![]() Em: 17-MAI-1999 Portugal vai ouvir delegação da Junta O novo Poder em Bissau mandou representantes a Lisboa. O destino de Nino Vieira poderá constar de anexo à agenda oficial Luís Naves em Bissau Um Falcon da Força Aérea Portuguesa aterrou ontem em Bissau e levantou voo uma hora depois levando a bordo quatro dos dirigentes máximos da Junta Militar que tomou o poder na Guiné. A delegação da Junta era chefiada pelo tenente-coronel Veríssimo Seabra, actual chefe do Estado-Maior das Forças Armadas Guineenses. O grupo de militares foi acompanhado pelo chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas português, general Espírito Santo, e outros oficiais de alta patente. O Falcon aterrou às 11 da manhã (12 de Lisboa) e os militares portugueses esperaram ainda alguns minutos pela chegada dos quatro passageiros. Estes apareceram pouco depois, irreconhecíveis nos seus fatos europeus. Para além do tenente-coronel Veríssimo, a delegação da Junta inclui o tenente-coronel Ialá Seivi Kani, um próximo de Ansumane Mané, de etnia mandinga, e actual responsável pela área da formação militar; estes dois oficiais eram acompanhados pelo major Melcibíades Gomes Fernandes (sem o seu chapéu azul de pala levantada) e pelo comandante Zamora Induta, o porta-voz da Junta Militar. Segundo explicou ao DN o embaixador português em Bissau, António Dias, a delegação da Junta vai a Lisboa apresentar cumprimentos. Embora considere "importante" a questão do asilo do ex-presidente Nino Vieira, o embaixador garantiu que o tema não será discutido. Também os dirigentes guineenses confirmaram a ausência do tema da agenda da visita. "Não temos que negociar com Lisboa", explicou Induta, questionado sobre o assunto. "Os políticos vão encontrar a solução mais justa" para o problema de Nino. Mas a questão é incontrolável. A Junta já declarou que a decisão sobre o julgamento ou a saída de Nino compete aos políticos. Na semana passada decorreu aqui uma reunião importante em que o comandante supremo da Junta, o brigadeiro Ansumane Mané, ouviu os principais partidos, unânimes na tese do julgamento. A Junta está numa posição delicada, não podendo simplesmente deixar sair Nino Vieira, isto apesar de controlar completamente o país. A fórmula que os militares desejam passaria pelo aparecimento aqui em Bissau de uma figura portuguesa prestigiada que explicasse ao povo guineense a saída de Nino. Desta forma, todos os políticos e comandantes da Junta poderiam ficar ilibados perante os antigos combatentes e opinião pública. A solução, mesmo dentro da Junta, não parece pacífica. O capitão-de-fragata Lamine Sanhá, um dos membros do comando supremo ontem presentes na partida da delegação guineense, disse que na sua opinião Nino deve ser julgado. "Não concordo com injustiças, morreu muita gente, disse Sanhá, que sublinhou não se tratar de uma posição da Junta, mas sua. O mesmo comandante explicou que o encerramento das fronteiras foi uma decisão unilateral senegalesa e que não houve qualquer ordem dos militares no sentido de se impedir a entrada de pessoas e bens. Notícias com origem francesa davam conta do encerramento da fronteira ordenado pelo próprio Ansumane Mané. O isolamento da Guiné-Bissau em relação aos seus vizinhos impede a entrada de combustível e comida, com todas as consequências ao nível dos transportes e energia. Outro efeito é o da contracção da massa monetária, que está a impedir a normalização da economia guineense. O fecho das fronteiras beneficia os oficiais senegaleses que ganham com os subornos para deixarem passar, por exemplo, combustível. A Guiné-Bissau está com escassa ajuda humanitária e isolada em termos internacionais. Quaisquer sanções internacionais, no entanto, dificilmente farão efeito. Durante 11 meses, a Junta combateu contra um exército invasor sem apoio exterior. E o facto é que os homens que entraram no Falcon ganharam a guerra e o poder efectivo neste país. [O avião Falcon da Força Aérea Portuguesa aterrou no aeroporto militar de Figo Maduro, em Lisboa, ao final da tarde. A delegação guineense tem previstos encontros com os ministros da Defesa e dos Negócios Estrangeiros.] Jornal Diário de Notícias: E-mail: dnot@mail.telepac.pt Guiné-Bissau, o Conflito no «site» Geocities Guiné-Bissau, o Conflito no «site» Terràvista ![]() ![]() ![]() |