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Em: 08-MAI-1999

Ex-presidente "deve ser julgado no país"

Partida para o exílio provocará divisões na Junta Militar e entre esta e a Assembleia Nacional
Lumena Raposo


DN-Pedro Sousa Dias
PREVISÍVEL. Baltasar Fernandes não foi surpreendido pelo levantamento

"Nino Vieira deve ser julgado no país". A afirmação foi feita ontem, ao DN, por Baltasar Fernandes, director-geral da Comunicação Social da Guiné-Bissau. Na opinião deste responsável, não há também hipótese de um volte-face na situação, através de qualquer intervenção externa.

"Está fora de questão deixar sair simplesmente Nino Vieira da Guiné-Bissau. Ele sabe que está indiciado no processo do tráfico de armas para Casamansa; sabe que tem de responder por isso. Deixá-lo partir provocaria divisões não só na Junta Militar como entre esta e a Assembleia Nacional", responsável pelo relatório que incrimina o presidente guineense, disse Baltasar Fernandes, que advoga um diálogo sereno com o país a quem Nino pedir asilo para explicar a sensibilidade da situação.

O responsável guineense, que não escondeu a emoção pela vitória do levantamento militar que, na véspera, ocorrera no seu país, sublinhou: "Mas há que esperar pela reunião da Junta" onde será decidido o futuro de Nino; daí a "necessidade de que o primeiro-ministro chegue rapidamente ao país". [Francisco Fadul partiu, ontem, de França para Bissau, tendo passado a noite de ontem em Lisboa].

"Não fiquei surpreendido ao ter conhecimento do levantamento. Há muito que se vinha intensificando o braço-de-ferro entre Nino Vieira e a Junta Militar", sublinhou Baltasar Fernandes, que enumerou uma série de violações do presidente ao acordo de Abuja.

As "violações" de Nino Vieira - entre as quais se conta a nomeação do procurador-geral da República -, que continuava a agir como se fosse o único dono e senhor do país, tinham já começado a reflectir-se nas relações das duas alas da Junta Militar: a moderada e defensora do diálogo - liderada por Ansumane Mané - e a linha dura, onde pontua o comandante Veríssimo. Nino era, de novo, o factor principal da instabilidade que começava a regressar ao país; o seu derrube é, portanto, encarado por Baltasar Fernandes com "alívio".

Em sua opinião, e apesar de os deputados estarem a rever a Constituição, "é natural que a liderança do país seja assegurada pelo presidente da Assembleia Nacional, Malam Bacia Sanhá", até à realização de eleições gerais que "deverão ocorrer em Novembro próximo".

"Não creio que Ansumane Mané, que sempre rejeitou o Poder, aceite ser agora presidente interino", acrescentou Baltasar Fernandes, o homem que ajudou a fundar e dirigiu o jornal Nô Pintcha (Avante), de onde foi demitido por tentar ser imparcial.

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