Em: 03-FEV-1999
Eliseu nega envolvimento da França
Primeiro-ministro guineense denunciara disparos de um navio francês contra posições da Junta
Álvaro Morna, Correspondente em Paris
O Eliseu desmentiu ontem qualquer envolvimento militar francês, directo ou indirecto, no actual conflito guineense, tal como havia denunciado, ao princípio da manhã, o primeiro-ministro de Bissau, Francisco Fadul. A Presidência da República Francesa reconhece a presença de um navio ao largo das costas guineenses, mas unicamente com a missão de retirar, em caso de necessidade, as tropas senegalesas que se encontram na Guiné-Bissau. O Eliseu acrescentou ainda que a França se limita a fornecer apoio logístico às tropas da Ecomog que deverão ser enviadas para a Guiné-Bissau no quadro do acordo de Abuja.
Francisco Fadul, em declarações à Radio France internationale (RFI), acusara a França de enviar militares para o interior do território guineense, com a missão de apoiarem as tropas fiéis a João Bernardo Vieira. Fadul referiu igualmente a presença de um barco de guerra francês ao largo de Bissau e que teria bombardeado posições da Junta Militar.
"Houve bombas disparadas por um barco francês contra as posições da junta", declarou Fadul. "Não se trata na realidade de uma novidade. Em todas as fases desta guerra, houve sempre um barco francês que disparou contra os militares da junta. Os disparos desse barco não se confundem com outros disparos e distinguem-se, porque são muito mais potentes e rigorosos quanto ao alvo a atingir."
Francisco Fadul acrescentou ainda que "os militares franceses estão a ajudar abertamente as tropas que se encontram ao lado do Presidente Nino Vieira" e lançou um apelo a Paris "para que retire as suas tropas deste conflito. Gostaríamos de guardar da França a imagem que sempre tivemos".
À rádio guineense, o primeiro-ministro guineense precisou que os bombardeamentos estariam a ser feitos a partir de um navio francês fundeado na zona de Suru, na foz do Geba e a ocidente de Bissau e acrescentou que alguns civis viram nas linhas de combate, entre as forças leais a Nino Vieira, militares de raça branca que identificaram como sendo franceses.
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