PEÇA DE ARQUITETURA AOS MAÇONS ESPÍRITAS
À amizade de Nelson Raul de Campos Fragoso :.
Por todos os títulos a que tem direito, venerável e sublime é a Arte Real. E divina é a Doutrina Espírita codificada por Allan Kardec , o Consolador prometido por Jesus, que possui a missão de restaurar a glória do verdadeiro Cristianismo.
Decerto o espírita, enquanto candidato encerrado a sós na Câmara das Reflexões tendo por testemunha apenas a própria consciência e Deus, frente aos emblemas da Vigilância, do Tempo e da Morte sentiu como nunca a fugacidade e fragilidade da vida no plano físico e refletiu na imensa tolice de nossas vaidades e egolatrias. E lembrou-se destas palavras do Cristo :
" Nesta noite virão pedir tua alma e as coisas que tu ajuntaste para quem serão ? "
Já iniciado recebeu como Aprendiz o maço e o cinzel e meditou na necessidade inadiável do próprio burilamento e veio à lembrança estas palavras do Cristo :
"Sede vós logo perfeitos, como também vosso Pai celestial é perfeito."
Aperfeiçoou em si a Pedra Bruta, aparando arestas e teve aumento e paga de salário, tornou-se Companheiro. Recebeu novos instrumentos sabendo o quanto ainda precisava esquadrinhar o próprio espírito e lembrou destas palavras do Cristo :
"...vai, e não peques mais."
Foi-lhe dito também do dever moral em contribuir na construção do edifício social para o Bem coletivo, confirmando o preceito espírita de que
"Fora da Caridade não há Salvação" e lembrou-se destas palavras do Cristo:"Não pôr a candeia debaixo do alqueire."
Cada vez menos incertos são os passos, mas antes de se tornar Mestre refletiu sobre os passos dados e lembrou destas palavras do Cristo :
"Caminha enquanto tens luz."
E recebeu o grau de Mestre. Quantos passos até aqui, dos titubeantes como candidato às cegas até os da perfeita esquadria. E quantos instrumentos. Quanto vislumbre dos olhos no Templo adornado das mais nobres alegorias e simbologias , eloquentes mensagens do Supremo Arquiteto. Quanta veneração à ritualística , se soube senti-la e vivê-la também na consciência, lembrando destas palavras do Cristo:
" Deus deve ser adorado em espírito e verdade."
Na vida profana, vai a uma sessão espírita e adentra despojado Centro. Quem sabe evoque os mais puros sentimentos dos mais caros afetos, já desencarnados. Lá, em silêncio, ora e medita nos elevados conceitos de sublimados Espíritos. Palavras dos Obreiros da Vida Eterna. Emocionado percebe que eles confirmam a validade de sua luta e experiências "entre colunas" :
A Fé = a alavanca.
O amor da pura Fraternidade = a cadeia dentada.
A Vontade = o maço.
O Discernimento = o cinzel.
A Retidão = o esquadro.
A moralidade das Intenções = a régua.
A medida e prudência nos Atos = o compasso.
A imparcialidade da Justiça Divina = o nível.
A ligação entre as dimensões da existência = o prumo.
E muito mais... e percebe que ao empunhar os instrumentos em Loja está empenhando em suas mãos não somente as dignidades maçônicas, mas também o nome de Jesus e sua Excelsa Doutrina.
Já na via pública, sentindo ainda as vibrações da Espiritualidade Superior eleva os olhos e a alma ao zimbório estrelado, como o fez muitas vezes em Loja para sentir as mesmas vibrações.
Ele sabe : A maçonaria no que tem de mais santificante, em essência, vem do Alto. Ela se materializa em nosso plano através de inspirados obreiros encarnados. E tem na mente, de forma indelével, estas palavras do Cristo :
"A cada um segundo suas obras."
Quando desencarnar, deixando no sepulcro todos os títulos terrenos, paramentos, liturgias, ritos e instrumentos, faço votos que receba dos profanos que te conquistaram o coração e que te precederam na grande jornada ,as mais ternas demonstrações de amor, e de seus IIr.: no Oriente Eterno uma perene bateria, só de alegrias. E do Altíssimo: Sabedoria, Força e Beleza para a Grande Obra. Que seu espírito se apresente com a pureza das luvas brancas.
Que seu balandrau seja o mais sublime de todos :
A túnica da Paz no banquete da Luz.
(
esta última frase é de Emmanuel )Esta "Peça de Arquitetura aos Maçons Espíritas" é
parte integrante da obra inédita :
O GALO NO ALTO DO CAMPANÁRIO
Reflexões sobre a Invigilância.
B.N. 340.519
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