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Em: 08-FEV-1999

Dacar desmente envio de reforços

Anulada a ordem de expulsão do padre italiano Marcio Faccioli, que acusara a França de estar a ajudar militarmente Nino

O estado-maior do exército senegalês desmentiu ontem qualquer reforço das suas tropas na Guiné-Bissau e confirmou a intenção de as retirar "assim que as unidades da Ecomog estejam definitivamente instaladas".

De acordo com um comunicado do estado-maior, "o único movimento de tropas efectuado nos últimos tempos refere-se à substituição em Elinkine e Cap Skirring (Casamansa) das nossas unidades encarregadas da segurança das instalações e complexos hoteleiros na região".

De acordo com fontes em Dacar, 200 soldados senegaleses teriam sido enviados nos últimos dias para Bissau - para a guarda pessoal do Presidente Nino Vieira -, juntando-se assim aos 2300 militares do Senegal que o ajudam a fazer face à rebelião militar desencadeada em Junho passado.

Nos termos do acordo assinado em Abuja a 1 de Novembro último, as tropas do Senegal e da Guiné-Conacri devem retirar-se assim que a força da Ecomog - composta por 600 homens - estiver na Guiné-Bissau. Neste momento, um navio militar francês,Siroco, efectua viagens de vaivém entre Dacar e Bissau para transportar os militares que integrarão a Ecomog.

Os militares da Ecomog já chegados a Bissau estão a tomar posições nas zonas mais sensíveis da cidade, onde ontem voltou a não haver incidentes militares, iniciando-se assim aparentemente o regresso à normalidade. Também o abastecimento em produtos alimentares melhorou com a chegada de um cargueiro cabo-verdiano transportando três mil toneladas de víveres.

De qualquer forma, o primeiro-ministro guineense, Francisco Fadul, lamentou os atrasos que se estão a verificar em relação ao processo de paz e acrescentou que, se fosse a CPLP a conduzi-lo, certamente que "no final de Outubro já teríamos o Governo de unidade a trabalhar em pleno".

As autoridades guineenses, entretanto, anularam a ordem de expulsão do padre italiano Marcio Faccioli, que acusara a França de estar a intervir militarmente ao lado das tropas governamentais no recente reacender dos combates.

Faccioli, de 77 anos e a trabalhar na Guiné desde 1956, tinha acusado a marinha francesa de ter bombardeado posições dos militares rebeldes, envolvimento que foi sempre desmentido pela Presidência francesa. Isso levou as autoridades de Bissau a dar-lhe no sábado um prazo de 24 horas para abandonar o país.

No entanto, a diocese de Bissau, invocando a idade avançada do prelado e a sua longa permanência de 43 anos no país, apresentou desculpas pelas suas declarações e pediu que a ordem de expulsão fosse revogada, pedido a que Nino Vieira respondeu favoravelmente.

Jornal Diário de Notícias: E-mail: dnot@mail.telepac.pt

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