![]() Em: 25-ABR-1999 Tensão regressa a Bissau Paulo Medina não aceitou a sua exoneração de presidente da câmara. Nino Vieira não quer a nova presidente, Francisca Vaz. Os ânimos dos militares exaltaram-se e a Ecomog teve de intervir ![]() Arquivo DN-Eduardo Tomé VIOLÊNCIA. O confronto esteve de novo à vista entre soldados da Junta e de Nino A tensão voltou por breves momentos na sexta-feira a Bissau, quando dezenas de militares armados se colocaram junto ao palácio presidencial, ao Ministério das Finanças e à Câmara Municipal, numa situação aparentemente relacionada com a substituição do presidente da câmara. Em Itália, onde se encontrava em visita oficial, o primeiro-ministro Francisco Fadul criticou os incidentes, classificando a Câmara de Bissau como "o maior foco de corrupção do país inteiro" e deixando claro que o Estado não deixará de "usar a autoridade necessária" para pôr termo a situações irregulares. Paulo Medina, secretário permanente do PAIGC e considerado próximo de Nino Vieira, foi demitido de presidente da Câmara de Bissau pelo Governo de Francisco Fadul, tendo entretanto sido empossada no cargo Francisca Vaz, militante do Movimento Bafatá. Só que Medina recusou-se a aceitar a exoneração, alegando ter sido nomeado por decreto presidencial, e, na sexta-feira de manhã, dirigiu-se ao edifício da câmara, acompanhado por uma dezena de civis, tendo arrombado as portas de alguns gabinetes e retirado documentos que aí se encontravam. Francisca Vaz dirigiu-se depois ao local, acompanhada pelo ministro da Administração Interna, Caetano Intchana, tendo abandonado ambos o edifício numa altura em que os ânimos já estavam exaltados. Cerca de uma hora depois, forças da Ecomog estacionadas em Bissau intervieram para resolver a situação, que já apontava para possíveis incidentes entre militares afectos a Nino Vieira e à Junta Militar. Em Roma, Francisco Fadul criticou a atitude de Paulo Medina ao não aceitar a sua exoneração. "É sintomático o que aconteceu, porque a Câmara de Bissau é o maior foco de corrupção do país inteiro, salientou Fadul, acrescentando que funcionários camarários acusam o autarca demitido de usar em proveito próprio as taxas cobradas nos mercados municipais e também para financiar "certas actividades de resistência" contra o seu Governo. "O Governo não é nenhuma criatura débil. Vamos usar a autoridade necessária, sem violênbcia, para afirmar o princípio da legalidade", declarou ainda Fadul, que hoje visita a Suécia. O ministro da Defesa, Francisco Benante, classificou de "extremamente graves" os incidentes, pois poderiam conduzir a um "novo tiroteio". Benante, indigitado para o Governo pela Junta Militar, considerou o comportamento de Medina "pouco salutar para o processo de paz". Benante referiu ainda que a situação se "encontra provisoriamente ultrapassada", tendo ficado decidido num encontro com Nino Vieira que "a Ecomog ficará a controlar a Câmara Municipal até segunda-feira" e que até lá se irá encontrar uma solução para o diferendo, uma vez que também Nino não aceita a nomeação de Francisca Vaz. Fadul fala com o Papa sobre causas da crise Francisco Fadul, durante a visita a Roma, foi recebido pelo Papa João Paulo II. No final da audiência, disse ter sido "inevitável" referir Nino Vieira e "as causas da crise que se abateu na Guiné Bissau e que, ao fim e ao cabo, foi uma crise de governação, do sistema e sobretudo de comportamentos individuais dos titulares dos órgãos de soberania". Jornal Diário de Notícias: E-mail: dnot@mail.telepac.pt Guiné-Bissau, o Conflito no «site» Geocities Guiné-Bissau, o Conflito no «site» Terràvista ![]() ![]() ![]() |