O primeiro aventureiro Amodio, nas Serras Gaúchas em 1878!
Certamente um dos primeiros ou por que não o primeiro Amodio no
Brasil.
Emilio Silvio Amodio pai de meu pai: Vou tentar descrevê-lo, apesar
de nunca tê-lo conhecido pessoalmente, não a sua aparência externa, mas o
seu ser interior.
Nasceu em
Caserta local bem próximo a Nápoles, em 11 de setembro de 1859, e chegou
ao Brasil com 18 anos em 14 de março de 1878 a bordo do (Paquebot) vapor
misto VILLÉ DE BAHIA de propriedade da Compagnie des Chargeurs Reunis, que
partiu do porto de Havre, França, em 17 de fevereiro de 1878.
Veio junto com a
família de Anselmo Viapiana, agricultor; casado com Cristina
Rubini, também vieram os filhos:
- Eugenio
- Cesare
- Cleonice
- Antonio Gotardo
- Metilde
- Carolina Viapiana minha avó
- Adalina
- Linda, e
- Rizzieri Viapiana que já nasceu no império do Brasil.
Ainda não sei se tiveram mais filhos.
Os Viapiana eram originários de Bozzolo ou Gazoldo degli Ippoliti,
ainda não sei ao certo, nas proximidades de Mantova, Região da Lombardia,
Reino da Itália.
Perguntas que provavelmente nunca saberemos as respostas:
- O que leva um rapaz que tinha uma certa escolaridade, um bom pai, uma
ótima mãe, como ele mesmo relatava aos filhos a sair de sua casa, lá bem
no sul da Itália e ir parar na Lombardia, norte da Itália? Aventura,
curiosidade, trabalho? Nunca mais retornando para rever os pais. Tais
fatos muito marcaram os seus descendentes, pois o seu filho primogênito
abandonou as esposas e filhos e desapareceu, não deixando nenhum rastro,
nunca mais foi localizado; todas as buscas foram infrutíferas para a sua
localização. E se não bastasse também mais dois filhos abandonaram os seus
lares e saíram pelo mundo sem eira e nem beira, como os andarilhos de
beira de estrada. Mas de tempos em tempos voltavam para a nossa cidade, lá
passando uns dias e novamente desaparecendo. Eram pessoas alegres, bem
articuladas, e com profissão definida.
Minha avó nasceu
em 01 de março de 1872 chegou ao Brasil com seis anos de idade
completos.
Aqui já aparece um
dos enigmas de meu avô...
- Consta em algumas listas de Genealogia na net que vieram da Europa já
casados.
- Outro enigma: a tradição oral que recebi era que ele tinha sido soldado
e combatido na Abissínia na África, ex-colônia Italiana, hoje a Etiópia.
Inclusive tinha um ferimento de guerra no calcanhar que o afligiu por
longos anos.
- A tradição oral também relata que ele tinha um irmão, eram sós os dois,
esse irmão também combateu na Abissínia e posteriormente veio para o
Brasil, só que daqui foi para a Argentina, até agora (2007) não consegui
informação alguma sobre o seu desembarque. - A tradição oral também narra
que Emilio Silvio era professor função que exerceu em escolas de diversas
colônias do Rio Grande e era exímio lutador de esgrima.
Após atracarem no Rio de Janeiro zarparam em outro vapor para o Rio Grande
do Sul, provavelmente passaram pelo porto de Rio Grande finalmente
chegando a Porto Alegre onde foram instalados nos célebres Barracões, daí
partiram para as Colônias nas terras altas gaúchas.
Em 13 de abril de 1878 chegaram à sede da recém rebatizada Colônia Caxias
os integrantes da família VIAPIANA e o filho agregado Emilio
Silvio Amodio; Coube a Anselmo na Décima (X) légua o lote nº 57,
conforme título provisório emitido em 03 de julho de 1882. Sendo que em
1893 o referido lote foi quitado.
Também Cesare e Antonio adquiriram os seus lotes, ambos na Décima (X)
légua, adquiridos posteriormente quando da maioridade de ambos. Vieram
através do Contrato nº 114 firmados entre o Governo Imperial do Brasil &
Joaquim Caetano Pintos Junior,
(Lei nº 3.784 de 06 de junho de 1874).
Ainda não consegui reunir todas as informações sobre por onde andaram
Emilio e Carolina de 1894 a 1904, sei que se casaram na Colônia Caxias,
pois lá se encontra o devido registro em cartório, no ano de 1894; Com
certeza em janeiro de 1905 moravam em Garibaldi que até 1900 tinha o nome
de: colônia Conde d’Eu, uma das primeiras colônias italianas. Pois tenho
guardado uma carta escrita por ambos endereçada a um compadre cujo
sobrenome é SBARDELOTTO, também consta o sobrenome PICCIN.
Em 1896 nasceu o
filho primogênito batizado com o nome de Amadeo Giacomo Domenico Amodio na
colônia Dona Isabel, hoje Bento Gonçalves.
Em 1896 minha avó
Carolina estava com 24 anos e meu avô com 37 anos incompletos, na tradição
oral também consta que Emilio Silvio desde que aqui desembarcou sempre
desempenhou a profissão de professor nas colônias italianas. De 1896 a
1905 são decorridos nove anos, certamente devem ter nascidos mais filhos
neste lapso de tempo, como:
- Roberto Amodio
- Emilio Amodio nascido no ano de 1900
- Carolina, possivelmente a denominada Itália Libera Maria nascida em 28
de dezembro*de 1904, em Garibaldi – RS.
Também relatada na carta acima já citada, escrita por meu avô em 1905;
Mario Amodio; Romário Amodio; etc. porem ainda não sei as datas de seus
nascimentos. E de 1905 até 1914 também ainda é mistério o que fizeram e
por onde andaram, certeza é em 14 de julho de 1914 o nascimento dos filhos
gêmeos:
- Carlos Amodio, (meu pai) e
- Marguerita, que são os caçulas da família e isso aconteceu já em
Curitiba, PR sendo que a tradição oral descreve essa mudança das colônias
para Curitiba devido a problema de cataratas nos olhos de Emilio e que
essa mudança foi determinada pela maior proximidade com Campinas, São
Paulo, onde se localiza o Instituto Penido Burnier onde constantemente
Emilio ia realizar exames e cirurgias dos olhos, sendo que infelizmente
mesmo assim perdeu a visão irreversivelmente.
Emilio faleceu
em 27 de outubro de 1929 aos 70 anos de idade e Carolina em 20 de abril de
1933 aos 61 anos de idade.
Ambos estão sepultados no Cemitério do bairro Água Verde em Curitiba,
conforme Registro de óbitos do cemitério Água Verde nºs. 3390 e 6568
respectivamente.
"Eles se foram, como todos."
Mas deixaram um sulco de luz na sociedade em que viveram.
Souberam ser, na verdade, grandes vidas. Deram de si.
Construíram um destino. Influíram. Emergiram da multidão.
Amaram seu meio social e o realçaram, como seus homens representativos.
Eles se foram, como todos.
Mas permanecem.
(Bento Munhoz da Rocha Neto)
Torno público estes relatos orais, por não possuir herdeiros a quem
repassá-los.
João Carlos Amodio
Nascido coincidentemente no dia 28 de dezembro*de 1942.
Pesquisando os sobrenomes italianos:
AMODIO, VIAPIANA, BARTOLOMEI e FILIPPI.
E-mail: jcamod42@yahoo.com.br |