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Em: 14-MAI-1999

Grupo de Nino desviou ajuda humanitária chinesa

Três milhões de dólares doados por Pequim aplicados em negócios em Macau e Lisboa
Carlos Albino


DN FANTASMA. Para obter dinheiro chinês, MNE de Nino disse que estava em Bissau, onde havia um "MNE interino"

O dinheiro doado pela República Popular da China para ajuda de emergência a Bissau, foi desviado das finalidades. Parte dos três milhões de dólares afiançados por Pequim destinou-se à compra de 83 viaturas em Macau e que nunca chegaram a Bissau. O negócio teve a cobertura do MNE Delfim da Silva que em carta de Bissau, datada de 27 de Julho do ano passado e endereçada ao MNE chinês solicitou a Pequim o pagamento de 1 844 675 dólares pela referidas viaturas à Companhia de Automóveis Wells, num banco em Macau.

Por outro lado, segundo garantem fontes conhecedoras do processo guineense, o resto do dinheiro doado pela China, foi aplicado na compra de apartamentos de luxo na zona da Expo, apartamentos esses que terão sido registados em nome de familiares de Nino Vieira. Segundo as mesmas fontes, a mulher do ex-presidente asilado por Portugal também conseguiu um vultoso apoio financeiro de Taiwan para alegados fins humanitários.

Todavia, assim que Governo chinês divulgou a doação dos três milhões de contos (por ocasião do restabelecimento das relaçõers diplomáticas entre Pequim e Bissau) a administração de Taiwan cancelou a ordem de pagamento do cheque entregue à mulher de Nino.

A carta de Delfim da Silva, cujo fac-símile temos em nosso poder, surge como assinada na capital guineense no dia seguinte ao da assinatura do "memorando de entendimento" entre a Junta Militar e Bissau, mas ao que se sabe, o ex-MNE de Nino não estava nessa ocasião no seu país. No dia 16 de Julho, Delfim da Silva estava na Cidade da Praia de onde partiu para Dacar na companhia do ex-primeiro-ministro Carlos Correia.

No dia 26 de Julho, na assinatura do primeiro e precário acordo de tréguas entre a Junta e Nino, a Guiné-Bissau foi representada por João Cardoso, que ao longo do conflito sempre se apresentou como "ministro dos Negócios Estrangeiros interino", em substituição de Delfim que de resto esteve prolongadamente instalado ora em Lisboa ora em Paris.

Para além de tentar ludibriar as autoridades chinesas sobre a sua presença em Bissau, Delfim da Silva chegou a garantir ao Governo Pequim que, com a assinatura do acordo de tréguas, a rebelião militar tinha fracassado.

Jornal Diário de Notícias: E-mail: dnot@mail.telepac.pt

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