Como
é que um novo animal de um jardim-zoológico pode causar uma
espécie de cultura e mania? Depois da chegada de um casal de
ocapis no Jardim Zoológico De Lisboa, a euforia instalou-se.
O povo português não é o exemplo perfeito de cultura animal
e muitos pais levam os seus filhos ao zôo, pelo simples fato
de mostrar básicos animais: elefantes, girafas, leões,
tigres, ursos e zebras, deixando os outros de parte. Mas com a
chegada dos ocapis, isso foi diferente. O Zôo de Lisboa
orgulhou-se tanto do animal que fez publicidade em tudo o que
era lado, falando de um animal bizarro descoberto no início
do século XX e muito raro. Não é a primeira vez que o Zôo
de Lisboa possui ocapis, em 1955, a Companhia de Diamantes de
Angola ofereceu um macho, mas acabou por morrer poucos anos
depois, de idade avançada. Mas os tempos mudaram e a espécie
tornou-se mais rara e assim provocando uma grande curiosidade.
È com muito orgulho que numa visita ao zôo, ver um grupo
escolar de crianças avançar alvoraçadamente para a instalação
dos ocapis e gritar “Olha, um ocapi; se não é uma girafa,
um veado ou uma zebra, então afinal o que é?”. Os
monitores com certeza não conseguem responder ás curiosas
crianças e assim fora obrigados a ler os placares de informação
sobre o bicho, que não eram poucos. E no final de tudo,
muitas crianças ficavam ainda mais fascinadas e faziam ainda
mais perguntas “O que comem? Porquê tem pernas iguais a da
zebra? Porquê estão em vias de extinção?”. È bonito de
se ver tanto interesse pela parte dos jovens e pelos
portugueses. Apesar do animal ter sido descoberto no início
do séc. XX, foi em 2005, cerca de cem anos depois que
Portugal descobriu o ocapi. Mas para poder exemplificar a
cultura animalesca dos portugueses, foi contar um pequeno
episodio, que é verídico. Numa visita ao zôo vi uma família
perfeita, ou seja, um pai, uma mãe, uma menina pequenina e
uma avó, estavam dirigidos para uma instalação, e então a
pequena menina perguntou “Que animal é este?” O pai com o
seu ar de sabichão sugeriu “È um hipopótamo, querida”,
mas de seguida a avó contradiz “Não vê que é um
elefante, é grande e tem uma pele dura, só pode ser um
elefante”. Os dois entraram em desacordo e começaram a
discutir que animal era aquele. Mas o que eles não sabiam é
que a frente deles havia uma placa que dizia “rinoceronte-indiano”. Isto é para pensar.
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