CENTRAL  DE  QUADRINHOS  BRASILEIROS - Super-heróis brasileiros 13 

      

Acima:  Revista "O Cruzeiro Infantil", estrelada por dois heróis: o Capitão Aza e o pouco visto cavaleiro Escarlate.

Abaixo: As duas versões do Capitão Gralha, a dos anos 40  (de Francisco Iwertwn), e a atual (no traço do J. J. Marreiro).


Capítulo 24: CAPITÃO AZA (por Paulo S. Campos)

Criado e interpretado por Wilson Viana num programa da televisão Tupi, o Capitão Aza foi um herói de carne e osso.

Wilson Viana já interpretara o Capitão Atlas, outro herói brasileiro criado para a televisão por Péricles Amaral. Esse herói  também ganhou sua revista em quadrinhos.

Em 1967, o programa infantil de maior sucesso da televisão brasileira era o Capitão Furacão, exibido pela Tv Globo, antes de se tornar essa potência onipresente. O Capitão Furacão era interpretado por Pietro Mário Francesco
Bongiancchini.

O Capitão Aza foi criado na intenção de “derrubar” o Capitão Furacão. E o que conseguiu! Exibido de 1967 a 1978, foi o programa infantil que mais sucesso alcançou, em todos os tempos. Wilson Vianna abandonou o programa porque ficou 10 meses sem receber salário. Dessa forma,  não tem herói que suporte!

Como era o período militar, enquanto o Capitão Furacão homenageava a marinha, o Capitão Aza, por sua vez, homenageava a aeronáutica.

E antes que alguns pensem se tratar de erro de português, o Capitão Aza é mesmo grafado com Z, pois trata-se de uma homenagem ao Capitão Adalberto Azambuja, um veterano da FAB que lutou e morreu na 2ª Guerra.

O Capitão Aza, a princípio, usava um capacete com duas asas desenhadas. Tal fantasia o deixou famoso. Depois de algum tempo, o Aza passou a usar um boné e mostrar o rosto.  O personagem também ostentava o título de "Comandante Chefe das Forças Armadas Infantis".

Seu programa revelou a apresentadora infantil Martinha, sua assistente de palco. Apresentou também, pela primeira vez no Brasil, os seriados japoneses Ultraman, Spectroman, Robô Gigante, Vingadores do Espaço, e animes como Spped Racer, Astroboy e A Princesa e O Robô, além dos desenhos “inanimados” da Marvel Comics Group.
Wilson Vianna faleceu em 2003.

As Hqs do Capitão Aza circularam no gibi  “O Cruzeiro Infantil”  desde o numero 7 (julho de 1973), indo até o término da revista. Os textos e os desenhos eram de Ari Moreira. Nas aventuras, o herói aviador se mostrava sempre um grande amigo das crianças. Sempre em cores, Aza vivia suas aventuras pelo país, pilotando seu avião,  capturando  malfeitores, e sendo "sinônimo de defensor da lei e da justiça, e grande amigo das crianças", segundo o texto da primeira Hq publicada.

Na segunda fase da revista “O Cruzeiro Infantil”, no nº 5, o Capitão Aza ganhou um reforço: seu uniforme e capacete são recobertos de uma mistura de liga molecular e urânio, que o tornou indestrutível! Essa fase, escrita e desenhada por Willy, aumenta a dose de ação e aventura do super-herói. As histórias anteriores seguiam mais no ritmo dos primeiros heróis das tiras-diárias dos jornais.

Além do Capitão Aza, a nova fase da revista “O Cruzeiro Infantil” trouxe Apolino, defensor da terra em aventuras espaciais, como um simpático robozinho no traçado infantil de Elmiro. Suas hqs antecipavam a luta pelo pacifismo e a ecologia. Trouxe ainda a participação do Gigante Astral, um ser que era quase um deus, e auxiliava no equilíbrio universal.

Por derradeiro, a revista apresentou o Cavaleiro Escarlate. Esse personagem é uma criação de Bartolomeu Vaz, conhecido colecionador de quadrinhos que, pelo que consta, foi criador e  desenhista dessa única série. Sem o elmo, o Cavaleiro usava uma máscara assumidamente parecida com a do Carrasco, criação de Edmundo Rodrigues. Sua Hq mostrou-se muito influenciada pelo Príncipe Valente, do clima capa & espada. “Bartô”, como assinava na época, também produziu uma Hq do Capitão Aza, a qual ele almejava publicar no "Almanaque do Capitão Aza", pela mesma editora Cruzeiro, antes dessa vir a falir.
Bartolomeu Vaz, que só veio reaparecer e revelar ser desenhista quase 25 anos após a publicação do Cavaleiro Escarlate,  também teria tentado publicar a Hq  do Capitão Aza na Bloch, sem sucesso. Com o fim da editora a Hq do Capitão Aza produzida por Bartolomeu permanece inédita até  os dias de hoje.


Capítulo 25: CAPITÃO GRALHA (por Paulo S. Campos)

O Capitão Gralha é um obscuro super-herói brasileiro dos anos 40. 

O único exemplar existente conhecido de sua revista se encontra na Gibiteca de Curitiba.

Por sua raridade, a revista é cotada pelos colecionadores de super-heróis brasileiros em alguns milhares de reais.

Criado por Francisco Iwerten, o Capitão-Gralha era um alienígena fugitivo de um planeta de homens-pássaros regido pelo terrível Thagos, o usurpador.  Gralha encontrou refúgio na Terra, onde utilizava seus poderes alienígenas no combate ao crime, no Paraná.
Também foi creditado a Iwerten a criação do Dr. Destruição, um super-vilão obcecado pela letra D.

O Capitão Gralha é considerado o primeiro herói alado das Hqs, e bem antes do "Gavião Negro" da Dc e o "Anjo" da Marvel. Invariavelmente, trata-se de mais uma primazia que o Brasil dos quadrinhos se recusa a assumir. É o malfadado complexo de minimização voltando a agir.
Fica evidente que os estúdios de desenhos animados Hanna-Barbera também tomaram conhecimento do nosso Capitão Gralha, e a partir dele teriam criado suas próprias versões. A prova está nas animações "Homem-Pássaro" e "Falcão Azul  & Bionicão", todas posteriores ao Capitão Gralha.
Francisco Iwertem foi um primeiros desenhistas brasileiros a trabalhar para os EEUU, e portanto, pode-se deduzir que ele próprio teria levado ao exterior o conhecimento do seu personagem com asas.  Consta que na época da Segunda Guerra Mundial, Iwerten viajou para os EEUU, onde conheceu importantes estúdios de produção de histórias
em quadrinhos. Dentre os tais, o do Bob Kane, criador do Batman.

A revista do Capitão Gralha, foi publicada no início da década de 40 pela Gráfica Eclipse, e teve três edições. Um quarto número supostamente teria sido produzido, mas não há registros de seu lançamento. Iwerten faleceu em 1943.

Em 1997, uma edição especial da revista Metal Pesado foi lançada em comemoração aos 15 anos da Gibiteca de Curitiba. Nessa ocasião, em homenagem a Francisco Iwerten, a equipe criativa da revista criou o personagem O Gralha, descendente do Capitão Gralha original.

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