Em: 18-MAI-1999
França movimenta UE contra novo poder de Bissau Pressões de Paris foram inviabilizadas por Lisboa
Portugal inviabilizou, na semana passada, uma declaração da União Europeia condenando a destituição de Nino Vieira, disse ontem, em Bruxelas, uma fonte do Conselho.
Pressionada pela França, a presidência alemã preparava-se para divulgar uma declaração, em nome dos Quinze, condenando a destituição de Nino pela Junta Militar e qualificando o acto como "golpe de Estado".
Portugal discordou dos termos da declaração e impediu, há oito dias, a divulgação do documento, propondo um texto alternativo "mais ponderado", de acordo com a mesma fonte do conselho de ministros da UE. Fonte da presidência alemã disse entretanto que uma declaração sobre a Guiné-Bissau deverá ser divulgada apenas hoje, mas escusou-se a adiantar pormenores sobre o documento.
Em Bruxelas, falando com jornalistas, à margem do Conselho para os Assuntos Gerais, o ministro Jaime Gama escusou-se a comentar as divergências entre Portugal e França e minimizou a importância do atraso de uma posição da UE sobre a nova situação na Guiné-Bissau.
Jaime Gama considerou "desejável que a UE apoie a consolidação das instituições da Guiné-Bissau, bem como o desenvolvimento económico e social do país". O texto da declaração defendido por Portugal não inclui qualquer juízo sobre a destituição de Nino Vieira, contendo apenas apelos à normalização da situação política, ao cumprimento das normas democráticas e constituicionais e a que se respeito o presidente destituído.
O projecto de declaração apoiado por Portugal salienta ainda a importância das eleições presidenciais previstas para Novembro próximo.
Registe-se, entretanto, que em Bissau o Presidente guineense interino, Malam Bacai Sanhá, acompanhado pelo primeiro-ministro, Francisco Fadul, visitou ontem as missões diplomáticas atingidas nos últimos confrontos militares. "Apresentamos formalmente as nossas desculpas pelo que aconteceu", afirmou o Chefe de Estado interino que esteve no centro cultural franco-guineense (cujo auditório ficou apesar de tudo praticamente intacto).
Malam Bacai visitou ainda a residência do embaixador de Cuba, a Embaixada do Senegal e a residência da encarregada de negócios da Suécia. Para completar a visita às missões diplomáticas e representações afectadas pela guerra faltou, somente, uma ida de Bacai à delegação da União Europeia que, embora não tivesse sido palco de combates, foi saqueada e despojada de todo o seu recheio.
Jornal Diário de Notícias: E-mail: dnot@mail.telepac.pt
Guiné-Bissau, o Conflito no «site» Geocities
Guiné-Bissau, o Conflito no «site» Terràvista
