CENTRAL DE QUADRINHOS BRASILEIROS -
Super-heróis brasileiros
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Acima:
Revista "O Cruzeiro Infantil", estrelada por dois
heróis: o Capitão Aza e o pouco visto cavaleiro Escarlate. |
Capítulo 24: CAPITÃO
AZA (por
Paulo S. Campos)
Criado e interpretado por Wilson Viana num programa da televisão Tupi, o Capitão
Aza foi um herói de carne e osso.
Wilson Viana já interpretara o Capitão Atlas, outro herói brasileiro criado para
a televisão por Péricles Amaral. Esse herói também ganhou sua revista em
quadrinhos.
Em 1967, o programa infantil de maior sucesso da televisão brasileira era o
Capitão Furacão, exibido pela Tv Globo, antes de se tornar essa potência
onipresente. O Capitão Furacão era interpretado por Pietro Mário Francesco
Bongiancchini.
O Capitão Aza foi criado na intenção de “derrubar” o Capitão Furacão. E o que
conseguiu! Exibido de 1967 a 1978, foi o programa infantil que mais sucesso
alcançou, em todos os tempos. Wilson Vianna abandonou o programa porque ficou 10
meses sem receber salário. Dessa forma, não tem herói que suporte!
Como era o período militar, enquanto o Capitão Furacão homenageava a marinha, o
Capitão Aza, por sua vez, homenageava a aeronáutica.
E antes que alguns pensem se tratar de erro de português, o Capitão Aza é mesmo
grafado com Z, pois trata-se de uma homenagem ao Capitão Adalberto Azambuja, um
veterano da FAB que lutou e morreu na 2ª Guerra.
O Capitão Aza, a princípio, usava um capacete com duas asas desenhadas. Tal
fantasia o deixou famoso. Depois de algum tempo, o Aza passou a usar um boné e
mostrar o rosto. O personagem também ostentava o título de "Comandante Chefe
das Forças Armadas Infantis".
Seu programa revelou a apresentadora infantil Martinha, sua assistente de palco.
Apresentou também, pela primeira vez no Brasil, os seriados japoneses Ultraman,
Spectroman, Robô Gigante, Vingadores do Espaço, e animes como Spped Racer,
Astroboy e A Princesa e O Robô, além dos desenhos “inanimados” da Marvel Comics
Group.
Wilson Vianna faleceu em 2003.
As Hqs do Capitão Aza circularam no gibi “O Cruzeiro Infantil” desde o numero
7 (julho de 1973), indo até o término da revista. Os textos e os desenhos eram
de Ari Moreira. Nas aventuras, o herói aviador se mostrava sempre um grande
amigo das crianças. Sempre em cores, Aza vivia suas aventuras pelo país,
pilotando seu avião, capturando malfeitores, e sendo "sinônimo de defensor da
lei e da justiça, e grande amigo das crianças", segundo o texto da primeira Hq
publicada.
Na segunda fase da revista “O Cruzeiro Infantil”, no nº 5, o Capitão Aza ganhou
um reforço: seu uniforme e capacete são recobertos de uma mistura de liga
molecular e urânio, que o tornou indestrutível! Essa fase, escrita e desenhada
por Willy, aumenta a dose de ação e aventura do super-herói. As histórias
anteriores seguiam mais no ritmo dos primeiros heróis das tiras-diárias dos
jornais.
Além do Capitão Aza, a nova fase da revista “O Cruzeiro Infantil” trouxe Apolino,
defensor da terra em aventuras espaciais, como um simpático robozinho no traçado
infantil de Elmiro. Suas hqs antecipavam a luta pelo pacifismo e a ecologia.
Trouxe ainda a participação do Gigante Astral, um ser que era quase um deus, e
auxiliava no equilíbrio universal.
Por derradeiro, a revista apresentou o Cavaleiro Escarlate. Esse personagem é
uma criação de Bartolomeu Vaz, conhecido colecionador de quadrinhos que, pelo
que consta, foi criador e desenhista dessa única série. Sem o elmo, o Cavaleiro
usava uma máscara assumidamente parecida com a do Carrasco, criação de Edmundo
Rodrigues. Sua Hq mostrou-se muito influenciada pelo Príncipe Valente, do clima
capa & espada. “Bartô”, como assinava na época, também produziu uma Hq do
Capitão Aza, a qual ele almejava publicar no "Almanaque do Capitão Aza", pela
mesma editora Cruzeiro, antes dessa vir a falir.
Bartolomeu Vaz, que só veio reaparecer e revelar ser desenhista quase 25 anos
após a publicação do Cavaleiro Escarlate, também teria tentado publicar a Hq
do Capitão Aza na Bloch, sem sucesso. Com o fim da editora a Hq do Capitão Aza
produzida por Bartolomeu permanece inédita até os dias de hoje.
Capítulo
25: CAPITÃO GRALHA (por Paulo S. Campos)
O Capitão Gralha é um obscuro super-herói brasileiro dos anos 40.
O único exemplar existente conhecido de sua revista se encontra na Gibiteca de
Curitiba.
Por sua raridade, a revista é cotada pelos colecionadores de super-heróis
brasileiros em alguns milhares de reais.
Criado por Francisco Iwerten, o Capitão-Gralha era um alienígena fugitivo de um
planeta de homens-pássaros regido pelo terrível Thagos, o usurpador. Gralha
encontrou refúgio na Terra, onde utilizava seus poderes alienígenas no combate
ao crime, no Paraná.
Também foi creditado a Iwerten a criação do Dr. Destruição, um super-vilão
obcecado pela letra D.
O Capitão Gralha é considerado o primeiro herói alado das Hqs, e bem antes do
"Gavião Negro" da Dc e o "Anjo" da Marvel. Invariavelmente, trata-se de mais uma
primazia que o Brasil dos quadrinhos se recusa a assumir. É o malfadado complexo
de minimização voltando a agir.
Fica evidente que os estúdios de desenhos animados Hanna-Barbera também tomaram
conhecimento do nosso Capitão Gralha, e a partir dele teriam criado suas
próprias versões. A prova está nas animações "Homem-Pássaro" e "Falcão Azul &
Bionicão", todas posteriores ao Capitão Gralha.
Francisco Iwertem foi um primeiros desenhistas brasileiros a trabalhar para os
EEUU, e portanto, pode-se deduzir que ele próprio teria levado ao exterior o
conhecimento do seu personagem com asas. Consta que na época da Segunda Guerra
Mundial, Iwerten viajou para os EEUU, onde conheceu importantes estúdios de
produção de histórias
em quadrinhos. Dentre os tais, o
do Bob Kane, criador do Batman.
A revista do Capitão Gralha, foi publicada no início da década de 40 pela
Gráfica Eclipse, e teve três edições. Um quarto número supostamente teria sido
produzido, mas não há registros de seu lançamento. Iwerten faleceu em 1943.
Em 1997, uma edição especial da revista Metal Pesado foi lançada em comemoração
aos 15 anos da Gibiteca de Curitiba. Nessa ocasião, em homenagem a Francisco
Iwerten, a equipe criativa da revista criou o personagem O Gralha, descendente
do Capitão Gralha original.
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