Jornais

Diário de Notícias

Diário de Notícias

Em: 09-MAI-1999

Soares: deve respeitar-se ex-Presidente

Mário Soares defendeu ontem que o ainda oficialmente Chefe de Estado guineense é uma pessoa "humana" e um "chefe histórico da Guiné-Bissau", pelo que Portugal o deve "respeitar".

Questionado pela Lusa sobre o que falhou na Guiné, Soares respondeu ter sido a forma como Nino, refugiado desde sexta-feira na embaixada de Portugal em Bissau, exerceu o Poder e o Governo.

"Foi uma maneira que, de acordo com a quase generalidade dos guineenses, se tornou um pouco ditatorial. Mas Nino é uma pessoa humana, é um chefe histórico da Guiné e, nessa medida, temos de o respeitar, e é bom que o Governo português dê esse exemplo e faça essa pedagogia", acrescentando que, na Guiné, "nós fomos uma força que se manifestou sempre pela paz".

Em: 09-MAI-1999

Se Nino Vieira tivesse ouvido Francisco Fadul...

Infelizmente, diz o primeiro-ministro, Nino deixou-se aconselhar muito mal depois de Abuja e não cumpriu a palavra dada

O chefe do Governo de Unidade Nacional da Guiné-Bissau, Francisco Fadul, afirmou ontem que se Nino Vieira o tivesse escutado, o desfecho do conflito guineense poderia ter sido evitado.

"Este desfecho poderia ter sido evitado se ele me tivesse ouvido. Só que não acreditava em mim como pessoa capaz de o aconselhar de boa-fé", disse Francisco Fadul, em entrevista à Lusa durante a sua escala em Lisboa.

Questionado sobre se as coisas ficaram agora mais fáceis, "ou menos difíceis", com a saída de Nino Vieira da presidência guineense, Fadul disse que sim e contou como tudo se passou.

"A 7 de Dezembro (de 1998), lembro-me de ter ido falar com ele, no nosso primeiro encontro após a minha nomeação, e elogiei-o e felicitei-o pela sabedoria de ter assinado o acordo de Abuja". "Na altura", acrescentou Fadul, "pedi-lhe que fizesse o maior dos esforços deste mundo para se manter ao nível desse estado de espírito que o tinha levado a assinar os acordos, gerindo muito bem o juramento solene que tinha feito".

"Infelizmente", disse Francisco Fadul, "acho que se deixou aconselhar muito mal depois do acordo assinado em Abuja, desde pequenas resistências, pequenas provocações, criando condições políticas e morais para um desfecho deste tipo". "Nino Vieira tomou também decisões à revelia do Comando Supremo da Junta Militar. O estatuto orgânico do GUN define que, para a nomeação de titulares de órgãos centrais da administração do Estado, o PR possa continuar a fazê-lo, mas com o acordo prévio expresso do comandante da Junta Militar", acrescentou.

Sobre o futuro, Fadul manifestou-se optimista e prometeu "muito trabalho sério". "Espero que venha aí a democracia, para contrariar Bertrand Russel, que dizia que a todas as revoluções se seguia uma ditadura." "Estou preparado para isso, como primeiro-ministro e como membro do Comando Supremo da Junta Militar", acrescentou, sublinhando: "Vamos pugnar por uma democracia profunda, séria, real da sociedade."

Jornal Diário de Notícias: E-mail: dnot@mail.telepac.pt

ÍNDICE DO JORNAL

Contactos E-mail:

Geocities:  bissau99@oocities.com

Outros endereços referentes a este tema:

Guiné-Bissau, o Conflito no «site» Geocities

Guiné-Bissau, o Conflito no «site» Terràvista

     Get Internet Explorer