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Em: 24-FEV-1999

Governo guineense manietado

Dois ministros recém-empossados foram impedidos de entrar em instalações de algumas secretarias de Estado por soldados senegaleses, que alegaram desconhecer a realização da visita


EPA-Seyllou ENTENDIMENTO.
Nino Vieira e Ansumane Mané assistiram lado a lado à tomada de posse do novo Governo


O Governo de transição guineense está ainda impossibilitado de exercer plenamente as suas funções devido à presença de tropas senegalesas no país, reconheceu ontem o secretário de Estado português da Cooperação, Luís Amado, um dia depois de pelo menos dois ministros terem sido impedidos de visitar instalações dos seus ministérios pelos militares do Senegal.

Abubacar Dahba e Caetano Intchama, respectivamente ministros da Economia e Finanças e da Administração Interna, pretendiam visitar instalações de algumas secretarias de Estado, mas viram a entrada ser-lhes barrada por soldados senegaleses que alegaram desconhecer a realização da visita.

O Senegal começou já a retirar parte dos 2500 soldados que enviou para a Guiné-Bissau em apoio do Presidente João Bernardo Vieira, mas apenas retirará a totalidade dos seus homens quando aí estiver instalado um contigente de 1450 homens da Ecomog. Este deve já ter neste momento na Guiné-Bissau cerca de mil homens.

"É preciso que o Governo recentemente empossado tenha todas as condições para poder desenvolver a sua actividade internamente em Bissau", frisou ainda Luís Amado, acrescentando que Portugal está na disposição de contribuir, "logo que haja condições", para "os esforços de reabilitação da administração pública". Lisboa, acrescentou, está a preparar um programa-quadro de três anos para ajudar à reabilitação do país, o qual inclui o regresso voluntário de quadros guineenses.

Em Lisboa, entretanto, um dos dirigentes do partido opositor União para a Mudança (UM), Agnello Regalla, afirmou à Agência Lusa que Nino Vieira "não digeriu ter sido posto em causa por todos os quadrantes da sociedade" guineense e que a sua continuação no Poder "é um dos principais factores de instabilidade no país".

Regalla, também deputado e director da Rádio Bombolom (actual rádio da Junta Militar), chamou a atenção para os perigos da manutenção de tropas estrangeiras na Guiné-Bissau e manifestou ainda "dúvidas" em relação ao cumprimento do calendário para a retirada dessas tropas, a qual deverá estar terminada até ao dia 28.

Agnello Regalla destacou também que as condições de governabilidade do novo Governo de transição "não estão ainda garantidas" e citou como prova disso as dificuldades que os membros do Governo encontraram para circular na cidade de Bissau na segunda-feira.

Jornal Diário de Notícias: E-mail: dnot@mail.telepac.pt

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