Comecei a
escrever sobre os meus antepassados embalado pela magia e pela curiosidade
das estórias que meus avós contavam durante a infância.
Daquela época para a atual, do encanto para a realidade foi um instante e
sinto-me feliz em ter recebido esta missão das mãos deles: recontar a
nossa trajetória passados 132 anos da chegada oficial dos primeiros
imigrantes italianos a serra gaúcha.
E é o que faço neste momento.
A família Bodanese emigrou para o Brasil em 1878, oriunda de
Codognè província de Treviso.
Nosso sobrenome original era Modanese e foi modificado quando da
chegada ao Brasil dos tataravós Valentino Antonio Modanese e
Catterina Soldera. Deste modo, podemos afirmar que todos os
Bodanese brasileiros descendem deste tronco.
A epopéia ítalo-brasileira de nossa família começa com Valentino
Antonio Modanese, meu tataravô, nascido aos 23/05/1848 em Codognè /
TV, filho de Francesco Bodanese e Catterina Cigana.
Valentino Antonio casou-se aos 28/02/1870 com Catterina Soldera
(*26/03/1851), filha de Vincenzo Soldera e Domenica Vazzoler
e nascida no mesmo comune.
Exatos nove meses depois, aos 26/11/1870, a nonna Catterina deu a
luz a um menino chamado Francesco Modanese; em homenagem ao avô
paterno.
Francesco é meu trisavô e emigrou para o Brasil junto dos pais, do
irmão mais novo Pietro (*20/03/1873) e da avó paterna Catterina
Cigana Modanese.
Durante a viagem “di macchina a vapore”, como diz a música, já em águas
brasileiras quando rumavam do RJ para o RS a família foi
acometida por um infortúnio: Valentino Antonio faleceu aos 30 anos
de causa desconhecida e o seu corpo foi lançado ao mar.
Assim, aportaram em Porto Alegre durante o mês de junho de 1878
as duas viúvas Catterina (nora e sogra) e os meninos
Francesco com 7 anos e Pietro com 5 anos. Segundo relato do
tio-bisavô Victorio Bodanese, ainda vivo, a chegada de Francesco a
Porto Alegre foi tumultuada e muito triste. Segundo o próprio Francesco
teria contado anos mais tarde, ele desceu correndo do navio, chorando e
gritando que queria retornar para sua casa na Itália, que queria seu pai
de volta.
De Porto Alegre a família seguiu para a colônia Donna Isabella,
hoje Bento Gonçalves, vindo a se estabelecer na Linha Jansen, nº
110.
Em 15/09/1879 a tataravó Catterina Soldera Modanese contraiu
segundo matrimonio com Angelo de Carli, também viúvo e amigo da
família desde Codognè. Desta união nasceram cinco filhos: Luigia
(casada com Luigi Piazzeta), Antonia (casada com Rodolfo
Agazzi), Augusto (casado com Febronia Vacchi), Elisa
(casada com Sante Bordignon) e Vittorio Isidoro
(falecido ainda criança).
Os anos passaram rápido e os meninos Francesco e Pietro se transformaram
em homens. Francesco casou em Bento Gonçalves aos 25/05/1892 com
Carolina Biesuz, filha de Luigi e Elisabetta Biesuz,
oriundos de Cesiomaggiore / BL. Pietro, por volta de
1893-1895 casou com Teresa Reolon, filha de Giovanni e Giovanna
Reolon.
Teresa
Reolon e Pietro Bodanese por volta de 1895 ( acervo da família Rui
Bodanese)
Ao raiar do século XX, ambos decidiram procurar por novas terras no
nascente município de Guaporé.
Francesco se estabeleceu na Linha XII, conhecida também por
Linha XV de Novembro (e que atualmente pertence a Serafina
Corrêa / RS), nas colônias 39 e 41. Pietro foi para a Linha
Colomba, colônia número 59; interior de Guaporé / RS. Nesta
região formaram suas respectivas “grandes” famílias.
Francesco e Carolina Biesuz Bodanese tiveram treze filhos:
1) Antonio, casado com Luigia Franciosi;
2) Guerino, casado com Maria Vivian;
3) Germano, casado com Laurinda Nardi;
4) Angelina, casada com José Franciosi em 1ªs núpcias,
depois com Victorio Zarpelon e por último com Alcides Martinelli;
5) Luiz (meu bisavô), nascido em 21/06/1903 e casado aos
27/11/1926 em Muçum / RS com Maria Adélia Patussi
(*27/09/1902), filha de Paschoal Patussi e Ernesta Broll.
Filhos: Iracema Maria (minha avó), Eloy Pasqual,
Lourdes Ernesta, Adélia (falecida ainda criança), Mercedes
e Luiz Francisco;
6) Maria, casada com Luiz Pizzinatto;
7) Victorio (falecido afogado no Rio Taquari, em Muçum, 1920);
8) José, casado com a viúva Laurinda Nardi;
9) Adele, casada com Julio Assoni;
10) Ernesto, casado com Lucia Slussarek;
11) Augusto, casado com Teresa Cella;
12) Genoino, casado com Emma Micchelon e
13) Victorio, que teve o nome dado em homenagem ao irmão que
falecera afogado ainda criança. Casou com Maria Ermelinda Todeschini. Dos
treze irmãos é o único sobrevivente.
Pietro e Teresa Reolon Bodanese, tiveram doze filhos:
Clorinda, Etelvino, Guilherme, Firmino,
Rodolfo, Siciliano, Amadeus, Enrico, Angelin,
Constante, Romano e Rosina (a única filha ainda viva).
Família
de Pietro Bodanese e Teresa Reolon por volta de 1923.
Linha Colomba ~ Guaporé / RS
Da esquerda, atrás: Enrico, Siciliano, Firmino, Rodolfo, Amadeus,
Guilherme e Clorinda.
Da esquerda, frente: Constante, Angelin, Etelvino, Pietro, Romano, Teresa
e Rosina
Foto:acervo da família Rosina Bodanese Cantelle
O trisavô Francesco era comerciante, proprietário de uma casa de
“Seccos e Molhados” na Linha XII. Vendia cereais, tecidos,
remédios, panelas, pregos e armarinhos em geral.
Na década de 1910, foi condecorado pelo exército, recebendo a honraria de
capitão da Guarda Nacional.Junto de outros serafinenses, em 1927 era um dos sócios do Frigorífico
Ítalo-Brasileiro.
Foi um dos integrantes da primeira banda musical de Linha Jansen, Bento
Gonçalves, sendo que mandou vir da Itália a sua gaita. Era um homem
pacato, de muito respeito na comunidade. Tinha um senso de humor incrível.
Atrás de sua propriedade, na Linha XII, mantinha uma raia para apostar
corridas a cavalo com os amigos, porém ele ia a pé. Em frente a casa dele
existia um capitel em homenagem a Santo Antonio.
Carolina
Biesuz e o marido Francesco Bodanese - Serafina Corrêa - 1932.
Foto: acervo da Família Victorio Bodanese
Segundo
depoimento de minha avó Iracema Bodanese Paludo, a família de
Francesco possuía telefone e vitrola em casa ainda na década de 1920, bem
como um Ford 1929 que Francesco comprou e mandou vir novo de São Paulo.
No fim da década de 1920 Francesco experimentou uma séria crise
financeira com a falência do Banco Pelotense, onde mantinha suas
reservas.
Debilitado pelo diabetes, faleceu na Linha XII (Serafina Corrêa / RS)
aos 20/09/1933, deixando a viúva e 11 filhos, visto que Victorio
Primeiro e Germano já eram falecidos nesta época.
O irmão dele, Pietro faleceu aos 09/01/1944 em Barão de Cotegipe
/ RS, viúvo de Teresa Reolon (+27/05/1927).
Família
de Luiz Bodanese e Maria Adélia Patussi, 1949 ~ Chapecó / SC.
Da esquerda, atrás: Lourdes, Eloy Pasqual e Iracema.
Da esquerda, frente: Luiz Francisco, Maria Adélia, Luiz e Mercedes.
Foto: acervo da família Iracema Bodanese Paludo
IIracema Bodanese Paludo e seus alunos em Fazenda Zandavalli, 1949 ~
Chapecó / SC.
Foto: acervo da família Iracema Bodanese Paludo
LLuiz Bodanese e Maria Adélia Patussi com os netos, 25/12/1959 ~ Xanxerê /
SC.
Foto: acervo da família Iracema Bodanese Paludo
A nonna Carolina Biesuz Bodanese faleceu aos 19/08/1956 em Nova
Bassano / RS, onde empresta seu nome a uma rua e a uma escola.
Os descendentes desta numerosa família estão espalhados por todas as
regiões do Brasil e em fevereiro de 2008 realizarão o primeiro grande
encontro da família, em Nova Prata / RS.
Expresso publicamente meu agradecimento a avó materna Iracema Bodanese
Paludo e ao tio-bisavô Victorio Bodanese, fontes inesgotáveis de
informação; bem como a todos os parentes que têm enviado dados, fotos e
documentos. Agradeço igualmente a Eliane Lúcia Bodanese e Maria Amália
Tonin, primas que obtiveram as certidões italianas de nossos antepassados.
Cordiais saudações.
Rodrigo Paludo Sandrin.
“Dobbiamo
ricordare i nostri antenati, è per loro Che oggì siamo qui”.
Para maiores informações sobre nossa genealogia, acréscimo
de dados e fotografias para o livro a ser publicado contando a história de
nossa família, por favor entre em contato comigo pelo email:
dr_sandrin@yahoo.com.br.
Pesquisando os sobrenomes: Sandrin, Paludo, Cobalchini, Bodanese (Modanese),
Romagna, Sottili, Coser, Patussi (Patuzzi), Turrini, Bissoli, Busato,
Canal, de Martin, Gobbo, Parise, Biesuz, Postingher (Postinghel), Fait
Veneri, Bonomo, Pasini, Fedrizzi, Cester, Ruzzene, Broll, Storti, Spagnol,
Meneguzzi, Soldera, De Carli, Caserotto, Forti, Bottura (emigrados para o
Brasil a partir de 1875, estabelecidos na serra gaúcha).
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