos provocaram,
aumentaram e mesmo causaram os males sob os quais a sociedade tanto geme
hoje e, sabe-se lá o que nos virá com o despertar do próximo sol.
Com a estréia da próxima programação.
Com a corrida gananciosa do progresso, da vaidade,
do consumismo, dos desequilíbrios tantos dos últimos dias, está ficando
impossível se manter limpo, seguro, sem sair dos trilhos. A sociedade está
sendo empurrada por uma arma, um inimigo muito perigoso: a
mídia. Querem consumistas. Querem despersonalizados. Querem
deseducados. Querem infelizes. Então, vale tudo. Tudo. Inclusive nada. Eu
não disse no início? Olhe ao seu redor, escute e verá onde nos meteram. É
loucura pra espantar qualquer hospício. Onde estão nossas raízes? Onde
está nossa dignidade?
E as crianças? E os
adolescentes? Bem, estão nos shopping, nas esquinas, nos jogos
eletrônicos, nos noticiários das páginas policiais,
basta!
Educar, que já foi um
Dom, uma Arte, uma satisfação para nossos pais, nossos avós, nossos
professores (no meu tempo eram nossos mestres!), toda essa beleza, para
muitos sagrada, está se tornando hoje uma tarefa tão árdua, quando não
impossível, que para muitos é uma tragédia.
Claro. Se lembra da esponja? Somos o que
conhecemos. Conhecemos o que absorvemos. Absorvemos o que observamos.
Observamos o que nos mostram, o que buscamos e encontramos. O que
enxergamos e escutamos!
É simplesmente impossível conviver com as
situações grotescas que a vaidade, o consumismo, a brutalidade atual estão
nos empurrando. Em um experimento que compus, cheguei a dizer que: ou
paramos, pensamos, mudamos de atitude ou não sobrará ninguém para trancar
os portões. Pensando bem, sem medo de assumir que cometemos muitos
deslizes, quem nunca o fez? Sabendo que estamos plantando o que seremos
amanhã, quem poderia dizer que estou exagerando?
Não somos bestas. Somos pessoas. Não somos
idiotas. Somos seres inteligentes. Não somos brutos. Somos seres
sensíveis. Não somos escravos. Somos livres. Não somos marionetes. Somos
seres pensantes. Seres criados à imagem e semelhança do
Criador!
Não podemos
continuar seguindo neste ritmo alucinante e doentio. Sei que sabem do que
estou falando.
Para finalizar esta nossa
conversa, que, espero, não será a última, quero pedir uma
coisa:
Pelo bem de
nossa raça, pela sublimidade da vida e pela educação de nossas Crianças,
por favor, desliguem a televisão!
DILENE
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