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Em: 16-MAI-1999

Militares renovam promessa

Os vencedores garantem que vão regressar aos quartéis e manter-se fora da política. Como sempre disseram desde o início da rebelião, em Junho

Luís Naves


HERÓI POPULAR. O comandante "Capacete de Ferro", posando para o DN

Os militares triunfantes prometem regressar aos quartéis e ficar fora da política na Guiné. No que se refere às forças armadas, o poder está agora nas mãos de um grupo de oficiais que rodeia estreitamente o general Ansumane Mané.

O novo chefe do Estado-Maior é o coronel Veríssimo Seabra, o número dois da Junta Militar. Emílio Costa e Lamine Sanhá são os dois outros oficiais que estiveram perto do líder nas cerimónias dos dias seguintes à vitória.

Sanhá, capitão-de-fragata, disse ao DN que o único desejo da Junta é regressar rapidamente aos quartéis, para que se possam realizar eleições que estabilizem definitivamente o país.

Ao comando supremo segue-se uma série de oficiais muito diversificados, de várias etnias, mas uma aparente unidade de propósitos. Iaiá Seidi, o responsável pela "formação" do exército, é o organizador da "recuperação" dos "aguentas" _ os jovens soldados que o presidente deposto, Nino Vieira, recrutou à pressa em Bissau. O tenente-coronel Seidi foi o oficial que comandou o ataque a Mansoa, na véspera do primeiro cessar-fogo, em Julho do ano passado. Um ferimento sofrido logo no primeiro dia da guerra deixou-lhe a mão bastante deformada.

Melcíades Gomes Fernandes (major da força aérea) e Zamora Induta (capitão da marinha) parecem manter as suas responsabilidades na área da propaganda. Melcíades foi o militar que salvou a vida do grupo de franceses que se refugiara no Centro Cultural de França e que esteve à beira de ser massacrado durante o assalto final a Bissau.

"Prestei um grande serviço a este país", disse-nos o major, ao contar o episódio. Fotografias tiradas por um popular no momento da rendição dos franceses mostram um grupo de soldados brancos, aterrorizados, braços erguidos, a desembaraçarem-se dos seus coletes e equipamento. Atrás, também muito assustados, estão civis.

Finalmente, uma referência aos dois heróis populares desta guerra, verdadeiras lendas da frente. O major Bubo, figura aqui conhecida de todos, liderou os derradeiros ataques a Bissau. Ele era o comandante do centro da batalha, em Brá, onde lançou, em Junho e Julho do ano passado, os terríveis contra-ataques que derrotaram os senegaleses.

Mas o operacional responsável pelo comando táctico das três frentes é, sem dúvida, um dos soldados mais espectaculares da Junta Militar: Mário Augusto, comandante "Capacete de Ferro". Treinado na academia militar soviética, este tenente-coronel celebrizou-se pelo seu capacete e o lenço que trazia sempre nas batalhas mais ferozes. O seu "postal" é publicado pela primeira vez, porque, nas primeiras semanas da guerra, a Junta não queria que fosse identificado este trunfo militar.

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