![]() Em: 08-MAI-1999 Nino Vieira cercado na Embaixada de Portugal Nino Vieira estava ontem impossibilitado de ver divulgado um pedido de asilo a Portugal ou a qualquer outro país, uma vez que a Junta Militar insistia em não garantir ao Presidente destituído uma saída em segurança das instalações da missão diplomática portuguesa em Bissau. As autoridades de Lisboa repetiram ao longo do dia desconhecer qualquer pedido de asilo de Nino, limitando-se a classificar como sendo "refúgio" o acolhimento dado pela missão portuguesa ao ex-dirigente guineense. O DN soube que o embaixador de Portugal em Bissau, António Dias, recebeu instruções para recolher Nino, num momento em que os militares da Junta visavam a sua captura para posterior julgamento ou mesmo a eliminação física do homem que governou a Guiné durante 19 anos, sob o signo do arbítrio e que ainda há poucas semanas desferiu um ataque a Portugal. Pelo desempenho da missão de resgate, o Governo de Lisboa não tardou em elogiar a coragem do embaixador António Dias mas Nino Vieira ficou praticamente cercado na missão diplomática portuguesa face à atitude dos militares da Junta, pelo que um pedido de asilo do Presidente destituído, mesmo que tivesse sido feito, era uma figura de retórica, com Jaime Gama a sugerir ao novo Poder guineense que faculte um tratamento de dignidade para os vencidos. Aparentemente, Portugal não desejará tomar conhecimento de um pedido de asilo enquanto a Junta não garantir a integridade física de Nino numa saída deste para o exterior do País. Por outro lado, as Necessidades pretendem também evitar a todo o custo qualquer fricção com o novo Poder guineense, pelo que o acolhimento dado a Nino decorreu de uma intenção estritamente humanitária e não obedeceu a qualquer propósito político. Observadores diplomáticos garantem que Gama apelou a Ansumane Mané para que dê um exemplo de clemência, ao mesmo tempo que se comenta que, além de Portugal, poucas hipóteses restam para Nino gerir o seu tempo pós-presidencial. No entanto, como Guterres deixou cair ontem um recado claro ao lembrar com veemência que eventuais asilados guineenses, designadamente Nino, terão de abster-se de "quaisquer actividades políticas", os mesmos observadores admitem que Nino teime em recusar um asilo nestes termos. Recorde-que que Nino possui, ao que se sabe, pelo menos duas moradias em Portugal e as hipóteses de um acolhimento pela França ficaram amplamente reduzidas nas últimas semanas, uma vez que Paris não quer fazer perigar o seu tradicional relacionamento com o Senegal. Jornal Diário de Notícias: E-mail: dnot@mail.telepac.pt Guiné-Bissau, o Conflito no «site» Geocities Guiné-Bissau, o Conflito no «site» Terràvista ![]() ![]() ![]() |